I CICLO LITERÁRIO DO CESITA –
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITAPECURU MIRIM - DE 08 A 11/06/2015
SOBRE AS OBRAS INFANTOJUVENIL - A princesa Sarah e o Sapo e José e as Três
Mosqueteiras DE AUTORIA DA Prof.ª ASSENÇÃO PESSOA - Uma análise sob o ponto de vista da autora. ( A CONVERSA na íntegra)
Com a Palavra: Professora Assenção
Pessoa
Os
poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando
fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão.
Eles
não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
E
olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o
alimento deles já estava em ti...
Mário
Quintana
O
poeta Mário Quintana, brincando com o exercício de fazer poesia, auxilia a
discussão de alguns pressupostos relevantes quanto à apropriação da leitura
literária: a ideia de que os poemas são territórios livres, representam espaços
que se tornam familiares para os leitores. São, pois, campos seguros,
acolhedores e, ao mesmo tempo, não constantes para quem os lê. Essa fugacidade que permite múltiplas
interpretações provoca, também, a inquietação necessária à leitura das
entrelinhas. (Eu penso o mesmo para os demais textos literários escritos para
crianças e adolescentes).
Ainda
sobre O letramento literário
Quem
ama os livros, deseja possuí-los. Quem os possui, acaba por amá-los.
Richard Bamberger
Compreender
o texto para além de sua significação imediata, quer dizer, estabelecer
relações, formar contextos e, por fim, permitir que a experiência de vida seja
trazida ao discurso. O alcance desse nível de leitura está mais próximo do que
chamamos de letramento, que significa justamente ir além do processo de
alfabetização. Assim, da mesma forma, que cada indivíduo pode ter em si o
processo de alfabetização e de letramento brilhantemente construídos por um
texto, também pode apresentar, em semelhante situação, a capacidade de
proporcionar a esse mesmo leitor a sensação de prazer (que causa contentamento,
que vem da cultura, que cria uma prática confortável de leitura) e/ou de
fruição (que causa confronto, crise, exige limite).
A
literatura infantil e juvenil é, por essência, a porta de entrada ao mundo da
leitura e da literatura, e por meio desse letramento literário, cuja
compreensão, considera-se seja a essência mais apurada para uma leitura
prazerosa. O acesso a esses livros, garante ao futuro leitor uma experiência
que conduz a um processo crítico de leitura em níveis elevados, lhes
oportunizando, uma integração com mundo elitizado da língua, aqueles que
dominam um dos mais complexos processos psicolinguísticos requeridos em nosso
cotidiano. Compreender como se dá este processo de iniciação à leitura e à
literatura, por meio da aproximação e exploração do universo literário infantil
e juvenil, é fator determinante para a formação de leitores adultos. É Ancorada
em estudos que consideram a leitura como um processo complexo, que envolve
muito mais do que a decodificação dos signos linguísticos, é que devemos
refletir, questionar e debater sobre o papel da escola e do professor, da
família e dos pais, neste processo de formação do leitor. O papel do
escritor é provocar e aguçar esses processos por meios de seus textos.
(É baseado neste princípio que
procurei ver as especificidades da ficção infanto-juvenil, enfocando
principalmente o plano da fantasia, que se abre a parti da inserção de objetos
da natureza e da magia do recriar. Procurei inserir nas entrelinhas, dentro das
minhas narrativas, questões ideológicas e com algumas representações de gênero.
Sob esse aspecto, tento construir uma escrita dinâmica dentro das diferentes
esferas da realização artística e literária).
Sob
o selo da Editora Nelpa, escrevi Recordações, que são poemas, na
maioria com versos livres. Sob o selo da Editora Gregory, estão A
princesa Sarah e o Sapo e José e as Três Mosqueteiras.
Todos registrados na Biblioteca Nacional e na Câmara Nacional do Livro, com
catalogação na fonte do Sindicato Nacional dos Editores de Livros.
