quarta-feira, 18 de setembro de 2013

LIVRO RECORDAÇÕES PUBLICADO EM 2012




Assenção Pessoa

 







  
 RECORDAÇÕES


Versos, poesias e poemas escritos no período de 1975 a 1995, enquanto desabrochavam para a vida, o encanto e a ingenuidade de uma menina–mulher.  








Orelha do livro


Sobre a autora

Assenção Pessoa é professora interiorana da cidade de Itapecuru-Mirim, Ma. Foi supervisora de Educação Infantil, Diretora de escola de Ensino Fundamental e Médio. Tem experiência como professora da Educação Básica por mais de vinte anos. Formada em Ciências – Habilitação – Biologia, com Especialização na mesma área, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Especialista também em Supervisão, Gestão e Planejamento Educacional pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano – IESF, São Luís - MA. Este é seu primeiro trabalho literário. É uma leitora curiosa. Passou sua primeira infância no bairro Trizidela, Itapecuru-Mirim, morando com seus avós paternos. Passou a pré-adolescência no centro da cidade, morando com seus pais. Primeiro, na Av. Beira Rio, seguindo para rua Cel. Catão e depois na rua Sto. Antônio. Casou-se em 1979. Quatro anos depois foi morar em Pirapemas, onde passou oito anos de sua vida. Lá lecionou no ensino fundamental, foi diretora de escola e supervisora da Educação Infantil. Hoje, com quatro filhos e quatro netos, sente-se feliz. Voltou a residir em Itapecuru-Mirim, há mais de 15 anos. Atualmente, recolhida em sua chácara, a qual deu o nome de LAGUSA em homenagem a seus netos: Laiza, Guilherme, Sarah e Amália. Continua com seu trabalho na educação como gestora do Centro de Ensino Itapecuru Mirim. Acredita que somente através do conhecimento é que se pode conquistar um lugar decente na sociedade, ser mais tolerante e solidário.


















RECORDAÇÕES










Versos, poesias e poemas escritos no período de 1975 a 1995, enquanto desabrochavam para a vida, o encanto e a ingenuidade de uma menina–mulher.


Editora














































                  Aos meus admiráveis netos Laiza Mirella, José Guilherme, Sarah Louise e Amália. Mais que um incentivo para viver e ser feliz: o exemplo de uma nova vida.


  






INTRODUÇÃO


Por que Recordações?

         Passei minha infância numa região de Itapecuru-Mirim, chamada Trizidela, por ficar do outro lado do Rio Itapecuru. Morava com minha mãe e meus avós paternos. Apesar de meus pais serem separados, era uma criança feliz, alegre e tranquila. Passaram-se sete anos para que meus pais voltassem a viverem juntos. Nesse período, durante a minha adolescência, eles mudaram para a cidade, como se diz por aqui. Eles foram morar na Avenida Beira Rio, em frente ao rio Itapecuru. Era uma paisagem linda, inspiradora. Depois de alguns anos meus pais mudaram para a Rua Coronel Catão e, mais tarde, para a Rua Santo Antônio, onde minha mãe mora até hoje. Meu pai construiu outra família e voltou para Trizidela.
         Sempre gostei de ler e escrever as cartas para meus avós, que eram analfabetos.
Sempre ao crepúsculo meus avós paravam, sentavam e contavam-me “estórias” e “causos” interessantes. Então, quando mudei para o centro de Itapecuru-Mirim com meus pais, ficou uma enorme lacuna em minha vida. Como não podia estar todos os dias com meus avós, passei a escrever ”coisas” que chamava de poesia e sempre que podia corria para lá, “a casa de meus avós”, onde me sentia realmente feliz.
         Esse período da minha vida, eu o tenho como uma recordação muito boa. Daí o nome “Recordações”, para este livro de escritos de um passado ingênuo, mas muito importante para o meu crescimento como pessoa.
         Também é uma maneira de homenagear esses meus avós, Luís Lopes e Filomena Suzana, “in memória”, que na sua ignorância do saber, eram sábios e me ensinaram o amor, o respeito à vida e à Natureza, a busca da paz em meu coração.
         Hoje, decidi publicá-lo, isto é, se for interessante e transmitir alguma mensagem positiva para quem se interessar pela leitura de “Recordações”.     Assim posso compartilhar esse momento com outras pessoas que se identificarem comigo através deste livro.







NÃO PERCA

Não perca a esperança,
Há milhões de pessoas aguardando os recursos
De que você dispõe.
Não perca o bom humor,
Em qualquer acesso de irritação
Há sempre um suicidiozinho no campo de suas forças.
Não perca a tolerância
É muita gente a tolerar você,
Naquilo que você tem de indesejável.
Não perca a serenidade.
O problema não pode ser assim tão difícil
Quanto você pensa.
Não perca a humanidade,
Além da planície, surge a montanha.
E depois...
Aparece o horizonte no infinito.
Não perca o estudo.
A própria morte é uma lição.
Não perca a oportunidade
De servir seus semelhantes,
Hoje ou amanhã você precisará do consolo alheio.
Não perca tempo.
Os dias voltam... mas, os minutos são outros.
Não perca a paciência.
Recorde sempre da inesgotável
 Paciência de Deus.        
                                                                         (Autor desconhecido)




AÇÃO DE GRAÇAS



É maravilhoso, Senhor,
Ter braços perfeitos
Quando há tantos mutilados.
Meus olhos perfeitos
Quando há tantos sem luz.
Minha voz que canta
Quando tantas emudeceram.
Minhas mãos que trabalham
Quando tantas mendigam.
É maravilhoso voltar para casa
Quando tantos não têm para onde ir.
É maravilhoso
Amar, viver, sorrir, sonhar...
Quando há tantos que choram, odeiam.
Revolvem-se em pesadelos, morrem
Antes de nascer.
É maravilhoso, ter um Deus para crer
Quando há tantos que não têm
O consolo de uma crença.
É maravilhoso, Senhor, sobretudo
Ter tão pouco a pedir e
Tanto a oferecer e agradecer.


(Autor desconhecido)

PROCURA-SE

Procura-se alguém:
Que saiba viver por muitas pessoas,
Que saiba sorrir na vitória e
Chorar na derrota, sorrir para consolar,
Sorrir para animar,
Sorrir para agradecer.
Que grite diante das traições e diante das injustiças,
Que saiba discernir o certo do errado,
Que defina as melhores coisas das piores,
Que socorra seu próximo, auxiliando-o,
Diante das brigas, construa amizades,
Que estenda a compreensão entre todos os povos,
Que assuma o poder do amor e da convivência.
Procura-se alguém:
Que não seja apenas um corpo entre muitos,
Com cabeça, dois olhos, braços, pernas, coração...
Que seja, além disso,
“Gente”, com olhos que enxerguem a realidade,
Com nariz que sinta o aroma da união,
Com ouvidos que ouçam todas as verdades,
Verdadeiras, que pise sobre as ruas da alegria,
Praças da ilusão, bosques da esperança,
Que ofereça seus braços diante da solidão e do abandono,
Que construa a única casa com tijolos diferentes
 E derrame sobre eles o cimento da paz.
(Autor desconhecido)

                                             
DETALHES

A tarde cai calma como a brisa.
Vejo as águas do rio resplandecente,
O canto dos pássaros sobre as árvores
E outros que voam pelo azul do céu,
Pela natureza contentes.

Vem a noite, o céu estrelado
A lua radiante ilumina a Terra
E dentro de mim, um coração entristecido,
Uma angústia que atormenta,
Lembranças que sussurram.
Como me lembro daquele olhar afável!
Que lábios, que beijos
Tão doces e amáveis.
Hoje, apenas um retrato na parede do quarto.

Quanta felicidade, num passado de plenitude
Quanto amor!
Hoje, somente detalhes e saudades
Que nunca conseguirei esquecer.
Aquele rosto na luz negra da lua,
Aqueles carinhos infinitos, inocentes,
Sua mão na minha mão, a tremer,
Seu corpo, sua boca, minha voz que cala.
Teu sorriso, minha felicidade,
Nosso amor, nosso bem querer.
Detalhes inesquecíveis de duas almas
Sempre estarão presentes em minha vida
Hoje, amanhã, sempre.




 



  




  








DE REPENTE

Vi nascer uma estrela no céu.
De repente,
Senti que essa estrela sumia
Como um raio,
Vi uma linda estrela que caía!

Vi nascer uma linda flor.
De repente,
Não sei por quê,
Senti essa flor desaparecer
Como areia no mar.
Vi uma linda flor se perder!

As estrelas, como as flores
Em ruas desertas
Em rios que correm,
De repente...  Param.
Os homens mudaram,
O progresso aparece
E todas as preces
De paz, de amor,
Desaparecem como nuvem no espaço
Por este universo.




OLHOS MEIGOS

Teus olhos, dois grandes faróis,
Teu olhar meigo conduz
Meu caminhar, meu viver,
Como as faíscas de uma grande luz
Num alvorecer entre os raios do sol,
Num entardecer, ao surgir o luar
Para um anoitecer encantar.

Para quem ama e sofre
Teus olhos meigos parecem
Felicidade em oração e prece.
São duas estrelas reluzentes
Que covardemente me seduzem
E me fazem conhecer
Um peito cheio de amor ardente.

