Foto: Luís Lopes de Mendonça e Filomena Suzana Lopes LUÍS LOPES DE MENDONÇA
UM DESBRAVADOR FERROVIÁRIO NO PROGRESSO DE ITAPECURU MIRIM/MA.
Luís Lopes de Mendonça
nasceu em 5 de agosto de 1890 no Estado da Paraíba, sertão paraibano. Filho de
família pouco abastarda, e devido à falta de terras e sem condições de produzir
os alimentos da agricultura de subsistência, Luís Lopes foi obrigado a sair de
casa muito jovem por longos períodos, em busca de trabalho braçal nas fazendas
de algodão, outras plantações e pecuária.
Cansado de trabalhar com
mão de obra barata em troca de alimentos ou salários irrisórios, Luís Lopes
migrou para o Maranhão, chegando a Itapecuru Mirim, por volta de 1906 para
trabalhar na construção da linha férrea A. E. F. São Luís-Teresina, no
trecho Kelru – Itapecuru chegando até Cachimbos, prolongado depois em 1920, até
a cidade de Caxias.
Luís Lopes Mendonça como
outros trabalhadores, tiveram participação ativa, com mão de obra braçal, na
construção da via férrea. Esse fato iniciou um novo ciclo na vida desse
paraibano de fibra, que não tinha medo de trabalho.
Ainda muito novo e de
estatura mediana enfrentou com coragem o trabalho pesado de erguer a via férrea,
abrindo caminhos e demonstrando liderança entre os companheiros. Essa qualidade
de líder lhe rendeu o antigo cargo de Feitor, uma espécie de gerente da
construção da via. Agora não mais como ‘cassaco’, mais como trabalhador efetivo
da Estrada de Ferro, sua função era comandar e não mais ser comandado.
Com muita seriedade, Luís
Lopes contribuiu para construção de toda a via que ligava Cachimbos (Cantanhede)
a Kelru (Itapecuru) e depois até Caxias. Luís Lopes Mendonça foi uma peça
fundamental nesta grande obra. Esse fato também influenciou a vida do senhor
Luís Lopes na organização social da comunidade Trizidela em Itapecuru Mirim.
Luís Lopes, aqui constituiu
família. Casou-se pela primeira vez aos 22 anos, em 1912. Ficou viúvo sem ter
filhos. Como não era dado a viver sozinho, algum tempo depois casou-se
novamente. Dessa união nasceu sua primeira filha Luísa, que teve dois filhos: Antônio
e Ribamar (netos de ‘seu Luís’, como era mais conhecido).
Enviuvou novamente. E tempos
depois, viu sua única filha morrer no parto do seu segundo filho (Ribamar).
Luís Lopes ficou com os dois netos e mais uma vez sozinho.
Em 1949 casou-se com
Filomena Susana Matos, da Família Matos de grande influência em Itapecuru Mirim.
Dessa união nasceram duas filhas: Benedita Suzana e Tereza Suzana.
Luís Lopes no casamento de sua filha Benedita.
Pela proximidade da sua
residência também com BR 222, os viajantes sempre se aportavam na residência do
casal para descansar e se alimentar.
Aos 65 anos (1955) Luís
Lopes se aposenta da Rede Ferroviária S. A. Rede ferroviária que liga a capital do
Maranhão, São Luís à Teresina, capital do Piauí.
Luís Lopes de Mendonça,
além de ser um funcionário da “Estrada de Ferro”, era lavador, horticultor, criador
de pequenos animais domésticos e também algum gado. Dono de um pequeno comércio
varejista e açougue, Luís Lopes alavancou o comércio local da Trizidela contribuindo
para o desenvolvimento da economia local, da mesma forma que contribuiu para a
conclusão da Estrada de Ferro São Luís-Teresina, no âmbito da cidade de
Itapecuru Mirim/MA.
Empreendedores, Luís
Lopes de Mendonça e Filomena Suzana Lopes, morando próximo da Estação Ferroviária
(no bairro Trizidela), colocaram um pequeno restaurante, o qual fornecia alimentos
aos funcionários da REFFSA que trabalhavam na Estação de Itapecuru Mirim, e
também aos funcionários dos trens de passageiros, trem pagador e de cargas (tudo
por pré-agendamento). Durante a parada do trem de passageiros na Estação, a
venda era de bolos, cafés e produtos afins.
Luís Lopes era incansável.
O grande mestre não parava. Cativou todos com sua generosidade. Nunca negava
ajuda a quem o pedisse. Sempre alimentava a quem não podia pagar, dava água a
quem tinha sede. E dormida a quem não tinha onde pernoitar. Enérgico sim,
porém, um senhor bondoso, de grande espírito solidário.
Luís Lopes de Mendonça faleceu
em 10 de julho de 1980, aos 90 anos, após uma longa luta contra um câncer de esôfago.
Deixou, a esposa, 2 filhas, 6 netos, 9 bisnetos e 1 tataraneto de cinco meses,
na época.
Última despedida, no Bairro Trizidela ao lado da Estação, em frente à sua residência. Filhas, netos, bisnetos, genros, e demais familiares.
Texto de Assenção Pessoa
Professora Especialista, com formação em Biologia, Escritora, Pesquisadora, Ativista cultural,
Membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA).