ENTENDENDO
A HISTÓRIA
Itapecuru
Mirim: sua gente, sua história (Pessoa, 2015)
“A região, inicialmente habitada por
indígenas, viu a chegada de portugueses e a construção dos primeiros engenhos,
como o Engenho do Itapecuru”.
A primeira referência histórica sobre Itapecuru Mirim, que se tem registro data de 1648, e refere-se à consulta do Conselho Ultramarino ao Rei D. João IV, acerca da mudança da sede do Governo de São Luís/MA, para Itapecuru Mirim (Buzar, 2013).
Em 25 de agosto de 1768, foi enviado ao Rei de Portugal, D. José, um pedido dos moradores da Ribeira do Itapecuru, para expedir um alvará de confirmação da vila, datado de 12 de setembro de 1767, no entanto ficaram por mais de 50 anos sem respostas.
Mas,
o núcleo de Itapecuru Mirim entre os anos de 1795 a 1808, cresceu e passou a se
chamar Arraial da Feira, localidade onde se juntavam boiadas para serem
negociadas nas fazendas, proporcionando dessa forma, o sustento dos lavradores,
bem como dos habitantes do povoado. O seu crescimento e enriquecimento à época,
deu-se pela atividade do comércio, da produção de arroz, algodão e criação de
gado.
Com o crescimento populacional, e por ter uma posição geográfica privilegiada, pois, o sítio urbano localizava-se bem próximo à margem do rio Itapecuru, Arraial da Feira, pela provisão régia de 25 de setembro de 1801, passa a ser chamada de Freguesia de Itapecuru, referindo-se ao rio, sob a invocação de Nossa Senhora das Dores, um distrito subordinado ao município de São Luís.
DETALHE: Freguesia era uma divisão territorial administrativa criada pelo regime português, obrigatória para a igreja católica (as santas missões) e o Estado, e dando sequência aos eventos de prosperidade eram criadas as Vilas, e posteriormente, Cidades (Santana, Blog 2017).
Seguindo seu curso e desenvolvimento, torna-se Vila de Itapecuru Mirim também por provisão régia de 20 de outubro de 1818, quando foi constituída a Casa de Cadeia e Câmara, desmembrada de São Luís, constituindo-se assim, um distrito sede, já com a nomeação de dois Tabeliães Públicos Judiciais e de Notas, entre outros cargos importantes para a Vila, conquistando sua autonomia política. Mais tarde foi criada a Comarca de Itapecuru Mirim pela Carta de Lei Nº 07/1835, hoje, Fórum Desembargador Raimundo Publio Bandeira de Melo, como instituição judiciária.
O nome Itapecuru Mirim foi para diferenciar de Itapecuru Grande (hoje, Rosário/MA).
Itapecuru Mirim tornou-se uma das mais prósperas vilas do Maranhão de 1818 a 1880, atrás somente da capital São Luís e de Caxias, tendo importante participação na história do Maranhão, como por exemplo, na adesão do Maranhão à independência do Brasil, na Guerra da Balaiada, dentre outros fatos marcantes do Maranhão e do Brasil.
A Vila de Itapecuru Mirim foi elevada à categoria de cidade em 21 de julho de 1870, pela Lei Provincial Nº 919, conferido pela Coroa Portuguesa como um título de reconhecimento pela importância administrativa e populacional.
Itapecuru Mirim, cidade de relevo bastante modesto, com uma riqueza única que tem o rio de mesmo nome, o rio Itapecuru, principal atrativo natural, possuidora de uma vasta riqueza cultural e religiosa. A cidade dos babaçuais. Somos todos frutos da miscigenação dos povos europeus, africanos, indígenas. Cada um de nós herdou um pouco dessa mistura que teve início há quase quatro séculos. Somos um povo mestiço, negro, indígenas, colonos portugueses, além dos sírios, libaneses, árabes, japoneses, gaúchos, paraibanos, cearenses, baianos e paraenses e tantos outros que aqui aportaram buscando oportunidades. Um povo tipicamente itapecuruense que canta e encanta, mas que também sofre, luta, estuda e trabalha.
Nosso
povo contempla os trabalhadores e trabalhadoras rurais, artesãs, pescadores,
extrativistas, empresários, formais, informais, trabalhadores da saúde, da
educação, do entretenimento, nossos alunos, universitários, enfim, cidadãos
sonhadores e realizadores. Porém, uma parte, há de se cuidar para não perdermos
a luta para as drogas e a violência.
Temos história, cultura, literatura, artes e itapecuensidade
no sangue e na alma. Nossa culinária é
densa, fecunda. Nossa fauna e flora rica, única. Somos meio amazônicos, meio
cerrado.
Nosso hino, fala por nós: “Terra de amor, Itapecuru”. Nossa bandeira traduz o nosso amor por nossas riquezas, onde a “estrela” contida no canto superior direito, representa a Constelação do Cruzeiro do Sul, mas também a cidade de Itapecuru Mirim nos céus do Maranhão/Brasil. Nosso Brasão resume nossa história, nossa riqueza, nosso povo.
Somos
lendas, crendices, superstições, cantigas, danças, festas. Somos folclore, a
cultura popular. O nosso jeito de pensar, agir e sentir nos define. Estamos nas
entranhas das religiões e na crença de um Deus único, soberano, indivisível.
Itapecuru
Mirim e seu povo tem essa mágica única de manifestar sua alegria, celebrar e
agradecer.
RESUMÃO – LINHA DO TEMPO DE ITAPECURU MIRIM/MA.
Habitação
Indígena – mais de 347 anos
Tempo
de existência (primeiros registros – 1948) – 347 anos
Núcleo
desanexado de Rosário – (1795) – 230 anos
Freguesia
– (1801) – 224 anos
Vila
– (1818) – irá completar em 2025, 207 anos – data mais importante para
Itapecuru Mirim, quando adquiriu sua Autonomia Política e Administrativa.
Apogeu
da Vila do Itapecuru Mirim – 1818 a 1880.
Cidade
(1870) – 155 anos.
Que o nosso povo continue guerreiro e aguerrido!
Texto
da Professora, escritora, pesquisadora e ativista cultural Assenção Pessoa.
16/07/2025.
LOUVAÇÃO A
ITAPECURU-MIRIM
Assenção Pessoa
Minha bela cidade!
De povo alegre, desperta humilde.
Ordeira e gigante, e a esperança de
vê-la brilhante.
Dos filhos da terra ao o imigrante/
Louvores além da ribeira distante.
Minha bela Itapecuru! Cidade e rio
Pérola fulgente de céu cor de anil
Saudade dos teus, ecoa nos recantos,
Desse nosso Brasil
Sussurram teu nome sutil
Itapecuru encanto juvenil.
Minha bela cidade!
Eu quero viver, a tua beleza, tua
poesia.
Quero respirar, teus cultos, tuas
lendas...
Cantos e fantasias.
Nas águas do teu rio, meu corpo
banhar,
E ver o molejo da morena faceira,
Ao lado da ribeira, desnuda a bailar.
Liberdade tigreira, mistério a saudar.
Minha bela cidade! / de lutas e
glórias
A terra do índio/ orgulho e vitória
Ó ninho do pássaro!
Xexéu da Ribeira/ és tu Itapecuru
De norte a sul/ Jardim do meu
Maranhão/
Que outrora vivera.