O pássaro das montanhas se
despede como um colibri
Em pouco tempo, vi o homem
firme se entregar ao inimigo mais cruel. Um inimigo invisível sem dó nem
piedade. Era numa manhã fria, cálida que a dor lhe atormenta e lhe cala a alma.
Era o dia 27, o mês? Abril.
E, numa Segunda de feira não tão ávida. Uma feira sem pão. Sua boca
silencia.
Seus olhos já sem vida não brilham mais. Frígido, álgido como o corpo
que não mais responde o pulsar do coração.
E, assim, o bom filho, o irmão, o tio, o cunhado, o amigo, o
companheiro, o padrinho, o paizão sem nunca ter tido um filho, o nosso pai de
coração sem se despedir vai embora. O tempo... o pouco tempo não lhe permitiu. As
despedidas ficaram presas na emoção e na dor da partida.
E agora o que dizer do Alfredinho?
Já sem fronteiras, vai-se embora... já não voa o passarinho. Suas asas já
não batem. Foi-se embora o Alfredinho!
Na manhã mais sombria e nua, o Alfredo sereno adormece. O homem que
livre viveu, aprisionado por um vírus, no silêncio do seu quarto... desfalece.
Já não vive entre nós, o nosso anjo aqui na terra. Foi alçar novos voos
em outras fronteiras, outros ares respirar. Pois, do oxigênio aqui da Terra já
não pode mais usar.
Dois mil e vinte. Nem este ano, nem os próximos serão mais os mesmos.
Morre o Alfredo, o homem; o Alfredinho, o menino; o majestoso pássaro
das montanhas; o singular passarinho, o colibri dos nossos sonhos.
Sai dessa vida terrena deixando uma profunda saudade eterna.
Adeus... meu tio querido. O nosso laço ainda não se rompeu. Ainda iremos
nos encontrar. O dia, a hora? Só o mistério da vida nos dirá.
Esta é uma singela homenagem a meu tio Alfredo João de Menezes Filho.
Assenção Concinha, por todo amor que ele tinha.
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