Uma alma que traduz
Teus lindos olhos castanhos
É tanto amor que reluz
É tanta vida em sonhos.
São dois pontinhos castanhos
Tão imaginários quanto às fadas
Mas que uniu nossas vidas
Trazendo a felicidade que nos afaga
Com tanto amor e tanto querer.


Teus olhos meigos
São dois cravos, dois jasmins
São dois pedaços nos jardins
Retirados com carinho
Que Jesus mandou para mim
Pelos deuses do amor
Teus olhos meigos, só para mim.






















O AMOR

O amor começa com um olhar
O sorriso contribui no momento
Uma vontade de falar
O desejo do encontro só aumenta.

O amor começa com o brilho do sol a radiar
Um coração apaixonado
Um olhar sonhador
Um rosto... Um corpo, um abraço do ser amado.

Ah! O amor!
Vontade de estar a todo instante
Ao lado de quem nos faz tanto bem,
Do companheiro, amigo, amante,
Dividir carícias, afagos e sonhos também.


Amar é entrega,
É compartilhar alegrias, desejos, esperanças e fé.
Fé de amor eterno.

Ah! O amor!
Que vontade de te alcançar,
Deixar-me levar por teus caminhos.



Nós.
Duas almas, dois corpos na grama a rolar.
E como os pássaros,
Formar nossos ninhos.
















   ESPERANÇA

Seu rosto, imensa doçura
Sorriso puro de um operário
Um dom de tamanha ternura
Um pobre com pouco salário
Um ritmo de esperança e paz
Um mundo governado com sabedoria
Na luz divina em harmonia
De certo, o caminho que deveríamos seguir
Pra frente, sem medo de cair.

No conclave, na ordem dos céus
Seu trono está reservado
Ao lado de Deus, ele intercederá.
Aqui na Terra, amada Terra
O povo o elegeu, o escolheu.
Mas, junto do Pai, para onde foi chamado
Não irar nos abandonar,
E o mundo melhor governará.

Dedicado a João Paulo II.






MINHA VIDA COM DEUS

Todos aspiram a uma humanidade
Impregnada de amor fraterno
De espírito pacífico e sinceridade,
Queria eu, Senhor, ter fé e boa vontade.
Manifestar esse desejo e essa aspiração
Em quaisquer condições:
Sociais, morais e culturais.

Queria eu, Senhor, ter sempre presente
Em minha vida cristã
A animada e verdadeira caridade
E não apenas ser individualista, egoísta, solitária.
Mas, buscar a salvação para toda a humanidade.

Onde quer que eu veja alguém
Oprimido pela ambição, pelo orgulho,
Sentindo necessidades materiais, espirituais,
Vítimas de injustiças, carente de amor...
Que eu seja a sua evangelizadora e com a minha fé
Sem fracassar, guiá-lo.

Minha vida com Deus.
Tábua de salvação para todo meu ser.
Vocação Cristã por natureza.
A Igreja que somos: eu, você, nós.


A salvação deste povo
Está na simplicidade dos seus atos
Do seu modo de viver.










   
   UM MUNDO MARAVILHOSO

Sinto o desejo de ter o doce e meigo luar,
A brisa que desliza fria.
Sinto o desejo de ser o meigo olhar de um amante,
Quieto, calmo, delirante.

Relembro o canto dos passarinhos,
A água que jorra inconstantemente dos poças e cachoeiras,
O brilho do sol que reluz ao entardecer
O som das águas do mar ao bater nas rochas e pedras.
O alvorecer.

Queria encontrar um mundo maravilhoso
Pleno de esperanças,
Onde tudo seja poesia, harmonia, vida.
Cantar, saltar, gritar com voz firme,
Soltar o encanto de um sorriso,
Construir um mundo novo.

Um mundo melhor
Com todo o perfume da flor,
Com toda alegria de um povo,
Com toda pureza de uma criança.
Que pena! É apenas um quadro
Mostrando o paraíso
A esperança.




DESEJO

Tenho vontade gritar que te amo,
Voar como os passarinhos,
Ou então me tornar um minúsculo ser,
Para entrar no teu corpo
E sentir o ar que tu respiras,
 Ser a água que tu bebes,
E tudo que te alimenta
.
Queria ser o leito onde dormes,
E sonolento descobrir teus sonhos
Ser o teu acordar, teu café da manhã, teu sorriso
Queria está no teu trabalho, no livro que tu lê,
No programa de TV, que tu assiste.

Queria está,
No teu passa-tempo, nos teus objetos favoritos.
Teu choro, tua alegria, tudo.
Queria está permanente em teus pensamentos,
Em teu coração.
Pudera eu gritar,
Para toda uma multidão:
― “Te amo”!
Como “te quero”!


Contigo, rolar na praia deserta,
Somente contigo.
Mas, são apenas desejos impossíveis
Enquanto observo os passarinhos a voar
A natureza, o sol, a brisa,
A água do rio Itapecuru,
A discorrer, a rolar.

Apenas desejos,
 De um coração cheio de felicidades,
De amor para dar.
Desilusão.
Desejos!
Nada mais que desejos!
Mas “te amo” e sonho com a doçura dos teus beijos.







 
UM AMIGO, UM IRMÃO

Porta da justiça, construtor da paz
Missionário do amor, amigo de Jesus.
Empenhou-se na construção do reino de Deus.
Foi tudo de bom.
Jamais se utilizou dos seus.
Semeou justiça, evangelizou.
Trouxe mensagens de salvação.
Lutou pela união, com gestos fraternos,
Universal!
No dia-a-dia, lutou contra o egoísmo
Contra a opressão.
João Paulo II, um amigo, um irmão.
Jamais se vangloriou ou foi rival.
Com alegria e esperança
Com paciência e humildade
Assumiu de maneira cristã
A causa humanitária.
Com a dimensão da realidade
E com espírito caridoso, fraterno
Vocação missionária.
João... Vivia, trabalhava, amava e sofria.
Dava seu testemunho, seu “sim”
Acreditava levar a todos a mensagem de sua vocação
Divina salvação a todos os irmãos.
Ele foi, até o fim, para todos:
Um amigo, um irmão em Cristo.






MINHA ESCOLA

Na minha escola aprendi a ler e a escrever
No meu lar aprendi: amar, doar e crescer
Na escola da vida aprendi: perdoar, sorrir e sofrer.

Na minha escola querida
Na escola da vida vadia,
Aprendi que pra ser feliz
Sem ter medo e covardia
É preciso compreender
Que a vida não é só amor e fantasia.

Na minha escola descobri
 A minha infância querida
E nunca esqueci
Das aulas da vida,
Do povo,
Da existência,
E nunca de lá saí.

E a cada escola que temos,
Buscamos novos e bons conhecimentos,
De liberdade, fé, confiança, altivez e simpatia
Buscamos merecimentos
Paz e a alegria
Nas escolas da vida que percorremos.







MEUS AMIGOS

Aos meus amigos consagro o desejo de viver
O amor pela arte, momento que acalma
Alma e espírito, um modo de ser.
Aos meus amigos consagro o desejo de vencer.
Um amigo que se valoriza, espera de vida melhorar
É um todo que se harmoniza, para um mundo novo criar.
Hoje vejo, de repente, o sol que brilha
E tanta gente carente de amor e alegria
Que necessita de verdadeiros amigos.
Amigos não devem ser
Preconceituosos, prepotentes ou orgulhosos.
Não usar de fantasia, hipocrisia
Falar de amor, de amizade da boca pra fora.
Os verdadeiros amigos devem querer
O bem em cada irmão e corajosos
Estender a mão a qualquer hora.
E assim, ter somente a ternura em cada olhar,
Ter o dom do Pai em gestos de perdão,
Pensamentos positivos, palavras de incentivo.
Braços para abraçar,
Mãos para segurar e um coração para amar.
Seja amigo, tenha amigos!
Seja fiel, verdadeiro, guarde segredos
  Seja simplesmente AMIGO.

   A Concita e a Amparo, amigas para sempre.








MINHA FAMÍLIA


Gosto da minha família.
Com ela aprendi,
Como uma boa filha, a amar
Ser responsável, simples, correta
Ser uma bela mulher e a vida
Valorizar.

O lazer e a harmonia fazem parte de um lar
Puro em simplicidade, meigo e angelical
Como uma canção de ninar.
É assim que vejo a minha família
No Ano Novo, na Páscoa e no Natal.

Família, as flores no jardim
Sol, Lua que irradia e ensina
Tenho saudades, do meu avô, da minha avó
Do meu mano tão distante.

Alegria tamanha de um lar
Harmonia entre Sol e Lua
Com tantas estrelas a brilhar
Estrelas que não pediram para nascer
Mas estão lá.
  
E eu, perdida, uma flor
Distante do paraíso, longe do seu jardim,
Sem perfume, sem beleza
Minha família, meu lar
Um cantinho pra sonhar e amar.










