151 ANOS DE ELEVAÇÃO À CONDIÇÃO DE
CIDADE
“TERRA DE AMOR, ITAPECURU” (trecho
do Hino de Itapecuru)
Um
status recebido pelo governo português que na época era de suma importância
para a Vila de Itapecuru Mirim.
Nada
mais justo eu, Assenção Pessoa celebrar esta data saudando nossa bela Itapecuru
Mirim em forma de poesia.
Do
livro Itapecuru Mirim, sua gente, sua história (autoria: Assenção Pessoa, 2015)
ITAPECURU MIRIM, CIDADE RIBEIRA
Antigas
tribos que vilas povoam
Vem
o homem branco adentram e roubam,
A
alma ingênua do caboclo crioulo.
Os
contos e lendas à noite amedrontam
As
moças donzelas, com seus cabelos de fios de ouro.
E
assim viram história. Eterna memória
Da
negra mulata que rompe barreiras.
É
dança, é jogo, é cidade, é fogo,
É
Itapecuru Mirim, cidade ribeira.
ANTIGAMENTE ERA ASSIM...
Eu
vi um menino descendo./ Eu vi uma menina
subindo
Buscando
água no rio./ Buscando água no rio.
Antigamente
era assim que se vivia./ Antigamente era assim que se vivia
E
sobe e desce ladeira... / E sobe e desce ladeira.
Buscava
água no rio./ Buscava água no rio
Na
Miquilina também./ Na Miquilina também
Eu
vi um belo menino./ Com lata d’água na cabeça
Eu
vi uma linda menina./ Com lata d’água na cabeça
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira...
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira.
Eu
vi uma senhora lavando/ Lavando roupa no rio
Eu
vi a senhora lavando/ Lavando roupa no rio
Antigamente
existiam as lavadeiras
Lavando
roupa no rio. Lavando roupa no rio
Lavando
roupa no rio.
Eu
vi dona Luzia lavando/ Lavando roupa no rio
Eu
vi dona Carmina lavando/ Lavando roupa no rio
E
bate roupa, torce roupa, bate roupa
E
bate roupa, torce roupa, bate roupa
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira...
E
sobe e desce ladeira... / Estende roupa no cais.
Antigamente
era assim que se vivia/ Buscando água no rio
Antigamente
era assim que se vivia/ Lavando roupa no rio
Eu
vi um menino pulando/ Pulando de cima do cais
O
rio estava cheio/ Era tempo de chuva demais
E
pula rio, pula rio, pula rio./ E sobe e desce ladeira.
Mais
o belo menino / Caiu dentro de uma canoa
E
se quebrou inteiro
Mas
nem por isso deixaram de pular/ Subiam no cais e pulavam
E
sobe e desce ladeira.../ E lava roupa no rio.
E
sobe e desce ladeira.../ E pula da rampa e do cais.
E
sobe e desce ladeira.../ E busca água na cabeça.
Antigamente
era assim que se vivia/ Antigamente era assim que se vivia
Tem
Miquilina, tem o Itapecuru/ Tem lavadeira, tem o menino no rio.
Tem
Miquilina, tem o Itapecuru/ Tem lavadeira, tem a menina no rio.
E
quem pulava, pulava e pulava.
Quem
busca água, busca água, busca água.
Quem
lava roupa, lava roupa, lava roupa.
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira./ E sobe e desce ladeira.
Mas
a linda menina pulou da rampa do rio
E
quase se afogou
Mas
nem por isso deixaram de pular
Desciam
pra rampa e pulavam
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira...
Antigamente
era assim que se vivia
Antigamente
era assim que se vivia
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira...
E
sobe e desce ladeira.../ E sobe e desce ladeira.
LOUVAÇÃO A ITAPECURU MIRIM
Minha
bela cidade!
De
povo alegre, desperta humilde.
Ordeira
e gigante, esperança de vê-la brilhante.
Dos
filhos da terra ao o imigrante/
Louvores
além da ribeira distante.
