Itapecuru
Mirim, Maranhão
O
sesquicentenário na Pandemia
Assenção Pessoa
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Resto da construção do antigo cais da rampa Wady Fiquene |
Antigas tribos que vilas povoam
vem o homem branco adentram e
roubam
a alma ingênua do caboclo crioulo.
Os contos e lendas à noite
amedrontam
as moças donzelas
com seus cabelos de fios de ouro.
E assim viram história.
Eterna memória.
Da negra mulata que rompe
barreiras.
É dança, é jogo, é cidade, é
fogo...
É Itapecuru Mirim, cidade ribeira.
Como não lembrar que somos um povo de histórias e
culturas miscigenadas no passado e compiladas nesse presente de amarga
Pandemia! Porém, somos um povo guerreiro, ávido e com herança genética de força
e poder. Força, para superar limites; poder, para embasar nossas lutas e
vitórias sempre que somos testados. E, com toda intensidade desejamos nos livrar
logo desse inimigo, o COVID-19, para que num futuro bem próximo possa ser
apenas uma triste e saudosa lembrança dos entes queridos que perdemos e da
demonstração dessa força e desse poder na avidez e na superação dos nossos obstáculos.
Hoje, quero discorrer sobre o passado glorioso que em
transe, voltamos um pouco mais, quando da chegada dos portugueses ao Brasil em
1500 e da existência dos grandes proprietários, por direito, desta terra tão
explorada e tão amada, que são os indígenas das mais diversas tribos da nação.
No Maranhão eis que surge a chegada dos primeiros povos portugueses, os
açorianos, ainda por volta de 1612, quando muitos deles se espalharam por toda
a ribeira do Itapecuru, o rio de promessas de vida farta, por suas entranhas
nas matas, por seus riachos, igarapés, nascentes que propicia o cultivo da
lavoura e a criação de animais domesticados. Registra-me na minha memória, das
aulas de História que por volta de 1622, os primeiros movimentos para o surgimento
de vilas e arraiais por estas redondezas, foi o grandioso projeto de construção
de engenhos para moer cana-de-açúcar. Antemão, falando especificamente dessa
região onde hoje é a cidade de Itapecuru Mirim, em que a fixação dos açorianos
portugueses não foram bem-vindos aos olhos dos Tapuias Urutis, que viviam no
Morro do Diogo e outras tribos espalhadas por toda região do Itapecuru, mata adentro.
Assim, os portugueses na tentativa de escravizá-los ou dominá-los criou uma
situação de conflitos constantes, dificultando e até mesmo tornando impossível a
convivência, ocasionaram na consequente redução, até a dizimação dos índios por
completo. No entanto, coube a nós herdarmos um pouco da sua cultura como o
cultivo da terra, o hábito de se alimentar com batatas, fazer chás, rezas e
outras beberagens pra curar o corpo e o espírito.
Apesar de pouco se conhecer dessa cultura açoriana em
Itapecuru Mirim, pois os traços hoje praticamente inexistem, ainda podemos
contar com a tradição das casas de farinha, nos moldes dos engenhos desse povo,
os costumes, a culinária, as crenças, os bailados, as lendas, os ritos, o jeito
de falar e a alma alegre incorporada à nossa cultura, como, por exemplo, as
Festas do Divino Espírito Santo.
“Quem canta, seus males espantam”, nossas raízes
fragmentadas na herança do Brasil e do Maranhão. Após a luta pela terra, em
1649, surgem os primeiros indícios de uma colonização, com os novos ocupantes
formando um vilarejo, num processo lento, onde os colonos se localizaram numa
parte das terras que eles a denominaram de “Arraial”, e, mais tarde, “Feira”,
há 01 quilômetro do rio Itapecuru.
Acometidos pela epidemia de Varíola que assolava o
Maranhão (1788), começava outra luta, a luta pela vida para os moradores da
Feira. E em 1789, mais uma derrota, período em que uma grande enchente no rio
Itapecuru atingiu uma extensão de 12 quilômetros, expulsando os moradores e
destruindo habitações. Fatos que atrasaram ainda mais o progresso da localidade
“Feira” e que amargou por 12 anos até a criação da “Freguesia do Itapecuru”,
sob a invocação de Nossa Senhora das Dores. E, somente 14 de junho de 1871 é que
sai o Decreto para a criação da tão sonhada “Vila de Itapecuru Mirim”, o que
ocorreu em 20 de outubro de 1818, sob o auspício do Alcaide-Mor José Gonçalves
da Silva, ficando nesta data o reconhecimento oficial da “Vila” e do seu
desmembramento da cidade de São Luís e que teve seu apogeu de 1818 a 1880. E
como consequência do crescimento da “Vila”, a caracterização do município que se
deu em 21 de julho de 1870, com sua elevação a cidade e território, sendo
criado o município do mesmo nome, Itapecuru Mirim.