EU E O MAR

Assim como o mar é para você, assíduo, confiante,
A mim é como se fosse minha alma a flutuar.
Sofremos os mesmos choques, as mesmas tormentas.
As maravilhas do céu no infinito
O mar é um convite ao horizonte.
Observando suas águas impiedosas e puras
É como se dissessem a mim:
Vem, ó Triste companheira. Vem ouvir meus
Sussurros baixinhos de dor e angústias.
Também poderá saborear do meu aroma
E da ligeira calma, doce sabor.
Vem sentir minha alegria, meu amor.
Vem fazer-me confidências
Vem trazer-me teu carinho, teu olhar, tua pureza.
Sentir a doçura dessas águas silenciosas,
Sentir o calor de dois corpos juntos
O mar que traz vida calorosa
É um ciclo de belas coisas e belas ondas.
Quanta beleza!
 ― E eu sem respostas ao mar.
Não sei se corro para areia espessa e quente
Ou se entro na água e deixo a onda me envolver.
Esse mar que contagia meu corpo,
Minha vida, meus sonhos.
Eu e o mar
A saciar desejos, carícias amores
Enquanto o brilho de uma estrela nos adormece
E consola para a realidade de um amanhã distante.
Sonhos, nada além, quanta bobagem!
Mas, todas as vezes que as ondas vêm
E posso nelas tocar
Ao mar me entrego de corpo e alma
 E a sua natureza me acalma.
O mar, meu namorado favorito,
Amante, amado, delícia pura.
Infinito mar!











   
NOSSO SONHO

Sobranceira preguiçosa espera como a tarde que morre.
Nosso encontro no final, no campo verde
Espera, na estrada mais longe, no infinito.
Onde só exista o desejo de ir, jamais voltar
Ah! Preguiçosa sobranceira, à espera do momento de amar
E no rio Itapecuru, se encontrar.
Ouço passos, corro ao encontro, estendo os braços.
Desejo-te a cada instante e na relva desse rio
Fecho os olhos, te revelo em meus sonhos
Em breve, no despertar risonho
A lembrança da felicidade
Rezo, peço a Deus mais um dia, a cada instante
Na espera, preguiçosa e sobranceira
Ver tuas águas a correr, na estrada do horizonte.

Altiva na espera, vejo rosas no caminho.
Soberana, escuto o canto dos passarinhos.
Acima, no alto entre as folhagens, corro!
Não tenho medo da noite que se aproxima,
Mas sinto tristeza, em breve outra espera vem.
Sobranceira e preguiçosa, como o dia que termina
No leito, no encanto, no rio acima.
Os nossos sonhos confusos, embriagados
No crepúsculo, no além.


Sonhar que cada sonho se realiza
Quando a vontade é forte.
Sonhar, enquanto te embalo, enquanto te amo
Sonhar pensando na sorte.
Incrédulo, sem vergonha e triste
De saber que tu não existes
E, de olhos fechados, cantarei baixinho.
E no embalo da criança, o meu sonho viajará.
Sonho de liberdade! Sonho que sou tua!
Sonho que és meu e que estarás
Comigo e pelas ruas sairemos
Ao leito do rio voltaremos.

Agora que tu dormiste, sonha!
Ao despertar, te darei alegrias, te darei rosas
Como as que vi.
Trar-te-ei o canto dos pássaros
Como os que ouvi,
Para enfeitar tua vida, nas manhãs de sol,
Nas manhãs de chuva.
Far-te-ei feliz, mesmo na guerra que assola o mundo
E meu sorriso, contemplando a vermelhidão da aurora, e o arrebol
Despertar-te-á na paz infinita,
Na felicidade, nos desejos mais profundos.

Meu bem já adormeceu.
De tanto o acarinhar, seus olhos serrados,
Sua boca sorrindo
Já deve sonhar.
Sonha, meu amor, sonha
Que um dia, na relva sobranceira e preguiçosa
No leito do rio Itapecuru acima,
No teu despertar, teus sonhos se tornarão
Nossos sonhos.
E sobre a luz do sol resplandecente
Num mundo sorridente irá se realizar.











 
  
 INCERTEZAS


Hoje cedo ao levantar-me
Achei oportuno parar.
Pensar seriamente na alegria de viver,
Na felicidade de amar.
Mas... Quem vive? Quem tem um grande amor?
Perguntaria a mim: Quem sou?

De fato, é certo
Amar a todos como a si próprio.
Mas... Quem tem tempo? Quem faz o correto?
Quem para olhar o próximo?

Importante falar em convicção
Respeitar os Mandamentos, a Bíblia
Mas... Quem pratica de coração
O amor a todo o momento?

Por quê?
Será que não há consciência da plenitude do amor?
Será que o mundo está contaminado?
Por quê?
Por que não nos amamos com virtude,
Paz, sabedoria e querer?

Deixemos de lado a injustiça e o preconceito,
E vivamos simplesmente o amor.






PRA QUE MORRER?

Pra que morrer se há vida fértil,
Um coração que ama,
Se há casa e comida farta?
Morrer... Enquanto há vida lá fora?
Uma vida competida e procurada
E muitos nascem agora.

Morrer, pra quê?
Se há tantos nascimentos
Tanta briga pela vida, tantos merecimentos?
Sim, também há guerras e impera a fome,
Pra alguns, não há moradia e comida,
Um mundo tristonho, opressão gigante.

Mas... Pra que morrer
Se a vida é uma batalha sem fim?
Se a enfrentamos, ganhamos.
Se fugimos, perdemos o marfim.

A morte...
Sofremos todos com a morte,
Como se fosse uma solução para nossos
Conflitos e falta de sorte.
Pra que morrer?






CEGO SIM


Uma canção, não de tristeza ou de dor
Mas um canto que vem do coração,
De alguém que não tem olhos para ver,
De alguém que teve um grande amor e perdeu.
Mas, alguém sábio, que vê além de todos nós,
Nem igual, nem diferente, apenas um irmão.

Mas, o sorriso e a esperança
De uma frágil criança que sem visão nasceu.
A canção de um cego... Um cego feliz
Que não pôde ter a alegria de ver
As rosas florescerem,
As cores da Natureza em harmonia
De ver a luz do dia, o entardecer
As águas dos rios que correm,
Enfim...

Mas se é assim, penso: é a vontade de Deus
Outros têm visão e não veem,
Tem olhos negros, castanhos, azuis,
Mas não enxergam.
São os cegos verdadeiros!
A vida passa por elas e elas não passam pela vida.


Cego de nascença, cego sim,
Mas um cego feliz,
Que vive a vida em harmonia
Vive de sonhos e poesia.
Levando o seu canto, a sua alegria,
Enxergando coisas
Que vão alem da nossa sabedoria.


















UMA VERDADEIRA SANTA

Foge
De todo o ódio, de todo o mal e da dor.
Pratica o bem e perdoa.

Constrói
A verdadeira riqueza no amor
E na experiência de vida, se aperfeiçoa.

Guarda
Todas as virtudes e toda regra.
Transforma a bondade em doação.

Glorifica
Quanto mais sofre, mais se alegra.
E a todos estende a sua mão.

Ama
Na pobreza, fica rica,
É feliz na oração.

Ora.
Por todo o mal que aflige seu povo
E tem um enorme coração.

Acontece que...
Não sou uma santa.






É PRECISO TRABALHAR

É preciso semear
Para ter uma boa colheita,
Uma vida perfeita.

É preciso trabalhar
Que a vida mais perfeita
É o orgulho de fecundar.

Fecundar a terra
Fecundar a vida
Fecundar o amor

É preciso preparar.
Preparar a infância,
Preparar o futuro,
A vida em abundância,
O fruto maduro.


Tal como a chuva caída
O orvalho nas folhas
O trabalho é a certeza
De uma velhice tranquila.




É preciso trabalhar,
É preciso semear
Para a vida construir.

E poder, no futuro, contemplar
A beleza, o sorriso, a vida
Em harmonia com a Natureza,
É preciso trabalhar!















  


O MENDIGO

Começa uma manhã linda de sol
Abrindo–se como um girassol
E nas ruas já despertam
Filhos pródigos que mendigam.

Gente que sofre
Por tão longa maldição na vida.
São desgraçados que n’alma morrem
Retorcem-se em dor a ilusão perdida.

 ― Dá-me uma esmola,
 Pelo amor de Deus,
Diz o mendigo ao aproximar-se
Dessa gente que se diz sadia
E muitos passam adiante.

Entre tantos olhares, vi os olhos seus
Lamentando uma vida vazia
Vi que é grande a comédia
Entre todos os passantes
Pelo palco real da vida.





Mendigar o pão, a vida,
Mendigar a paz, já esquecida,
Mendigar moradia, dignidade,

Mendigar a infância perdida,
Mendigar por um coração novo,
 Resgatar a humanidade sofrida.

















  

PROFANO FANÁTICO


Lamenta, por não ter sido aquilo
Que todos queriam:
Braços fortes, mente sã
Com a disposição que a ti desejaram.

Lamenta, porque agora emudeceu.
É apenas um inválido sem fé,
Perdido como a flor no vento
Sem querer falar de Jesus de Nazaré.

Sem braços, sem pernas, sem alma
Ninguém agora te quer
Por tratar com desrespeito
O sagrado, o perfeito

Hoje, tu não passas
De um profano sem coração
Um louco desajustado,
De um doente fanático.

Porém, não lamentes as guerras,
Não lamentes as mortes
Porque nela defendeste teu povo
Com paixão excessiva.