Minha
bela Itapecuru! Cidade e rio
Pérola
fulgente de céu cor de anil
Saudade
dos teus, ecoa nos recantos,
Desse
nosso Brasil
Sussurram
teu nome sutil
Itapecuru
encanto juvenil.
Minha
bela cidade!
Eu
quero viver, a tua beleza, tua poesia.
Quero
respirar, teus cultos, tuas lendas...
Cantos
e fantasias.
Nas
águas do teu rio, meu corpo banhar,
E
ver o molejo da morena faceira,
Ao
lado da ribeira, desnuda a bailar.
Liberdade
tigreira, mistério a saudar.
Minha
bela cidade!/ de lutas e glórias
A
terra do índio/ orgulho e vitória
Ó
ninho do pássaro!
Xexéu
da Ribeira/ és tu Itapecuru
De
norte a sul/ Jardim do meu Maranhão/
Que
outrora vivera.
TERRA DOS BABAÇUS
Quebradeira
de coco... Sou.
Fruto de luta e união
tenho o arrojo, persuasão,
Sou força, poder e realização.
Na
Itapecuru-Mirim eu nasci
cidade altiva, terra do babaçu
que nasceu neste solo fértil
neste vale de norte a sul.
Itapecuru
coberta de glórias
abençoada por Deus e por
Nossa
Senhora das Dores
seu destino é sempre a vitória.
Quebradeira
de coco... Sou.
Mulher
guerreira valente
meu machado a maior razão
da bandeira de luta dessa gente,
mas que trabalha contente...
E
de coração.
ITAPECURU, PARAÍSO DAS ÁGUAS
Itapecuru-Mirim
ardente,
onde suas águas soluçam,
Lúdica,
veemente...
Em
seu manancial
Sábios,
ilustres, poetas...
Também
sofre com o sinal
De
ver suas correntes
Se
perderem de forma, descomunal.
Esta
terra sempre tão fecunda...
Que a mão divina criou.
Como pode o homem destrui-la?
Aterrando
seus encantos sem pudor?
Itapecuru
Mirim, cidade querida
como queria ver-te,
Com
tua fronte erguida,
Preservada
até o fim de nossa vida.
Tens
nobreza, leveza e poesia,
Tua vida é um esplendor...
Basta
preservar seu paraíso
Tuas
águas que da Natureza, herdou.
ESPECIAL
PARA ITAPECURU – POEMAS INÉDITOS
ITAPECURUENSIDADE
Personagens mitológicos, é vida, é folclore
o homem que virava bicho
a mulher que virava porca.
Já a mula sem cabeça atravessava a avenida
causando medo e terror a quem a encontrasse
nas ruas de Itapecuru.
A Cavalacanga que de canga não tinha nada
e a estória da Serpente com a cauda na Igreja
e cabeça lá na ponte,
quando ela estremecesse e acordasse do seu sono
afundava toda a cidade, de tão grande o estrondo.
Tem também os banhos cheirosos,
as orações populares,
a festa da queimação do Judas,
as brincadeiras infantis – boca de forno, amarelinha,
dança de roda, jogar peão, empinar papagaio, jogar
bolinhas de gude,
das memórias minha
as canções
populares misturadas
com a casa de farinha.
E as festas tradicionais?
Do Divino Espírito Santo com sua pombinha branca
e o levantamento do mastro
no rufar das caixeiras coloridas
e nos hinos de louvor à batida do tambor.
Festas juninas. Tem Santo Antônio, São Pedro e São
João.
Tem o misto de folguedo, o espetáculo teatral.
Esse é o nosso carnaval, ao lado do futebol.
Ah! E tinha o bloco do Tusca e do Selé, o Rosa de
Ouro e o Bola Verde.
Que bom lembrar as batidas do samba no batuque
popular!
A Dança do coco, o Tambor de Crioula.
É São Benedito! É sangue africano correndo nas
veias,
É cor, é raça, é negritude na cidade.
