sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Indolência Política





Indolência Política


Maria se candidatou ao cargo de vereadora. Fez sua campanha com os poucos recursos que tinha. No entanto, acreditava que podia ganhar as eleições com um trabalho honesto, sem compra de votos e sem prometer os absurdos a que os maus políticos se comprometem. Tinha feito um bom trabalho na educação, pois era uma excelente professora. Maria pensou que seus alunos poderiam votar nela. A família de seus alunos poderia acreditar no seu discurso.  Pensou que seus colegas de trabalho, amigos, parentes mais próximos poderiam votar nela. Afinal, Maria tinha um plano consistente de trabalho, dentro da realidade de seu município: um plano capaz de impulsionar a Câmara de Vereadores para ter um novo olhar para os problemas de sua cidade.

Maria acreditou no valor do trabalho prestado, na amizade, no companheirismo, nos laços familiares.

E foi fazendo sua campanha. Seu discurso empolgava a todos. Recebia elogios. Palmas. As pessoas gostavam de suas propostas.

Mas o que Maria não sabia era que as pessoas não votavam por propostas. Entre propostas, amizades, parentescos e compra de votos, as pessoas ficam com a última opção.

Cerca de 78% do eleitorado não tem o menor interesse por trabalho prestado, belos discursos, compromisso com o trabalho. E vão votando: uns por dinheiro, outros por propostas de emprego, materiais de construção, os mais absurdos “presentes”; e ainda, por amizade, afinidade ou protestos, ainda que esse “protesto” prejudique o desenvolvimento de sua cidade. Por exemplo, votar em um candidato sem instrução, alcoólatra, analfabeto político, somente para demonstrar descontentamento com a atual administração. É a sociedade corrompida de forma generalizada e desacreditada também por políticos e empresários corruptos que vivem à custa da ignorância de um povo simples, humilde e trabalhador.

E, por aí vai... As inúmeras causas para se votar em alguém candidatam a vereador, deputado, prefeito, governador, senador.

Maria pensava que estava fazendo tudo certinho. Fez caminhada. Muitas caminhadas. Visitas. Bateu de porta em porta. Vendendo propostas. Vendendo sonhos. Vendendo esperanças.

Discursos em palanques. Não promoveu falácia. Mas, a fala de alguém que acreditava que poderia mudar e contribuir para melhorar a qualidade de vida dos munícipes. Mudar o pensamento retrógrado do eleitor corrupto. Mas discurso de palanque não promove votos, a triste realidade está por traz dos palanques, além do que sai dos discursos. É preciso ler e compreender nas entrelinhas da politiquice.

Juntou umas cinquenta pessoas para lhe ajudar neste processo. Trabalho voluntário. Mas estas pessoas também não estavam interessadas nos ideais políticos de Maria. Aceitou o trabalho voluntário, mas ganha por fora para pedir voto para outro candidato.

Sua decepção foi tão grande que quando saiu o resultado das eleições, Maria sentiu-se traída. Traída no seu discurso, nos seus ideais, nas suas propostas.

Viu sua ingenuidade política frágil e sem sucesso cair no descrédito dos eleitores que ela julgava votar na sua pessoa, pois foi o que haviam prometido, mas, a compra de voto fala com mais eloquência.

Ah! Maria! Quanta ingenuidade!

As coisas neste país não mudam. Eleição é um caso sério. O próprio eleitor gosta de ser enganado e se corrompe por qualquer coisa. Ele sabe que não haverá mudança real. O eleitor não acredita no candidato. Então se aproveita logo da situação e se apropria ao máximo dela.  

Os candidatos sério que concorrem às eleições, têm suas chances resumidas, diria, ínfima. Os que conseguem vencer são castrados quando tentam realizar um trabalho digno, em prol do bem comum. E a classe de políticos corruptos eleitos ainda consegue jogar com a opinião pública contra este político sério, responsável e comprometido com os interesses sociais relevantes.

Esse é o quadro onde políticos como Maria, não têm oportunidades. As eleições estão chegando. Pense antes de decretar seu veredicto e promover mais quatro anos de atraso e corrupção.

A seguir fique com as imagens do que pode está sendo promovido por eleitores interesseiros, ignorantes ou também corruptos:


Estradas vicinais sem condição de tráfego 



Lixões entupindo igarapés, campos e baixos para depois promover enchentes e desabrigos 



Mais lixões a céu aberto promovendo doenças




Promoção de queimadas



Rio poluído



Ruas, Ambientes desportivos, Escolas, Praças abandonadas

     

Boas eleições em 2016.


Texto da professora Assenção Pessoa, membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

                                 


Nenhum comentário:

Postar um comentário