São
obras de ficção, didáticas, e destinadas ao publico infantil. Circunscrevem-se
num mesmo espaço básico, a Natureza, e delimitam um núcleo de personagens (os
familiares). Há uma dinâmica para possibilitar o reconhecimento e aceitação por
esses leitores em formação. Nas capas dos dois livros, se mostra personagens
crianças, em traços que objetivam reproduzir um modelo real.
No
miolo do livro José e as Três Mosqueteiras, apresenta como espaço
onde ocorrem os episódios, um sítio no interior de uma pequena cidade, onde
seus habitantes ainda vivem rodeados de sossego e alegria, sem os avanços
tecnológicos e a vida agitada dos grandes centros.
Os papéis são definidos, embora o
espaço do sítio permita a concepção de um mundo menos delimitado, abrindo
fronteiras de atuação, sejam de gênero, ou de idade, ou, por uma nova
organização, em defesa dos animais. Abre um leque para uma reinterpretação da
estrutura familiar convencional, já que a família representada na narrativa, a
mãe não aparece, mas tem seu espaço ocupado pela avó.
O
texto simples, revela nas entrelinhas o papel da mulher organizacional neste
sítio, uma vez que cabe a avó, a tarefa de ordenar harmoniosamente a família, e
o vovô Leo de se ocupar das tarefas “ditas” masculinas, hierarquicamente
falando. As crianças enredam-se pelo que aprenderam sobre consciência ecológica
e faz desse momento de férias uma aventura pelas pequenas matas do sítio no
qual seu avô mantém uma estrutura sustentável (também subtendido nas
entrelinhas). O livro trata de forma sucinta, sobre a caça predatória dos
animais e animais mantidos em cativeiros. O professor pode abordar vários
temas ecológicos (ambientais) dentro desse enredo, questionar valores e
organização familiar.
Muito
parecido, o livro A Princesa Sarah e o Sapo, também tem uma
estrutura ligada à família e a Natureza. A história traz um enredo de amizade,
de amor pela belo e questões de valores e escolhas. Pedagogicamente podem ser
trabalhadas as questões ambientais de preservação e sobre a vida dos anfíbios,
bem como, explorar outras classes de animais (Ciências), numa linguagem
infantil e juvenil, a estrutura familiar em diversos países, questões de
gênero, formação, escolhas profissionais e casamento (Filosofia, Sociologia,
História e Geografia).
IMAGINAR
É INTERAIR COM O MUNDO INTERNO E EXTERNO
“A
imaginação da criança é a ponte que liga este mundo externo e o interno. Contos
de fadas, lendas aventuras, povoam o imaginário dessas crianças tornando-as
mais criativas”.
Pensando
nessa interação, ambos os livros tem um enredo movimentado explorado no plano
imaginário, as obras propiciam a construção e reconstrução de personagens
vindos de outras obras consagradas, ancorada em artifícios descritivos, ora na
construção de personagens, representativos da infância, ora na apresentação de
elementos com uma abertura para a fantasia. O encantamento, o poder de sedução,
movem as narrativas, amparadas pela perspectiva da criança. As transformações
são para serem apreciadas como produtos do desejo das crianças.
A fantasia é o que protege o material
(externo) do inconsciente (interno). É importante ressaltar que não existe
tensão entre fantasia e realidade, pois as personagens passam de um a outro
plano suavemente, por intermédio de intervenções propiciadas por objetos
(personagens, situações) da ficção. O humor, a comicidade e a leveza dominam a
cena, e revelam a potência da subjetividade (opinião pessoal), que permite “o fazer
acontecer”.
(Outra
marca que se encontra na produção para crianças, em meus livros, creio eu, é o
aparecimento entre as narrativas do resgate de valores e episódios que põem à
prova as escolhas éticas, evidenciada ao longo dos textos. Nas duas obras,
predomina a ideia de harmonia e calma, que deve imperar no convívio entre
nações, homens, mulheres e família).