E no São Gonçalo dos bailes, da fanfarra,
do santo farrista e alegre, padroeiro dos boêmios, dos
violeiros
das mulheres prostitutas, vem a festa mais antiga
vem trazendo solicitude.
O jeito itapecuruense de ser
se rebusca no folclore e na tradição
no Bumba-meu-boi
e na cadência do Reegae, lá do Oiteiro
dá Santa Rosa e Santa Joana
Aos jogos de Capoeira, ora luta ora dança,
na história de Zumbi, negro Cosme e outras heranças,
é cultura popular, é história, é festança,
é dança de rua, é arte, é itapecuruensidade.
NOSTALGIA ITAPECURUENSE
Bendita.
Salve, salve, ó Terra!
No
principio de tudo, Feira era.
Princesa
cheia de graça, encerra.
Hoje,
és linda, formosa, altaneira.
Nascida
entre o vale do Itapecuru
sob
o encanto de um céu azul
tem
a graça de uma criança,
Itapecuru
Mirim, futuro e esperança.
Tens
a beleza de uma mulher.
No
presente, poesia ao luar.
Tens
a sabedoria de uma anciã,
ao
banho da luz do sol, da manhã.
És
a filha querida,
Salve,
salve, ó terra!
Mirífica cidade, bendita.
Saudade e amor eterno.
ITAPECURU,
TERRA E MEMÓRIA
À margem do rio Itapecuru
entre matas e fontes cristalinas,
entre as palmeiras de babaçu,
povos, índios e portugueses desbravam
e fazem surgir a esplendorosa menina.
Itapecuru Mirim, Cidade divina.
Joia do meio norte maranhense
rica, ridente ao luar da ribeira,
orgulho de ser itapecuruense.
Por meus lábios, quero cantá-la,
cidade humana e ordeira
no silêncio da brisa, quero ouvi-la.
RIO
ITAPECURU, UM LEITO PERDIDO
Que primor, que louçã!
Onde o brilho do sol,
É muito mais intenso.
Que fauna, que flora,
Lua clara sobre o rio,
que
bela flor, na primavera!
Crepúsculo de amor, encanto.
Corre em seu leito, um manto.
No percurso das águas, encanto.
Sobre
teu céu, estrelas beijando.
Rio Itapecuru, rio de histórias
sublime desvelo, há de cuidar.
Por tua vida e tuas memórias,
Teu curso precioso há de salvar.
NOS
CÉUS DE ITAPECURU
Surge o sol, ao ressoar
dos pássaros no ninho a cantar!
Ao revoar das andorinhas,
infinitas nuvens a saudar!
Pelas ruas, caminho satisfeito,
emoção vibra em meu peito...
Ao fitar-te Itapecuru à luz do dia,
pelos céus da poesia.
Cruza o espaço, sobranceiro,
o crepúsculo ao som das águas
reluzente, altaneiro.
Sob a luz refletida no teu rio,
como um mistério em que vagas,
Vem o sol despedir-se do teu dia.
Entra a lua toda faceira
para enfeitar-te a noite inteira
O teu céu de estrelas cintilantes.
Gigante Terra, cálida, consentida.
pelos céus de promessas contidas
por muitos pares de amantes.
E a lua como testemunha
da silhueta sem vergonha,
reflete em seu rio antes fecundo,
pelo seu corpo, a luz do sol,
neste e no outro mundo,
Itapecuru Terra e Rio.
Pelo céu de azul se viu
outro céu de estrelas mil.
ITAPECURU
MIRIM
Brilha uma estrela
no centro do Maranhão,
no seio da Natureza, um coração.
Muito prazer em conhecê-la.
Surge uma cidade bela
energia que rege
uma nova era.
Teu céu cintilante agora
de azul da cor de anil.
Formoso também seu rio,
beija o leito, o verde da flora.
Teu passado bem retrata
o teu culto às tradições,
a cultura te iguala às nações.
Itapecuru Mirim, hoje e sempre.
Grandes vultos te souberam honrar.