Itapecuru Mirim que já teve seu rio chamado de “Jardim do
Maranhão que outrora vivera”, em razão da colonização portuguesa, como toda a
província do Maranhão tem na Igreja Católica Apostólica Romana, ponto mais
relevante, na sua formação histórica, social e religiosa. A Capela Nossa
Senhora do Rosário dos Pretos foi o primeiro marco ainda na formação da
Freguesia, hoje Nossa Senhora das Dores cuja sede atual teve sua pedra
fundamental lançada em 1841, quando da passagem do Coronel Luís Alves de Lima e
Silva, o Duque de Caxias pela então Vila de Itapecuru Mirim.
Embora Itapecuru tenha uma rica história existe apenas
uma única data a ser comemorada, 21 de julho, que é seu “status de cidade”,
ficando inúmeras outras tão importantes para o município, como, por exemplo,
sua emancipação política no ato da criação da Vila, 20 de outubro, este ano de
2020, completando 202 anos. Ainda num grande empreendimento para o Brasil,
pode-se citar o ato da Junta Governativa Provisória constituída em Itapecuru
Mirim, a cidade rebelde, em declarar adesão à Independência do Brasil somente em
20 de julho de 1823, uma semana após o Maranhão aderir. A Batalha do Jenipapo
(1823) quando Itapecuru foi rendido e pedido à reintegração de posse da Vila
por Salvador Cardoso de Oliveira, chefe geral dos independentes. O grande nome
nessa parte da história de Itapecuru Mirim foi o tenente-coronel José Felix
Pereira de Burgos, o Barão de Itapecuru Mirim, por seus serviços prestados pela
causa da Independência do Brasil.
Itapecuru Mirim ainda se vê envolvida, enredada, ao se
render por pequenas guerrilhas e conflitos como a Guerra dos Três Bês (1823),
cujo objetivo era defender a hegemonia política do Maranhão, e a Setembrada
(1831), um movimento da província de Maranhão em que Itapecuru Mirim teve importante
participação, cuja reivindicação era a expulsão dos oficiais portugueses e a
demissão de todos os funcionários que não fossem brasileiros do quadro da
Fazenda e da Justiça do Maranhão, ambos, movimentos pós-independência.
E o que dizer da Balaiada (1838 - 1840) em Itapecuru
Mirim? Um dos maiores conflitos ocorrido no Brasil, com o Maranhão sendo palco
de Insurreição, e que acabou por envolver uma cidade pacata num emaranhado de
lutas populares em consequência da grave crise econômica causada pela queda do
algodão, o aumento da miséria e o abuso dos poderes em detrimento dos menos
favorecidos, negros e pobres. Foi em Itapecuru Mirim, que o cearense Cosme
Bento das Chagas, o Negro Cosme se incorporou à Balaiada e lutou junto com os
Balaios, e quando da rendição dos mesmos, ao ser capturado, ficou preso na
Cadeira Pública e foi enforcado em 29 de setembro de 1842, como o criminoso
mais bárbaro desta guerra, na Praça do Pelourinho (construído em 1818), onde
hoje é a Praça do Mercado.
Desde a colonização do Maranhão, suas lutas e suas
vitórias, há um pedacinho dessa Itapecuru Mirim, uma cidade com quase 70 mil
habitantes, há 112 Km da capital São Luís. Décima oitava maior cidade do
Estado, o valor de sua história, hoje de grandeza sesquicentenária, esta terra
tão precisa, tão altiva, tem um povo que lhe confere grandeza e tamanha beleza
merecendo o reconhecimento do Brasil e do Maranhão conferindo-lhe menções e
honrarias de agradecimento aos itapecuruenses por sua valiosa contribuição na
formação histórica desse País e desse Estado.
Do fascínio do teu rio, herdamos a tua fonte de vida, o
teu povo, os imortais destemidos, a riqueza em memória como o Matemático
Joaquim Gomes de Sousa. Aqui se tem o ideal da literatura, referências aos
nossos estudantes e pesquisadores. Como exemplo, podemos citar o Jornalista
João Francisco Lisboa, o poeta Juvenal Nascimento Araújo, o médico escritor
Henrique Leal, a escritora e professora Mariana Gonçalves da Luz, o professor
João da Cruz Silveira.