É inegável que, na ficção a palavra
certeira é o enredo dinâmico que agradem às crianças. (repito) A trama dos
livros é formada por pequenos acontecimentos, pontos trabalhados em que o plano
da realidade abre-se para o do imaginário, seja ele representado por um sapo
que vira príncipe, ou por um grupo de crianças que se consideram salvadora dos
animais do sítio. Em todas as situações, predomina o respeito pelo humano e nas
duas obras percebem-se elementos formadores da noção de família, amor à
Natureza e emotividade na criança.
Os
livros exploram a produção de diálogos das crianças com os adultos. Permite
também, despertar nas crianças a curiosidade intelectual e uma atitude crítica
face à vida.
A
literatura infanto-juvenil é destinada especialmente às crianças entre dois a
12/13 anos de idade. O conteúdo dessas obras precisa ser de fácil entendimento
pela criança que a lê, seja por si mesma, ou com a ajuda de uma pessoa mais
velha. Além disso, precisa ser interessante e, acima de tudo, estimular a
criança. Os primeiros livros direcionados as crianças foram feitos por professores
e pedagogos no final do século XVII, com o objetivo de passar valores e criar
hábitos.
Atualmente
a literatura infantil não tem só este objetivo. Hoje também é usada para
propiciar uma nova visão da realidade, diversão, lazer e prazer.
(Porém eu digo que não existe
discurso ou texto inocente, que não remeta a ideologias). E, na literatura
infantil e juvenil, o texto advém quase sempre de uma superposição parcial (um
entrosamento de um sobre o outro) que remete à socialização, à educação, e traz,
muitas vezes, noções de escolhas, gênero e etnia dentre muitos outros temas
sociais existentes.
Na
Wikipédia, enciclopédia livre diz que, “Enquanto muitos jovens têm certo
repúdio aos clássicos da literatura, alguns livros mais atuais, dedicados a adolescentes,
se tornaram grandes best-sellers mundiais, como Harry Potter, Percy Jackson
& os Olimpianos e Jogos Vorazes. Esse fenômeno, no entanto, pode ser
visto como uma boa oportunidade de incentivar o gosto pela literatura nesta
faixa etária. No Brasil, o mais importante escritor infantil foi Monteiro
Lobato. Dentre suas obras, destacam-se o Sítio do Pica-pau-Amarelo, Reinações
de Narizinho, Ideias do Jeca Tatu. Além dele, também podemos destacar Ziraldo,
com O menino maluquinho”. Mas nós temos ainda, Cecilia
Meireles (Ou isto ou aquilo), Irmãos Grimn (Branca de Neve),
Carlo Collodi (Pinóquio), Lewis Carroll (Alice no país das maravilhas)...
(...)
Concluindo,
esses dois livros fazem parte da COLEÇÃO A ARTE DE SER AVÓ, a magia dos
sonhos de princesas e pequenos heróis dentro do universo do “ser avó”. Um
trabalho pioneiro para nós, os escritores deste município, que é, realizar por
meio do mundo infantil, uma literatura enfatizando questões ambientais, éticas,
sociais e pedagógicas. Os livros foram escritos para meus netos: Amalia, Guilherme, Laiza e Sarah e por deles fazer chegar a todas as crianças. Pois eles me inspiram e me impulsiona a ousar.
Para
quem usa estas histórias como roteiro pedagógico, irá encontrar nesses dois
livros, um espaço surpreendente e inesperado para novas descobertas. A
literatura infantil é fundamental para que crianças travem contato com os
livros desde cedo, acostumando-se com sua textura, seu formato, seu cheiro e
seu universo de possibilidades. “Os livros já não me pertencem mais, uma vez
publicados, eles pertencem aos leitores, e somente o tempo me dirá o real valor
destas obras para as crianças, os adolescentes, jovens e adultos que tiverem a
curiosidade de abri-los, devora-los e apreciá-los”.
“Quem lê transcende o tempo e se permite uma viagem
de prazer indescritível, tendo em vista que a leitura é uma experiência pessoal
ímpar.”
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