O teu povo é culto e nobre.
O Maranhão é nosso altar.
ITAPECURU,
ÁGUAS DE MINHA TERRA
Tu
és o orgulho dos teus fundadores,
és
monumento dos teus colonizadores,
Itapecuru
Mirim! Cidade dos índios,
cidade
dos negros. Cidade dos amores.
Às
margens do Rio Itapecuru,
surgiu
uma cidade, luso-pioneira,
que
com trabalho plantou
uma
cultura afro-brasileira.
Esta
cidade pungente
recebe
também o imigrante,
que
com trabalho deixou semente,
pelo
culto de homens gigantes.
Construída
com esforço, Prece.
És
um hino à cultura,
ao
trabalho e ao futuro
e
a esse povo que te merece.
Cidade
do Maranhão eleita
para
guardar um rio que nasce
por
suas entranhas e alimenta
da
Serra da Croeira a São Luís.
ITAPECURU,
TEMPO DE CHUVA
Cheiro de terra molhada
o revoar dos passarinhos,
o curso do rio nas cheias,
é a pequena Pátria minha,
dentro da Pátria amada.
E olhar pro céu, já nublado,
ouvir o canto intimidado
do sabiá, do bem-te-vi...
A flora que ora, para.
A fauna que ora, cala.
É chuva! Na relva serenou.
E uma nuvem de inseto se formou
pra dizer que a estação verde
chegou.
E com as chuvas...
Brotam as vidas...
Nos campos de minha
Itapecuru querida.
O lavrador contente
quer ver brotar as nascentes.
Louvar e agradecer a Deus
em nome de toda essa gente.
Hoje tem festa. Tem canto...
Tem dança e louvação,
alegria extravasa no peito...
É a resposta, na forma de pão.
É a fartura na mesa
não só de nobreza
mas, de toda essa gente,
que planta e colhe,
que cria e respeita toda beleza.
mãos que cuidam e acolhem,
o equilíbrio da Natureza.
CIDADE
DA MINHA SAUDADE!
Cidade da minha saudade
onde cresci, vivi
minha infância,
minha mocidade.
Hoje te vejo
tão despida, descuidada,
tecendo por outras estradas,
mergulhada no descaso.
Meus olhos, por ti choram,
vazios de esperança.
Ó Itapecuru!
tuas águas também caminham
dispersas, desfiguradas,
sozinhas.
Ó! Cidade da minha saudade!
Sal de prantos
corre-me a face.
De ver tuas matas
queimadas,
destruídas.
Tuas águas poluídas,
igarapés aterrados.
E depois...
muito
tempo depois,
as
chuvas, as preces,
as
enchentes,
desagasalham
quem não tem culpa
quem
não merece.
Levam
tudo
Lavam
tudo...
Ó
Itapecuru!
Pranto
do meu pranto
vulto
do meu vulto,
sem
piedade é o povo
que
te despe, te maltrata
não ouve teu grito:
- socorro!
E te mata.
Ainda mergulho na esperança,
quando ao longe ouço
o canto dos pássaros,
em revoada.
Bons tempos de bonança!
Espero te ver novamente
Bem cuidada, bem amada.
Ó! Cidade da minha saudade!
DO
UNIVERSO PARA ITAPECURU
No mistério do Universo
mira-se um Planeta.
Uma terra colorida,
de arco-íris, paisagens floridas,
encantamento de vida.
Um país, Brasil,
Tropical, varonil.
Mira-se uma cidadezinha,
Itapecuru Mirim,
pedacinho do Maranhão.
Meu universo pequenino,
meu cantinho, meu torrão.
E, dentro dele, mira-se
o rio Itapecuru de águas pardas,
frias e calmas, de histórias e magias.
E a mira de uma piaba
tentando a vida de seu cardume salvar
como companheira...
Apenas algumas centelhas
de vaga-lumes a iluminar,
iguais estrelas no céu,
mostrando qual caminho traçar.
Assenção Pessoa