terça-feira, 26 de maio de 2015

PROJETO BALAIADA EM AÇÃO


 Projeto Balaiada
O resgate histórico-cultural e de promoção turística da região nordeste/leste maranhense, onde, ocorrera a Guerra da Balaiada (1838-1841), no Século XIX (1.800 – 1899). 



PALESTRA REALIZADA NO ÚLTIMO DIA 20, NA CASA DE CULTURA PROF° JOÃO SILVEIRA, com alunos da escola Paulo Freira, do povoado Conceição Rosa, Itapecuru Mirim, MA. 
Palestrante: Professora Assenção Pessoa.

IDEIA SURGIU EM 2014
       IDEALIZADOR: PROFESSOR DE FILOSOFIA JÂNIO ROCHA
CHAPADINHA – MA.
CONSTA NO BLOG DA BALAIADA.

CIDADES INTEGRADAS: EIXO DA BALAIADA - CHAPADINHA, ANAPURUS, NINA RODRIGUES, BREJO, ITAPECURU MIRIM, CAXIAS, etc.




OBJETIVOS  -  METAS

* Promover um resgate cultural na região do nordeste e leste maranhense, fortalecimento seu autoconhecimento e sua autoestima e, ainda, incentivando o aquecimento da economia da região através do turismo, consumo de artesanato, culinária, música, dança, teatro e diversas outras formas de expressão artística local. 

* Criar e Inserir a Semana da Balaiada (7 a 13 de dezembro) no calendário das secretarias de Cultura e Turismo dos municípios envolvidos, bem como na Secretaria de Estado e no cenário nacional  (Ministério de Cultura e Turismo)

* Captação de recursos.




O PROJETO CHEGA ÀS ESCOLAS




"Todas as escolas públicas e particulares da educação básica devem ensinar aos alunos conteúdos relacionados à história e à cultura afro-brasileiras”.  Lei nº 10.639/2003 (a temática afro-brasileira se tornou obrigatória nos currículos do ensino fundamental e médio).





OBJETIVOS:

Levar aos alunos o conhecimento e a contribuição histórico-social dos descendentes de africanos ao país.


OBS.: A lei não foi implementada de maneira a CONTEMPLAR todos os alunos e professores. O que há são ações pontuais de iniciativa de movimentos negros, do MEC ou de universidades federais. (Leonor de Araújo, coordenadora-geral de diversidade e inclusão social da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade -Secad).





A Lei nº 10.639/2003 acrescentou à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) dois artigos: 26-A e 79-B.

ART. 26-A - Estabelece o ensino sobre cultura e história afro-brasileiras e especifica que o ensino deve privilegiar o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. O mesmo artigo ainda determina que tais conteúdos devam ser ministrados dentro do currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística, literatura e história brasileira.

Já o artigo 79-B inclui no calendário escolar o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. [...]"

















TEXTO DE APOIO

A HISTÓRIA DA BALAIADA (1838-1841)

“Guerra ocasionada pela grave crise econômica causada pela queda da produção de algodão, aumento da miséria, o descontentamento das classes pobres maranhenses. Escravos, camponeses e vaqueiros uniram-se na luta contra os abusos das autoridades civis e militares”. (...)



COSME BENTO, A BALAIADA E ITAPECURU MIRIM (Pessoa. Itapecuru Mirim, sua gente, sua História, 2015 - a publicar).



A Balaiada foi um dos maiores conflitos ocorridos no Brasil. Entre 1838 e 1841, o Maranhão foi palco de uma insurreição popular em que os quilombolas tiveram participação decisiva.



A Balaiada ocorreu em consequência da luta entre liberais, conhecidos como bem-te-vis, e conservadores (cabanos). Naquele momento, os liberais encontravam-se impedidos, pelos conservadores, de participar das decisões políticas. Os bem-te-vis desencadearam violenta oposição ao Presidente da Província do Maranhão (Santos, 1983: 74).



Considera-se que a Balaiada começou com o ataque à prisão na Vila da Manga (Nina Rodrigues), próximo a Vargem Grande, em dezembro de 1838. Naquele momento, o vaqueiro Raimundo Gomes e nove parceiros libertaram vários homens presos para o alistamento. Um mês antes, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio, já havia libertado seu filho, igualmente detido para servir às mesmas tropas.


         No momento de eclosão da Balaiada já havia uma guerra entre os quilombolas e a sociedade escravista. Em novembro de 1839, escravos liderados por Cosme Bento das Chagas iniciaram uma insurreição em várias fazendas da região de Itapecuru-Mirim. Os escravos se rebelaram contra os seus senhores, pegaram em armas e proclamaram-se livres. Diante disso, os fazendeiros fugiram de suas propriedades. Tal circunstância permitiu que os escravos se aquilombassem com mais facilidade.



Cosme Bento das Chagas nasceu na cidade de Sobral, na província de Ceará. Era prisioneiro de vários crimes. Foragido da penitenciária de Alcântara se integrou a Balaiada. O preto Cosme liderava mais de 3.000 escravos fugidos e organizou uma base na fazenda da Lagoa Amarela.



