Meu pedacinho de chão às margens do Rio Itapecuru
Assenção Pessoa
Nesse mês de outubro celebramos a
fundação da Vila de Itapecuru Mirim. Compreender a formação de uma vila pelo
contorno geral do seu Estado é ressignificar um conceito português pelo olhar
de uma itapecuruense. Dia 20 de outubro de 2025, Itapecuru Mirim completou 207
anos de Vila. Mas o que seria uma vila na concepção portuguesa, senão um reflexo do sistema administrativo e territorial do
Império Português em Portugal e no Brasil, integrando metrópole e colônias? A categoria de vila não foi ato casual, mas um
processo fundamental para a organização e administração de Itapecuru Mirim,
concedendo-lhe autonomia local e direitos jurídicos.
A pacata Freguesia do Itapecuru Mirim, da Capitania da Ribeira,
referindo-se ao rio Itapecuru, no continente maranhense, agora era "Vila"! Vivas foram ecoados com estilo. Criou-se a casa de Câmara e Cadeia
pública, cargos de juízes, vereadores, tabeliões, votação no pelouro! Ergueu-se
o pelourinho. Pelourinho? Com qual objetivo? Uma vila sim, grandes passos! No
entanto, ainda escravizada. Será
que os castigos seriam somente para os criminosos e os ladrões?
À primeira impressão,
é que o termo “Vila” não tem importância. Mas para os itapecuruenses foi um
grande ponto de partida para uma futura e próspera cidade. Contava com a capela
Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (1820), tendo depois seu legado para a
imponente Igreja Matriz, Nossa Senhora das Dores, de padroeira do mesmo nome,
desde o período da Freguesia (1801).
Sob forte influência
de vários eventos, a Vila do Itapecuru vive a efervescência da história do
Maranhão e do Brasil. Se pararmos para pensar, Itapecuru Mirim Vila teve papel
importante na adesão do Maranhão à independência do Brasil, revelando-se
fundamental e estratégica para a batalha do Jenipapo (1823), guerra dos Três “B”, a “Setembrada”,
entre outros fatos, como a sede do Governo de São Luís; sede das forças armadas
contra e simpatizantes da independência. A Vila aderiu à Independência do
Brasil, uma semana antes da capital São Luís, em 20 de julho de 1823.
Outro fato importante foi a Guerra da Balaiada (1938-1941), diferentemente das
demais, essa luta era por justiça social, igualdade, equidade e, sobretudo,
direito à cidadania.
Hoje, nossa luta continua. Os balaios,
numa interpretação moderna, continuam numa revolta histórica, às vezes
silenciosa, mas com as mesmas raízes e desafios socioeconômicos e políticos
atuais, como por exemplo, o desemprego, a desigualdade e a exclusão social e
rural, o preconceito, mas com as características e as necessidades do século
XXI.
Essa é a nossa Itapecuru Mirim que, de Vila à cidade, em
1870, uma situação sóciogeográfico, uma existência de mais de 230 anos, com
outras vivências e fatos que constroem a cada dia uma nova história para seus
itapecuruenses.
Assenção Pessoa
Professora Licenciada em Ciências-Biologia com Especialização em Biologia (UEMA) e em Gestão, Supervisão e Planejamento (IESF), escritora, poeta e pesquisadora. Itapecuruense, é membro fundadora da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA), Cadeira de Nº 13, Patrono: Manfredo Viana; membro da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão (SCLMA); membro Correspondente da Academia Literária do Maranhão (ALMA); membro Correspondente da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes (AVLA).
Publicações literárias:
Recordações (poesia); Itapecuru Mirim, sua gente, sua história; Educação Sexual e Saúde Escolar; Alana, um ser de luz outros contos e poesias; Alfredo Menezes, o cara; LAGUSA Poemas, orgasmos em dose dupla; Infanto-juvenis: José e as Três Mosqueteiras, A Princesa Sarah e o Sapo, Mirela a princesa que vivia sonhando, Os Sonhos Dourados de Amália, Sapatilhas de Pontas; LAGUSA Poemas II, rosas e flores: o bálsamo das sensações); LAGUSA Poemas III, em família na terceira pessoa do plural. Participação em Antologias, revistas Literárias, publicações em jornais locais e participação em Festas e Feiras Literária. (https://aicla.org.br/academicos/)