Não lamentes a vida,
Não lamentes,
Mesmo sendo, às vezes, profano,
Às vezes, fanático.





































O MUNDO

O mundo está poluído, os seres estão morrendo.
A amizade já não está fluindo, de tanto descontentamento,
De tanta injustiça e contradição.

Os corações estão doentes, o mundo mais carente,
De afeto, paz e amor,
Pois enquanto a paz é celebrada, a guerra avança com fervor.

Tanta gente amargurada, tanto ódio e dor.
O mundo está oprimido, o egoísmo e o orgulho
Todos caíram na armadilha.

Até as pessoas mais queridas, entristeceram
Ao ver o tédio e as feridas.
Paralisadas, emudeceram!

O mundo está em lágrimas, de tanta dor!
 Clama por paz e justiça,
Mas é a guerra que vem.

Este mundo que sempre foi
Poluído, carente e oprimido
Clama por paz e justiça,
Por gente que faça brotar o amor,
Gente de coração amigo.


RESPOSTAS

Sofro...
Vejo o mundo todo em lama.
Todo amor e toda alma boa
Abandonaram-me aos espinhos da coroa.
Que posso fazer, para feliz viver?
 Ama!

Tentei amar...
Mas vieram os espinhos
A fonte da desgraça, dor e solidão
Dando lugar ao tédio e à incompreensão.
Pereço! Que posso fazer para ser bom?
Perdoa!

Tantas vezes perdoei...
Mas entre o perdão e a prece
Conheci a piedade, a lamúria, eu sei.
Choro! Que fazer para consolar-me?
 Esquece!

Como posso esquecer se lembro...
O coração partido, a lágrima que corre?
Mordo os lábios, perco a calma.
Tenho ódio! Que fazer para que a vingança
Não marque minha alma?
Morre.


CONFLITOS

Pra que morrer tão cedo,
Quando as tardes são tão lindas
E tão serenas quanto as noites
Com tanta beleza ainda?

Há tanto luar disperso
Entre as folhas das palmeiras,
Tantas festas, tantos risos
E tanta esperança, numa flor de laranjeira?

Quantas lindas borboletas
Pelas margens do caminho!
Tantos enamorados pelo mundo
Esperando um carinho!

E as estrelas no céu,
A lua pra admirar,
O rio que desce e vem
E a Natureza pra cuidar.

Pra que morrer tão cedo
Se a tempestade está calma,
A brisa invade o pensamento
E bate no fundo da alma?


DEDICO A VOCÊ

... Que é a luz do meu caminho,
O perfume do meu jardim,
O fruto do meu carinho,
E a razão do meu viver assim...
... Que é a estrela que me guia,
O canto dos pássaros, os sonhos meus,
A luz do luar que aprecia
Os pensamentos... Tão meus quanto teus!

... Que é o presente e o futuro,
O meu sonho de amor,
As lágrimas dos meus olhos
E um sorriso de dor.

... A você que é a minha vida
A razão do meu viver
Quando me chamas: Querida!
E me diz que tua eu vou ser,
Dedico a você
Tudo que tenho, tudo que sou:
O meu amor, o meu carinho...
Na esperança de um dia,
Sermos um só, num só ninho
... Meu eterno bem querer.

Ao Meu grande amor.

QUEM SOU? 

Nas luzes negras de meus olhos,
Nascidos nas várzeas de um rio
Ou talvez nas profundezas da solidão,
Acreditei nele, como um trovão.
Creias.
Que no cais daquele rio,
Contemplando o entardecer
Regado a uma taça de vinho.
Sozinha.
Vi um sonho se perder.
Aquele reflexo alaranjado de luz
Trespassa meu coração.
O vento bate nas folhas verdes
E não vejo, não sinto,
Não ouço mais aquela canção.
 Que fiz para ti,
Para nem mesmo sorrir?
Para que a luz negra dos meus olhos serviu,
Se já não te vejo, não te sinto?
No entanto pressinto!
 Quem sou? Quem seria?
Não sei.
Quem serei?
Ah! Se soubesse...
Mas... Quem sabe, quem saberia?
Não há respostas, por que falta
O mais sublime e eterno amor.

A ARTE DE VIVER

O povo precisa de um motivo para viver,
Precisa do riso, da lágrima, do pão e da água,
Precisa do ar que respira,
Da terra que planta e colhe,
Do sonho, do renascer.
Da Natureza tão generosa,
De utopia e de poesia.
Precisa da arte bela e preciosa!

O povo precisa de um motivo para viver.
Um palhaço de mão amiga, quem sabe!
Um artista, um pintor ou um cantor.
Gente que mesmo triste, faz sorrir
E sorrindo faz chorar.
A meiguice na criança,
A ingenuidade no olhar,
A experiência de um idoso
 Com belas histórias pra contar.

Para aqueles que fazem da vida um show,
Que constroem um mundo melhor,
Que fazem da vida um grande palco
E nele consagram a arte de viver
E sorrindo, fazem chorar
E chorando, fazem sorrir
Brindam e elevam os fracos e os tristes,
Transformam sua vida num grande picadeiro
E assim tornam mais alegre e mais feliz
O povo do mundo inteiro,
Ou o povo de um país.

Para essas pessoas, eu retiro o meu chapéu,
Pois elas transformam a sua vida
Na verdadeira arte de viver.
Levam sangue novo aos enfermos
De corpo e de alma
E transforma a vida dessas pessoas
Em algo precioso,
Ensina-nos a conviver e a ser.


























NUMA AMPULHETA DO SEU TEMPO


O tempo voa, de repente, como uma fuga
De tudo que há em nossa volta.
Cada minuto corre desesperadamente
Suas horas formam dias, tão longos e agitados.
Tensos.

Ao final de cada dia é necessário
Uma curta noite de descanso,
Pois há sempre uma esperança profunda
Que dia, após dia, algo melhore.
Quanta coisa triste existe!
No dia–a–dia, não se tem mais atenção,
Não se tem mais compaixão
Por ninguém.

Todos os dias vemos uma flor,
Mas não me lembro de ter visto um botão.
E de proporção em proporção não se vê
Não se presta mais atenção,
No desenvolvimento, na harmonia, na dimensão
Na beleza das flores que ali estão.

É como se o amor,
Já não fizesse sentido.
Assim, é preciso lutar sempre
Para que uma mão nos seja estendida,
E diante dos nossos olhos,
Ver ressurgir a caridade,
E um ser humano poder ser ajudado.
É preciso dizer ao nosso irmão
Que ame, e assim somente ver,
O amor na vida e em tudo que existe.

E que numa fração do tempo,
Ninguém se entregue ao outro,
Simplesmente pelo desejo louco,
De realizar “coisas” pela vida,
Apenas pelo medo desesperado,
Do fim ou da partida,
De um amor sem despedida.

E depois de tudo, ter a sensação
De não ter feito nada de novo por si,
Ou, pelo seu coração.
E assim transformar sua vida,
Numa simples ampulheta do seu tempo,
Sem nada ter construído, sem nada para recordar.
Numa batalha mutilada.
Sem histórias para ser contada.








O CHORO DE UMA CRIANÇA

Um choro contido e abafado
De olhos que não podem falar.
São lágrimas cristalinas e mágicas
De olhos tão puros e tão calados
De um rosto inocente a reclamar.

Um choro para pedir
Todo amor e toda ternura.
Uma luz de vida,
Um rosto meigo em candura,
Um corpo que fala por gestos e...
Pedir pelo choro a atenção devida.

Choro
Doce sedento sonho,
Uma pobre criança rica em beleza
Num choro de intensidade
E outra criança risonha
Meiga em sua pureza

Será que está molhada,
Ou será que está com fome?
Um choro de uma criança,
Expressa o que está sentindo,
Quando em sorrir, está tudo bem.
Seu coração sem maldade,
Expressa o que sente também.
Será que chora de sono,
Ou será que sente dor?
Do choro da criança ingênua,
O doce brilho da pequena,
Não chora, sorrir de felicidade
Pela passagem linda da sua idade.

O choro de uma criança,
Pode representar a dor, a fome ou...
Simplesmente, manha.
Mas pode trazer também,
A alegria e a esperança,
Num coração de bondade,
No nascimento de uma criança.














PROFUNDAMENTE

Dorme...
Um mundo cheio de medos,
Um mundo que morre
Mas, bem no fundo,
Os olhos mergulham profundamente
Num sono, uma fuga e, docemente...

Sonha.
Encanta com tua doçura,
Revela teus sentimentos,
Envolve-te em lençóis e fronhas
Segredos,
Quem sabe?
Será sofrimento?
Será candura?
Dorme, dorme e sonha...

Enquanto dormes e sonhas não sabes
A triste definição da vida.
Tua mente, tua fronte
Guardam teus encantos,
Estende tua mão amiga,
Constrói teu rio, tua ponte
Serena, doce serva amante
Procura a definição de tua vida.


Desperta
Para tua realidade
Dócil, meiga e complicada.
Enquanto não despertas
Não sabes o que é maldade
Mas também não saberás
O que é ser amada, desejada.
Desperta para a vida, colorida, intensa,
Desperta para o amor!
Que pena! Não podes despertar
Dorme, dorme e sonha
Profundamente!

