Cosme julgava-se uma pessoa importante. Saqueou várias igrejas, usava vestimentas religiosas, era carregado em andor como se fosse nobre Poderoso. Assinava seu nome da seguinte forma: “D. Cosme Tutor: o Imperador das Liberdades Bem-ti-vis”. Tinha aproximadamente 40 anos por ocasião da Balaiada, era alfabetizado e sabia da importância da alfabetização. A prova disso é que criou uma escola na Lagoa Amarela (Vargem Grande), em pleno conflito. Também tinha visão política, já que buscou a união com os outros rebeldes da Balaiada.



Com a chegada de Luís Alves de Lima, o futuro Duque de Caxias, o conflito entrou em uma nova etapa. Lima contava com grande tropa e recursos, e conseguiu dissipar os grandes grupos de bem-te-vis.



Os líderes balaios, perseguidos pelos soldados, tiveram de escolher: ou se rendiam, tirando proveito da anistia concedida pelo governo imperial, ou continuavam a luta aproximando-se dos escravos insurgidos. Cosme passava a ser a figura mais importante do conflito.




          Diante desse quadro, Luís Alves de Lima utilizou duas estratégias. De um lado, atacava os rebeldes e a base de Lagoa Amarela. De outro, tentava impedir a união de rebeldes livres e escravos. O sucesso de Lima ocorreu, todavia, quando convenceu o chefe rebelde Francisco Ferreira Pedrosa a atacar os quilombolas de Lagoa Amarela.


          Cosme tentou fundar outro quilombo em Guadalupe, localidade situada entre Lagoa Amarela e a vila do Brejo. Naquele momento, porém, outros líderes rebeldes aceitaram a anistia do imperador em troca da captura de escravos fugidos. Segundo o próprio Lima, essa ação tinha dois fins: antecipar o fim da revolta e provocar o ódio entre escravos e pobres livres.


         Os escravos insurretos (amotinados, rebeldes, revoltados) ficaram sob a mira das tropas de Lima e dos ex-rebeldes, bons conhecedores do terreno. Cosme Bento das Chagas, vendo seu grupo ser dizimado, tentou atravessar o rio Itapecuru, fugindo para as matas com os que restaram. Contudo, foi sitiado em fevereiro de 1841 no Mearim.

 Cosme foi preso às margens do rio Mearim em 1842 e transportado para a Cadeia Pública de Itapecuru-Mirim, onde aguardou julgamento. Recebeu a sentença de sua execução, pelo Governador do Maranhão, Venâncio Lisboa, em 20 de setembro de 1842. Na época foi escolhido o prisioneiro criminoso mais bárbaro para enforcá-lo na Praça do Mercado onde existia o Pelourinho, construído em 1818.



           Dizem que Cosme antes de ser enforcado, olhou para o céu e disse: “meu Deus, eu me arrependo de todos os crimes que cometi”. Este fato se deu em 20 de setembro de 1842.



A história da Balaiada incluiu o contexto da vivência e exploração dos negros no Maranhão e sua tentativa, no movimento, de resistir a essa situação e libertar-se do jugo opressor. 

Negro Cosme simboliza no movimento o líder, o herói negro que, até hoje, não é devidamente valorizado pela cultura e sociedade maranhense e brasileira. 





 ECONOMIA PÓS-BALAIADA


Em época posterior a Balaiada, houve o chamado ciclo do açúcar no Maranhão, que se estendeu até a abolição dos escravos, em 13 de maio de 1888. Itapecuru-Mirim era um dos eixos desse plantio, contribuindo para alavancar a economia dessa região e do Maranhão. 

INFLUÊNCIA DA BALAIADA EM ITAPECURU MIRIM

Por:  Tiago de Oliveira Ferreira





A cidade de Itapecuru-Mirim no vale do rio possuiu a maior concentração de escravos do Brasil no período imperial propiciando as insurreições de escravos durante a Balaiada e culminando com o enforcamento do seu maior líder o “Negro Cosme” para servir de exemplo para os seus pares.  

         

Cemitério dos bem-te-vis no Povoado Mirinzal a cerca 23Km da sede do município de Itapecuru-Mirim. O povoado fica às margens da BR 222. O referido cemitério fica a apenas 300m da mesma. Este local recebeu este nome pois durante a Guerra da Balaiada, em um dos embates entre as tropas legalistas e as revolucionárias, os bem-te-vis mortos teriam sido enterrados neste local.





A IGREJA MATRIZ

   

Pedra fundamental da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores de Itapecuru-Mirim, que fora lançara por Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, durante sua estada em terras itapecuruenses. Sendo que o futuro Duque fez uma grande doação em dinheiro e do seu próprio bolso para a construção da mesma, mais que segundo alguns historiadores o real motivo de tal benevolência era colocar toda a população local contra o “Bando de Negro Cosme”.


A CASA DA CULTURA      

Casa de Cultura de Itapecuru-Mirim, Professor João Silveira, que serviu de Cadeia Pública para o município de meados do século XIX até quase o final do XX, neste local Cosme Bento das Chagas o “Negro Cosme” foi preso, julgado, condenado a morte em 05 de abril de 1842 e enforcado em frente à mesma em setembro de 1842.





                                                                                                                   Assenção Pessoa


                   
                                                                                                  Itapecuru Mirim, Ma. 26/05/2015