Seus talentos discorrem pela história, pela literatura,
pela política e religiosidade, pelo folclore e pela cultura, pelas artes e pela
ciência. São os filhos de Itapecuru Mirim, maranhenses brasileiros que nos
enchem de orgulho. Ainda registro o professor Leonel Amorim, o Cônego Albino
Campos, Luiz Gonzaga Bandeira de Melo, Benedito Bráulio Mendes, Manfredo Viana,
Zuzu Nahuz e os novos representantes como os Pesquisadores Tiago Oliveira e
Jucey Santana, os escritores Samira Fonseca, Inaldo Lisboa, os Jornalistas
Benedito Bogéa Buzar, Gonçalo Amador Nonato, Brenno Bezerra, Alberto Junior e
Alfredo Menezes, o protagonista do esporte amador das rádios e jornais de São
Luís, Maranhão e que foi vencido pelo COVID-19 aos 72 anos, no último dia 27 de
abril de 2020, deixando um importante legado aos maranhenses do esporte e da
vida.
Na música, nos referencia os maestros, Joaquim Araújo,
Sebastião Pinto, Gonçalves Martins, Álvaro Nascimento, José Bandeira, e os contemporâneos,
José Santana, Carlos Magno Silva, além dos imortais que já estão nos registros da
história e as promessas de novos talentos na musicalidade itapecuruense.
A esta terra a qual me refiro carregada de tantas
expressões, encontramos no seio da cultura popular Maria Sampaio, Josivaldo
Rodrigues (JR), mestre Bertulino Campos, Moaciene Monteiro, nas artes, os
artistas plásticos Beto Diniz, Alex Muniz, Ailson Lopes, Vaguinho e tantos
outros.
Na ciência e na medicina, o doutor Tarcísio Mota Coelho merece
especial destaque, um ser humano inconfundível, pois nunca esquece sua gente.
Lembramos também de Curtius Carneiro e Fernando Wellington Costa.
Como não nos lembrarmos do Desembargador Públio Bandeira
de Melo, itapecuruense que teve importante contribuição ao Judiciário do
Maranhão.
Recordo-me de dois grandes nomes do perfil político de
Itapecuru, Bernardo Thiago de Matos e João da Silva Rodrigues.
Carrego minhas homenagens a Itapecuru Mirim de seus
ilustres anônimos, trabalhadores e trabalhadoras que fazem a roda da economia
girar, o povo cantar e o pão na mesa nunca faltar. A essa Itapecuru Mirim de
150 anos apenas de cidade e 202 anos de emancipação política, sem contar seus
anos primórdios. Rendo-me ainda às quebradeiras de coco, os carroceiros,
pescadores, lavradores, artesãos, muitos que estão na informalidade e muitos itapecuruenses
que apaixonados como eu, vão driblar e vencer a assombrosa pandemia do Novo
Coronavírus, o COVID-19 que assola o país com quase dois milhões de casos e
mais de setenta e cinco mil mortos, mas que também nos fez retomar modos de
ouvir, de sentir, de ver e rever nossos conceitos e comportamentos em relação a
nós mesmo e ao outro.
Cidade tropical,
onde é sol o ano inteiro, de relevo modesto, onde os ventos que sopram seus
cocais trazem alívio ao calor e o frescor da brisa que sobre a influência do
mar, afronta o rio abaixo nos proporcionando prazer, elegância e frescor. Frescor
que também vem da sua Lua Cheia que irradia a noite dos que ainda apreciam a
beleza natural, ao se debruçar sobre a luz do luar nas águas de teu rio, o rio
Itapecuru, em esplendor a bailar, ou no botão de uma flor a despertar. Parabéns
Itapecuru Mirim por seu tricinquentenário!
Exaltando minha cidade
Oh!
Minha cidade, este recanto bendito!
Tens
poesia, tens história
um
rio de vitórias, festivas memórias,
tens
encantos na tua alegria!
Sesquicentenária,
seus antepassados
lembranças
e lutas que não tem idade.
Hoje
eu só quero te enaltecer
e
dizer o quanto me orgulho de ti.
Quero
ouvir teus pássaros, tambores divinos
a
perambular entoando sonhos,
evocar
teus santos, mistérios e lendas
mergulhar
no rio, lembrar teu passado.
Quero
senti a brisa, à noite ao luar.
Casais
enamorados, beijos a roubar.
Não
existe igual Itapecuru
Itapecuru
Mirim, não existe igual.
Referências:
Pessoa,
Maria da Assenção Lopes. Itapecuru Mirim,
sua gente, sua história. Ed Nelpa, São Paulo-SP. 2015.
Santana, Jucey. Itapecuruenses Notáveis. Gráfica 360°, São Luís, MA. 2016.
Maria da Assenção Lopes
Pessoa.

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