A MOTO

Caras de jeans e blusão de couro
Voam pele cidade em suas máquinas reluzentes.
Cucas frescas que amam a velocidade,
Vibrações fluentes
Vrruumm...!!!
Passam por todos, um a um,
As pessoas viram, olham...
Valentes músculos, ágeis, contentes
Sem perceber, se vão
Com vontade de gozar
A liberdade dos ventos, fazendo redemoinho
Pedaços de mau caminho!
E o mundo num segundo se vai, num momento
Chegam em outra dimensão
Disputando atenção, trazendo com carinho
O esporte, a moto, a atração.
São motoqueiros despenteados
Com suas máquinas, seus prazeres,
Calças sujas, despreocupados,
Vivem intensamente a velocidade de sua moto incrementada.
Seu som, música para seus ouvidos!
Na garupa apenas o frescor de seus pensamentos.
Sem compromisso,
E com a velocidade de seu coração, amam
E vão desbravando, conquistando
Vrruumm............


DESENCANTO

Entre muros e lamentos,
Entre espinhos e suspiros,
Entre medos e ciúmes,
 Meu nome: respiro.
Nome... Tão pobre tão carente,
Tão puro tão tristonho,
Nome e sobrenome... O que importa pra gente
Se não passa de um sonho?
Sozinha, sofro entre insetos e vagalumes,
Entre dores sem piedade,
Entre a flor sem o seu perfume,
Entre o riso, riso de maldade.
E meu coração já sem vontade de viver
Já não sorri de tanto sofrimento.
Solidão...
No meu quarto
Morro para um mundo de tormentos.










ANGÚSTIAS


Sinto vontade de gritar bem alto,
Desabafar meu sofrimento,
Poder dar um salto
E terminar com a minha dor.
Uma dor que não tem cura , fere, machuca,
Impede a felicidade,
Não cicatriza, apenas maltrata.
Quero gritar e
Deste mal me libertar.
Poder amar, ter liberdade, poder voar
E voando bem alto
Ser feliz, amar, amar e amar...
Mas os gritos são apenas sussurros...
Não passa de sussurros bobos,
E sonhos absurdos
Destes lábios mudos,
Que apenas sussurram
Sem que as pessoas percebam,
Nem mesmo os que estão bem próximos.






POESIA


A prosa é ilusão de que se é feliz,
Todo poema que fiz
Fala de sofrimento e coração,
Saudade, esperança e reflexão.

A poesia é oração, obra de Deus escrita,
É o amor que habita no irmão
Para doação.

Poesia é a vida!
Contemplação pela obra infinita:
O sol, a lua, as estrelas, a Natureza
Uma nuvem perdida, quanta beleza!

É descontração, alegria, bondade
Mas alguém sofre e tem fobias
Sem saber o que seria
Se gostasse de poesia.

Sonhos, mundo maravilhoso,
Audácia de ser feliz, e...
Buscar no horizonte
Algo que nunca está ao nosso alcance
Mas está à nossa frente
Bem ali...

Poesia, mergulhar num mundo novo
Onde tudo é possível!
Sonho e realidade se confundem
Mas que seria de nós sem a poesia?

























OLHARES DE MARIA


Maria modesta, sem inveja, não odiava,
Então, Deus a chamou, para participar da festa
Do seu reino, o qual amava.
Por tua beleza e candura,
Será a mãe do Teu Senhor
Pois todo o teu bem se resume
Em doce aroma, doce perfume.
Esse chamado era o primeiro olhar de Maria
Tamanho espanto seria
Deste pequeno grande coração
Através do anjo e a anunciação.

Tão logo, sem pensar,
Tomou seu filho, seu afeto
Com o coração de bondade e repleto
De alegria e amor,.
Mas antes que essa alegria pudesse passar
Começou o sofrimento desse pequeno menino,
Que mesmo passando por agonia,
Jamais deixou de perdoar.
Tão sofrido, o olhar irradia com meiga apreensão,
O outro olhar de Maria:
A Paixão, o sofrimento e a abnegação.



Seu último olhar foi a fé e
A esperança,
Repleta de admiração
Ter seu trabalho concluído
No palco de amor e perdão,
Ver Seu filho abençoado
Nas nuvens da Ascensão.























CARRUAGEM DE SONHOS


Sinto sono
Tenho vontade de dormir.
E, como se fosse meu dono
Sinto vontade sonhar.
E, penso no que devo sentir
E, penso no que devo sonhar.

Adormeço...
Sonho com as estórias e magias,
Com o sol que nasce lindo,
Tudo que não mereço.
Sempre vejo em meus sonhos
Pessoas idosas que estendem a sua mão.
Outras vezes, sonho com uma criança
Um sorriso, mas, sempre sozinha,
Sorrio e choro de emoção.

E, no encanto deste mundo
Vejo flores, fadas, anjos e amores
Coisas estranhas, uma visão
O paraíso, o mar.
Então, saio em uma carruagem
Pelas florestas e matas a passear
Avisto o arco-íris, muitas cores,
Muitos passarinhos a cantar.

E nos sonhos, de joelhos suplico
Por que a Natureza chora?
Parece descobrir que está perto do fim.
Sua cor, encanto e magia
Pela ação do homem, poderão sumir
E o próprio homem chegar ao fim.
O que será dos sonhos e dos contos de fadas?


Passa, carruagem passa.
Contos de fadas e príncipes encantados...
Desperta, pois o despertar é triste
A realidade é sofrida.
Os sonhos da vida
Sonhos e realidade perdidas
Desperta.
Pois as bruxas estão à solta.

Nos sonhos, os amores e as alegrias são reais.
Na realidade, os amores e alegrias são fantasias.
Incertezas, falsas imagens, desamores
Sem carruagens.
Quero voltar a sonhar
Com as estórias que minha mãe me contava.
Nos sonhos tenho vida,
Nos sonhos sou querida.
Quero voltar a sonhar.

ESPERANÇA


Às vezes, paira dentro de mim
Um silêncio tão profundo
Que me faz pensar neste mundo
Que me envolve como um lençol

E me tortura sem fim,
Por sentir a falta de união em prol
Deste mundo deserto de amor,
Um mundo de angústia e dor.

Ele agora está sucumbido
É o mártir da traição
Entre tantos oprimidos
Sem ternura e sem compaixão.
Este mundo tão querido,
Triste sem comunhão,
Palco de guerras e de fome
Desastres e poluição.

Crianças abandonadas
Sem leme
Que as ajude a remar e a vencer.
Esquecidas nos orfanatos,
Sem direito de nascer
Sem o direito de viver
São fatos reais.
Cadeias, penitenciárias, famintos,
Presos em seu próprio egoísmo,
Sede de justiça e de amor
Prostitutas, sexo fácil
Por dinheiro, por pobreza
Idosos largados nas calçadas.
Eutanásia inconsciente, sem instinto.

Um mundo de horror
Aquele sem casa, sem lar, desalmado
Sem a vida que sonhou.
O surdo, o cego, o mudo
O negro, o pobre, o preconceito
Alguém que por medo se acomodou

Tristes constatações,
Neste palco de representações,
No grande teatro da vida
Nós atores de tantas esperanças perdidas
Esperança de uma vida melhor.

Sequestros, máfia, sedução
Governo, aparência,
Traição
Tradição, cultura hipócrita
Que não conseguem promover
Paz e união
Projetos, promessas,
É preciso querer fazer.
Querer fazer a diferença.
Mas cada vez que se fala
Os egoístas impõem
Seu bem-estar, sua prepotência
Sem se incomodar, cala.
Pois seu orgulho selvagem
Seu preconceito sem distinção
O impede de “ser humano”.
E falta-lhe coragem
E faz dele um ser imparcial
Sem coração
E acha tudo isso normal.

O fato é que nesse palco
O que vale é representar.
Não importa a quem fere, magoa
Ou a quem se alegra e perdoa.
Não importa quem ganha, quem perde
E assim vão esquecendo
Da bondade, da igualdade e da fraternidade
Lá dentro, no fundo da alma,
E lá se vai à esperança
Esperança de uma vida melhor.






A LOCOMOTIVA DO TEMPO

A locomotiva do tempo,
Que não leva a lugar algum,
São celeiros de momentos
Inconstantes vagabundos.

A cor do céu, o verde das matas
E o vento incolor, num momento
As paisagens coloridas,
Esperanças atrevidas
Pela locomotiva do tempo.

São promessas, incertezas,
Homens fracos, vazios, um ser
Sem nada a oferecer.

E a locomotiva do tempo
Leva e traz incertezas,
Leva e traz sofrimentos.

Traz amor e ódio, opressão,,
Mas traz futuro e comunhão
Traz no destino o que faz
Ter o desejo de ser feliz.


A locomotiva do tempo,
A mensageira do momento.
 TRIZIDELA

Um lugar calmo e aconchegante,
Um sorriso e um sol brilhante,
Ar puro, sadio, seguro,
Vida mansa e preguiçosa
Um lugar lindo, puro.

Suas matas, seus brejos,
Pequenas cascatas...
À noite, o céu estrelado
E a lua a se exibir sinuosa, imponente!
Caminho da roça
Cabanas toscas e casas de pau-a-pique.

Pingos de juventude,
De uma infância feliz
De pacata inquietude
Que não cabe nos versos que fiz.

O trem passava, sem pressa de chegar
Outras vezes era meio veloz.
Ao lado da estação, os vendedores de comidas:
― Olha o bolo de milho!
O trole, o trem pagador, o trem cargueiro
O trem de passageiro...
O automóvel que levava e trazia os chefões.



Doces recordações
A casa dos meus avós:
Uma sala, três quartos bem grandes,
Uma varanda, uma cozinha com aqueles fornos e trempes
Que cozinhava e assava leitões inteiros
Bolos, muitos bolos, de todos os tipos.
Ver meu avô jogando seu baralho
Ver minha avó socando o arroz
No pilão de madeira.
Quanta saudade!

Trizidela, sem sobrados, sem carros e poluição
Gente de coração puro,
Paisagens verdejantes, a roça, vazantes
Satubas, juçarais e bicas,
Pastagens, belas palmeiras
Um lugar incrível!

Lá vivi parte da minha infância,
Lá me refugiava na adolescência,
Brincava por entre as bananeiras
E pequenas pontas de matas
No quintal da casa mais bonita,
A casa do meu avô.
Bem perto passava a linha do trem
E o caminho da roça também.


Hoje, só vejo o lugar onde fui muito feliz
Este pedaço de terra Trizidela
Ainda com a estação de trem solitária
No lugar da casa feliz,
Só vejo pastagens para gado.
Gente estranha,
Quanta saudade
Da minha infância bela
E da minha adolescência de sonhos
Naquele lugar tão mágico!



















SOLIDARIEDADE

Se você, em sua vida triste e monótona
Nunca passou sem a verdade
Em seus lábios, pôs palavras de amor
Na sua voz, oração
Em todo seu olhar, compaixão.
Simpatia e bondade brotam de seu coração
De suas atitudes, retidão.

Com solidariedade, mantém um sorriso largo
O tempo todo,
Ao mesmo tempo em que ajuda os menos favorecidos.
A caridade brota de suas mãos calejadas
E quanto mais difícil a causa, mais amor no coração.
Ensina a todos que a vida é também doação, alegria,
E ... se preciso for, quanto mais amor
Mais solidariedade.
Ensina que ser amigo o quanto antes
E compartilhar com os seus semelhantes
O faz uma pessoa melhor.

Saber falar e saber calar
Quando for oportuno é uma virtude.
Sorrir e chorar na hora certa,
Trazer a luz ao mundo,
Abrir o coração, livrar-se do ódio inerte
 Que brota da fonte das tristezas
E sempre estender a mão amiga.
É uma dádiva de Deus.
E você é a fonte de inspiração
Do amor de Deus
Portanto viva a solidariedade.

























DEUS E A POESIA

Quanta alegria, quanta beleza
Indo embora tão saudoso
É o fim de um lindo dia!

Qual natureza mais formosa
Porem, mais bela que a Natureza,
 Somente a poesia.

Qual o sentimento neste crepúsculo?
Ao ver o brilho da lua e das estrelas,
Por toda infinidade dos céus?

Estou extasiada com tamanha beleza
Ao contemplar a poesia e a Natureza
 Sinto a presença de Deus.

Deus é poesia,
Deus é Natureza
Deus é vida!

Somos parte desse dia,
Somos parte dessa beleza.
Somos filhos desse Deus
Somos parte da poesia.





   TRABALHO

A semente do trabalho
É preciso cultivar.
Com orgulho fecundar
E da colheita semear.
Semear os novos sonhos
Para uma vida perfeita.

É preciso preparar a infância
E o futuro
E depois de ver o fruto maduro
Como a chuva caída
É preciso trabalhar
 Para reconstruir a vida.












SERVIR

O prazer de servir e de viver
A vida é um servir constante
Todos vivem para servir
Você também pode ajudar
Se houver um grão para colher
Colha você!

Plante uma árvore
Escreva um livro
Corrija um erro
Trabalhe!
Trabalhe por você.

E por todos que fogem do trabalho.
Se o outro foge, o aceite você.
Seja aquele que remove o ódio
Dos corações amargurados.
Remove a tristeza e a desilusão
Dos corações dilacerados.

Quanta beleza no servir,
Quanto trabalho está por vir.
Quanta pedra no caminho,
Quanta coisa a ser feita
Seja o vento, o remoinho
Mas seja também
A calmaria perfeita.


Cuide de uma criança,
Ajude um idoso,
Sorria para as pessoas,
Regue uma planta, leia um livro
E ao entrar num rio
Sinta suas águas mansas.

Recomece.
Sirva a um irmão.
Servir é para os fortes, os generosos...
Seja aquele que constrói,
E nos pequenos serviços
Realize grandes trabalhos.
E no prazer de servir
Possa realizar grandes feitos
E demonstrar
Um grande amor no coração.










MEDITAÇÃO
  

O dia terminou. É hora de meditar.
Uma pergunta que não quer calar:
 Serviu hoje? A quem? Ao irmão?
E em confissão, nos perguntamos
Às pressas sem valor:
Cuidei de uma árvore? Servi a minha mãe?
A quem, então?
Não há tempo para meditação.

Quanta opressão, a fadiga vem à tona.
Quem lembra Maria?
Quem encontra tempo para pensar?
Na mulher, mãe e trabalhadora.
Ninguém tem tempo,
Nossas mãos já não se juntam mais em oração
Para orar, para meditar, para agradecer.
Nada mais é como antigamente.
Pensamos como gente grande,
Mas agimos como criança
E como desculpas dizemos que é culpa
Da poluição sonora, da agitação.
Mas... quanto engano!
A quem pensamos que estamos enganando?
O homem reclama de falta de tempo
Mas... e o silêncio interior,
Que o desliga do meio exterior?
Assim, procurar nesta grande imensidão
Escutar o coração e lembrar.
Mas quem lembra
Daquele que passa fome, não tem casa,
E que não tem nome?
Dorme nas calçadas da vida,
Reclama da vida maldita e não lembra...
Quem se lembra dos encarcerados
Dos doentes e dos mendigos?
Quanto egoísmo, quanta dor!
Meditação: O mundo está sedento de amor.


















A TERRA ONDE NASCI

Com orgulho apresento esta terra tão bela
E que revela a beleza do servir.
Quanto amor nasce com ela
Maravilha e louvor, magia e felicidade
Lá viveu meu avô,
Homem de grandeza e bondade.

Relação em verdes primores
Da infância aos cabelos brancos
Do luzir do sol sobre a terra

Palco de doces amores,
Jardim de doces prantos,
No entanto, sem receio, sem guerra.

Na minha terra se encerra
De tudo que vivi uma verdade:
O sonho do Fico na serra
Da independência e da liberdade

Minha terra tem palmeiras
Minha terra tem riquezas
Minha terra Itapecuru
Tão grandiosa de tamanha beleza.



ONTEM

Ontem aconteceu algo inesperado;
Tenho certeza que fizeram intriga
Envolvendo meu nome.
Sinto-me em meio de alcatéias
Prontas para me devorar.

Ontem, tudo parado
Acabaram de acabar...
As centopéias estão em todo lugar
As lobas, as caranguejeiras
Tão ligeiras
Para me colocar
Entre suas teias venenosas.

Mas não permito que acabem
Com a minha dignidade
No que ainda resta de bom,
No ontem, no hoje e no amanhã,
Com toda lealdade,
Ainda serei feliz muito feliz.







QUERIA...

...Ter um lar para amar
Uma família para conviver
Um sonho para realizar.

...Uma casa minha para morar
Um trabalho para não enlouquecer
Um coração para cativar.

Se você tivesse
Um pouco de compreensão,
Um pouco de carinho,
Se ainda sonhasse...

Se você ainda quisesse...
Meu corpo com paixão,
Não seria mais sozinha
Ainda que amanhecesse.










COMO É BOM

Ter um Deus para crer,
Uma vida para confraternizar,
Uma realidade para acontecer.

Mas, falta-me alguém para amar,
Alguém para confiar,
Falta-me o teu olhar.

No entanto,
Vejo a harmonia da natureza.
Sinto meu coração palpitar
No infinito, quanta beleza!
Cada vez que sinto o amor
 Que existe entre o céu e o mar.

Como é bom
Ter um Deus para acreditar!










MIRAGEM

Sonho
Miragem
Você
Doce paisagem
Alegria de viver.

Amei você
No passado,
No presente e no futuro,
Amarei você eternamente.

Como é lindo,
É belo,
Um cravo do meu jardim,
Um sorriso sincero,
E um lindo laço amarelo!

Será?!
Sonho
Miragem
Você
Minha razão de viver.





SOLIDÃO

Esta manhã
Senti-me tão sozinha,
Triste, irrequieta, mas, calma.
Um sussurro dentro do peito,
Um suspiro dentro da alma.
Não sei
Se é solidão
Ou se é falta de um carinho.
O que mais me acalma
Neste momento,
É saber que toda alma
Sente um pouco de ilusão.
Esta manhã
Vi nascer uma pequena luz
Que brilhava no céu
Ardente em chama.
Vi também
Tantos como eu,
Num vulto que seduz
 E que traz
Um sentimento de paz.
Não sei se é solidão
Ou se é falta de um carinho...





FRAQUEZA

  Já não tenho forças para reagir
Estou tão fraca...
Minhas mãos estão trêmulas
De tanta fraqueza
Já não posso existir.
Amargurada, ingênua
Já não tenho certeza:
Se vivo ou se vegeto,
Ou se sou uma borboleta
Que voa no espaço infinito
Sem amigos, sozinha,
Sem carinho, sem amor,
Sem resistência, sem estímulos.
Sinto uma forte dor
É a certeza de não sentir-me querida.














ESTRELA

Estrela D’alva matutina
O luar que te espera
Aos olhos da moça-menina
Um coração em quimera.

O céu da cor de anil
Com desejo de casar
O príncipe que já sumiu
Deixou a moça no altar.

E a estrela lá de cima
Brilhando,
Brilhando,
Brilhando....
Já sabe que essa triste menina
Sou eu que estava sonhando.









INVEJA

Eles olham, refletem e pensam
Que podem um “ser” derrubar
Mas as torres lá do alto lembram
Que nada os podem abater.

Correr rio, mar, montanha,
Ventos fortes sem cessar
Mas sentir uma força estranha
Com mil coragens a lhes dar.

Os filhos servem de estímulo
Ao subir cada degrau,
Enfrentar os inimigos
Que só pensam em fazer mal.

Vontade ardente em chamas
Dá-lhe forças para viver,
Se tens alguém que te ama
Doces sonhos de prazer.

As feras estão por aí,
Os vampiros prontos para atacar
Mas grandes calmarias irão vir
E a tempestade afastar.



O que seria?
Inveja, ciúme, fraqueza?
Inimigos?... Jamais os teria,
Amo a todos com certeza!

























INJUSTIÇA

Mesmo sendo injustiçado
Por um mal que nunca fez,
Está sendo devorado
Por um lobo em pele de cordeiro,
Por gente triste e infeliz
Mesmo sendo digno e ordeiro.

Ao sentir-se tão cansado
Das estradas dessa vida,
Dessa vida tão amarga,
Dessa luta tão sofrida,
Não desista, vá em frente,
Vá combatendo a ferida!

Em prantos está seu rosto,
Sufocado, seu coração,
De viver, já perdeu o gosto,
De tão má recordação.

Apesar de sua bonita
Idade de prata completa,
Seu olhar é amargo e já não fita
O triste rosto que a interpreta.




Sente que o seu amor
Já não o ama.
Ventos frios, tempestades...

Injustiças, pranto e dor
Nada mais a ele importa.
Morrer agora é sua vontade.






















LEMBRANÇAS

Em cada rosto, vejo seu rosto.
Durmo e acordo pensando
Em cada corpo, vejo seu corpo.

São doces lembranças
Que se refletem ao sol
No compasso do meu coração.
Sua imagem, pelo arrebol.

Amar-te-ei, sempre amar-te-ei.
Com defeitos e qualidades
A você me entregarei.

Sonho de minha vida,
Imagem mais doce e querida
Estou sentido sua falta
Meu sol, minha luz, meu abrigo.

Ao Leo, com amor.








REALIDADE

Não deixes desmoronar
Cada tijolo que construíres
Nesta vida que tu levas
Não deves desperdiçar
Se amas não destruas.
Se destruir, é porque não amou.

São seis anos que passaram...
E dos sonhos que juntos sonharam,
Quatro presentes ficaram.

Dois em um só coração apaixonado
Entre os lençóis se completaram,
O sonho e a realidade se misturaram.

Foi puro, lindo e no imaginário...
É linda esta realidade.
Cada segundo, hora, dia que passa
Amam-se cada vez mais,
Se sentes tanta saudade
Não foi fumaça, foi fervor.

E no fogo do amor, quero te agradecer
Por anos maravilhosos,
Doces, puros e singelos.
De todos os presentes, os mais belos.
Sonhos audaciosos que se realizaram.

ILUSÃO

Tudo está deserto,
Tudo está tão triste,
Tão longe e tão perto.

No seu quarto... Solidão...
Sonhos... Sem aconchego
Falta-lhe afeto.

Tudo para... É ilusão!
Tudo queima, arde em fogo,
Incendeia meu coração.

É o fogo da paixão que queima
Os corações em quimera
Ah! Doce ilusão!











A FLOR QUE MORRE

Hoje ela está mais triste,
Suas pétalas estão murchando.
O amor que já não existe
O crepúsculo que já vai se pondo.

E ela, ali parada,
Observando o vazio do tempo.
Hoje ela está tão calada
Já nem percebe o que sente.

Por que olhar para o lado?
Por que não seguir em frente?
Por que o ser amado,
Está hoje tão diferente?

Especialmente hoje, ela está sozinha.
Não existe mais sangue, seiva, vida.
E na solidão da sua dor, morre
Observando os filhos que dormem.

A mãe Terra já não suga
O alimento, sua seiva.
A vida já não julga,
A flor que por fim morre.



UM TRAVESSEIRO ESTÁ VAZIO

Já é tão tarde, tudo calmo,
O mar que explode em ondas,
O Céu que explode em estrelas,
A vida que explode no ventre tão amado.

No entanto, traz a tristeza na alma,
E a solidão nesse coração apaixonado.
Na sua vida, sua sorte... Estilhaçada.
No seu leito, um travesseiro está vazio,
Os filhos dormem ao lado
E ela... Continua acordada.

Seu amado que não chega?
Tão sozinha nesse frio,
Seu coração cada vez mais calado,
Bate triste, descompassado, acelerado.

― Volte logo, pros meus braços!
                            ― Vem acalmar meu coração!
― Vem encher-me de abraços!
― Vem devorar-me de paixão.

― Vem colorir minhas noites e meus dias
A felicidade trazer,
― Para os seus filhos, sorria
Para em sua família conviver.

SAUDADE

Saudade, aqui estou.
Voltando pro meu sossego,
Trago da vida liberdade,
Mas no peito, uma saudade.

Saudade do meu amor,
Saudade dos seus carinhos.
Saudade da melodia,
Que sempre a teu lado ouvia.

O meu coração,
Queima e arde em chama
Neste rio que deleitas
A minha vida que reclama.

Reclama da falta que me faz,
Se te espero, como te espero!!!
O meu amor que não vem.
Se te quero, como te quero!!!
Saudade, aqui estou.








FELICIDADE

Felicidade, palavra de poeta intelectual,
Será que ela existe de verdade?
Felicidade e falsidade: duas palavras
Com sentidos bem distintos.
No sonho, qual dura mais?
Não cabe a mim responder
O que nós todos já devemos saber,
Qual é mais importante
Entre a dor e a saudade,
Entre o amor e a falsidade.
Se vivemos por amor,
Por amor nos entregamos
A bons momentos de felicidade
Que também traz em ternas saudades.
Nos bons tempos de uma vida,
Existe a felicidade.
O ser humano é tão rico
Quando demonstra sua lealdade.
Quando neste mundo exigente
Usa sabedoria.
Para buscar felicidade,
Mas, o homem só será feliz
Se souber amar e doar,
Paz e liberdade propagar
Esta é a realidade
Da tal Felicidade.

SONHO

Adormeci
Entre guerras e foguetes
E fugi
Para o outro lado
Onde as pessoas e os animais
Defendiam seus direitos
Mas, sem guerra, sem sangue, sem morte.
Era um paraíso,
Tudo perfeito!
Havia um lugar para todos:
Comida, conforto, moradia,
Escolas, empregos, enfim, tudo
Tudo que era essencial para a vida.
Nos jardins, muitas flores.
No pomar, muitos frutos,
No céu, na Terra e na água
A Natureza em festa.
Nem guerras, nem bombas,
Nem assaltos, nem mortes,
Nem fome, doença ou miséria.
Tudo ilusão!
Quando a realidade se impõe
É apenas uma canção
Dentro do meu coração que dormia.
Tudo era apenas um lindo Sonho.


DESPREZÍVEL SENTIMENTO

Não perguntes se sou feliz ou não
Se as alegrias e as tristezas se encaixam.
Não perguntes porque a saudade e a dor não se afastam.

Não olhes para mim com dó ou desprezo
Olha primeiro para dentro de te
Para sentires pena ou desprezo
Ou envaidecer-te de não poder
Sentir tão desprezível sentimento.

Segue naquilo que acreditas ser o seu ideal
Não fales de lealdade, bondade, fidelidade
Não fales de sonhos, de amores, e saudades
Se vives sem dó, nem piedade
Transborda todo o teu ódio
Tortura os bons sentimentos
Que afloram do teu peito...

Não olhes para mim, com desprezo ou dó
Pois eu sou feliz assim.
Olha primeiro para dentro de ti.
Pois a felicidade é também um gesto de amor.




ENCONTRO

Uma nuvem a passar
Radiante como o sol a brilhar,
Como o verde das florestas e o mar.
É assim que sinto a amor chegar.

A pele na pele.
No toque, no olhar,
No som da música, no dançar
Assim como o sol, a lua no céu,
É assim que sinto a amor chegar.

Junto com as estrelas,
Corpo e alma a se cruzarem,
Encantos e desencantos,
Encontros e desencontros,
Paixão e desilusões alucinam corações.

O amor é uma estrela,
O amor é uma dança,
O amor é olhar o horizonte
E sentir Deus e a Natureza,
 É sentir a bondade e a beleza.
É assim que sinto o amor chegar!




Se te vejo à luz do dia,
Se te vejo à luz da noite,
No sentir, no beijar, no tocar,
No roçar dos corpos juntos.
É a vida em sinfonia,
É assim que sinto o amor chegar.
























SE ALGUM DIA

Se algum dia
Você deixar de amar
Não morra!

Lembre-se, o amor foi, é
E sempre será
A luz das sombras da noite,
O dormir para um belo despertar.

Não lamente a perda de um amor,
Pois um dia outro amor
À sua porta baterá.
Então viva!

Se algum dia
Você perder um amor
Não lamente, não chore,
Mas volte a sorrir
E novamente voltará a amar.








CRIANÇA

Teu dia, teu futuro, deve ser lindo
Aproveita para brincar,
Para sonhar, para sorrir
E alegre cantar.

Sê feliz, é o que desejo,
Cresce no amor, na fé e na bondade.
Segura firme na mão
Daquele que não te vê com maldade.

Sonha! Este é o teu momento,
Criança, eterna criança.
Respeita teu corpo e teu sentimento,
Tem sempre esperança.

Parabéns bela criança,
Estuda sempre com perseverança,
Busca em Deus tua confiança
E nos teus pais teu porto seguro.







VOCÊ

Você...
Calmo como a manhã
Que desperta ensolarada
Te amo, naquela luz encantada!

Você...
Que me queima no seu fogo,
Que faz viver a minh’alma
E perturba minha calma..

Você...
Quando em seus braços me acalmo,
Quando ao seu corpo me entrego,
Sinto meu coração ardente em brasa.


Te amo com loucura!
Amo seu sorriso, que felicidade!
Você é tudo de que preciso
Nesta louca ansiedade
Você é meu paraíso.


A um grande amor.



SONHO

Sonho que está só começando
Vai voando, o vento soprando
Por todo o caminho
Folhas secas estão vagando.

Dá asas à imaginação
Segue o rastro das aves perdidas
Aquecendo em fogo ardente
As ilusões das mãos tão sofridas.

Sonho que acabou
Fragmentos de amor que restaram
E nos grãos de areia, no mar
Entristecidos se lançaram.

Os sonhos tão ardentes
Não duram tanto quanto a figueira.
Os amores permanentes
Já não regam uma vida inteira.








INSÔNIA

Não sei por que escrevo,
Se as palavras são perdidas no ar.
Simples gestos dessas mãos,
Rabiscando o papel sem parar.

Pensamento irreal,
Erros de ortografia,
Um quebra-cabeça infernal.
Um jogo que talvez não faria!

Papel, lápis, borracha,
Uma mente acordada.
Já passa da meia noite,
E a cama ainda arrumada.













MÃE

Celeiro de amor, doce ternura
Mãe de todas as raças,
Mãe de imagem pura.
Neste dia de cristal
Vejo fluir
Tua imagem sem igual
Entre ecos perdidos.
Ouço tua voz na oração,
Sinto teu amor
Em meu coração.
Tantas famílias passando fome,
Outras famílias desperdiçando comida
E somente o teu afago, mãe amiga.
Tuas mãos tão calejadas,
Nos despertam para a vida.

Mãe!
Mãe de todas as crenças,
Alma sem cor, sem preconceito,
Coração que só perdoa,
És acalento, renúncia, abnegação.
Quantos filhos te magoam?
Quantas lágrimas molham o teu leito?
Quanta dor no coração?
Mas, que seriam dos filhos sem as mães
Que os protegem?
Embalando seus sonhos, enquanto dormem,
Saciando sua fome e sua sede,
Vigiando e cuidando com carinho e com zelo.
Nesta hora, mãe querida,
Na emoção de sua existência,
Sabemos que te devemos a vida
E a Deus tua paciência.
Obrigada, mãe amiga,
Obrigada, mãe querida.





















DESILUSÃO

Ele voltou!
Não foi por mim,
Ilusão boba que sentir.

Pensei que me amasse, não amou!
                Foi muita mágoa, muita dor, enfim
Realidade triste que sofri.



Como pude me enganar
E num sonho tão lindo acreditar
Pensando que ele ainda poderia me amar?

Voltou, mas não por mim,
Ilusão boba que senti.











O AMANHÃ

Como será o amanhã?
Será que existe o amanhã?
E o dia de hoje?
Se existe, onde está?
Não posso tocá-lo
Se não o vejo,
Como posso saber se existe?
O amanhã será de dúvidas.
Sem esperança...
Espero que a felicidade
Seja o meu hoje
Meu amanhã, minha realidade.
Será que existe o amanhã?
E o dia de hoje?
Procuro por cima do muro
E não o vejo!












EU SÓ QUERIA

Eu só queria...
 Que as pessoas gostassem das outras pessoas
Como elas são.
Não olhassem seus defeitos,
Mas elogiassem suas qualidades.
... Não criticassem ou fossem preconceituosas,
Mas que as acolhessem no seu coração.
Que ficassem felizes com a felicidade dos outros,
Apostassem na simpatia e na bondade,
Respeitando o irmão, suas idéias e seus ideais.

Eu só queria...
... Que não olhassem as tristezas
Mas buscassem alegria para o companheiro.
Que reparassem naquele olhar triste
E no sorriso forçado,
O tempo inteiro.

Seja capaz de fazer a tristeza
 Transformar-se em alegria
Seja um amigo
Seja um companheiro.

Eu só queria que as pessoas
Se respeitassem e se amassem
Como seres humanos que são.

A CALMA DA NOITE

A calma da noite me acalma,.
Seduz meu ser, inunda minha alma
Teu corpo aquecendo o meu
Entre os lençóis na noite calma.

Acalmo-te
Como a calma da brisa, acalma o mar,
Transbordando de alegria
Deixo a tristeza pra lá.

Sonhar com você
E ver o dia surgir
No horizonte infinitamente lindo
E sentir você sorrindo.

Vem acalmar-me
E sorrindo vem beijar-me
E na calma dessa noite
Vem seduzir-me enquanto durmo e sonho.







OBRIGADO

Obrigada, Senhor,
Por ter um Deus para crer
Poder observar as flores, o rio, o mar,
Poder sentir a brisa no ar,
Ter caminhos a trilhar,
Ter estradas a buscar.

Obrigada, Senhor,
Por meus olhos que enxergam,
Minhas mãos que seguram,
Minhas pernas e meus pés
Que caminham.

Poder descobrir o sentido da vida,
Ter meus pais para agradecer,
Irmãos para compartilhar,
Meus filhos para contemplar,
Amigos para dividir alegrias.

Obrigada, Senhor,
Por ter um amor para viver,
Poder ter o dia, a noite, o horizonte
E poder viver e apreciar
Uma coisa de cada vez.
Sentir e ver o sorriso inocente
De uma criança carente.
Obrigada, Senhor!
RECORDAÇÕES

Houve tempos felizes
De amores, atenção e cuidados.
Alegrias bem vividas por dois anjos
Do seu lado.
Mas a  realidade e os sonhos
São coisas do passado.


Porém, a tristeza rondava
E sozinha chorava.
Aquele lugar lhe recordava
O que fora a sua infância.
O correr, o pular, o saltar,
Eram coisas do passado.
Seu avô a lhe contar
Belas estórias da bicharada.
Quantas lembranças!
Quanta saudade!

Sonhos e realidade se misturam e
Hoje não mais existem.
A casa, o quintal e o trem da estação.
Sofrimento e provações
Passa o adolescente triste.
A olhar para o vazio de sua solidão.


Terei o mar, o céu, a terra?
Terei a natureza, o rio e o ar?
(Pensa o adolescente a recordar).
Será amado, mesmo na guerra
E terá um mundo de amor para doar?
Ao seu avô faz uma prece
Pois é tudo que pode lhe falar.

Ainda voltará a ser feliz
Pensa o adolescente em lágrimas.
Lágrimas que um dia, sem ilusões
Irão se transformar
Em alegrias
E apenas restarão
Doces recordações.



Itapecuru-Mirim, Ma. 2011.















Final da Contra capa do livro.



Algo Mais que um Final


         Aqui termina este episódio de “Recordações” para o recomeço de uma nova etapa. Agradeço a Deus por me permitir escrever versos tão singulares, mas tão significativos na minha infância, adolescência e juventude. Tão significativos na transformação desta menina em mulher.
         Agradeço a todos que acreditaram neste meu trabalho e no valor da literatura livre, sem regras, seguindo apenas o coração de uma jovem sonhadora e que acreditava e ainda acredita na vida.
         Hoje, sou mulher, sou mãe, esposa e avó. Hoje, sou uma pessoa que acredita na força jovem e na experiência dos mais idosos. Acredito na força da mulher.
         Portanto, agradeço a todos que apreciaram esse livro e o passaram adiante. Essas pessoas ainda acreditam nos seus sonhos...
         E, dando asas à sua imaginação, buscam a felicidade nas coisas simples da vida.     

                                                                                              Recordações.







  Assenção Pessoa























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