terça-feira, 10 de setembro de 2013

QUER SER CANDIDATO A VEREADOR? ENTÃO LEIA ESTA HISTÓRIA.




 Maria, ingênua Maria!


 Assenção Pessoa

Maria se candidatou ao cargo de vereadora. Fez sua campanha com os poucos recursos que tinha. No entanto, acreditava que podia ganhar as eleições com um trabalho honesto, sem compra de votos e sem prometer os absurdos a que os maus políticos se comprometem.    

Tinha feito um bom trabalho na educação, pois era uma excelente professora. Maria pensou que seus alunos poderiam votar nela. A família de seus alunos poderia acreditar no seu discurso.  Pensou que seus colegas de trabalho, amigos, parentes mais próximos poderiam votar nela. Afinal, Maria tinha um plano consistente de trabalho, dentro da realidade de seu município: um plano capaz de impulsionar a Câmara de Vereadores para ter um novo olhar para os problemas de sua cidade.

Maria acreditou no valor do trabalho prestado, na amizade, no companheirismo, nos laços familiares.

E foi fazendo sua campanha. Seu discurso empolgava a todos. Recebia elogios. Palmas. As pessoas gostavam de suas propostas.

Mas, o que Maria não sabia era que as pessoas não votam por propostas. Entre propostas, amizades, parentescos e compra de votos, a maioria das pessoas fica com a última opção.

Cerca de 70% do eleitorado não tem o menor interesse por trabalho prestado, belos discursos, compromisso de trabalho. E vão votando: uns por dinheiro, outros por propostas de emprego, materiais de construção, os mais absurdos “presentes”; e ainda, por amizade, afinidade ou protestos, ainda que esse “protesto” prejudique sua cidade. Por exemplo, votar em um candidato sem instrução, alcoólatra, analfabeto político, somente para demonstrar descontentamento com a atual administração.

E, por aí vai... As inúmeras causas para se votar em alguém, candidato a vereador, deputado, prefeito, etc.

Maria pensava que estava fazendo tudo certinho.

Fez caminhada. Muitas caminhadas. Visitas. Bateu de porta em porta. Vendendo propostas. Vendendo sonhos. Vendendo esperanças.

Discursos em palanques. Não promoveu falácia. Mas, a fala de alguém que acreditava que poderia fazer a diferença e contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas mais humildes e simples. Mudar o pensamento retrógado do eleitor corrupto.

Juntou umas vinte pessoas para lhe ajudar neste processo. Trabalho voluntário. Mas estas pessoas também não estavam interessadas nos ideais políticos de Maria. Aceitou o trabalho voluntário, mas ganhava por fora, para pedir voto para outros candidatos.

Sua decepção foi tão grande que quando saiu o resultado das eleições, Maria sentiu-se traída. Traída no seu discurso, nos seus ideais, nas suas propostas.

Viu sua ingenuidade política frágil e sem sucesso cair no descrédito dos eleitores que ela julgava votar na sua pessoa, pois foi o que haviam prometido, mas, a compra de voto fala com mais eloquência.

─ Ah! Maria! Quanta ingenuidade!

As coisas neste país não mudam. Eleição é um caso sério. O próprio eleitor gosta de ser enganado e se corrompe por qualquer coisa. Ele sabe que não haverá mudança real. O eleitor não acredita no candidato. Então se aproveita logo da situação e se apropria ao máximo dela.  
 
Os candidatos sério que concorrem às eleições, têm suas chances resumidas. Os que conseguem vencer são castrados quando tentam realizar um trabalho digno, em prol do bem comum. E a classe de políticos corruptos eleitos ainda consegue jogar com a opinião pública contra este político sério, responsável e comprometido com os interesses sociais relevantes.

Esse é o quadro onde políticos com a Maria não têm oportunidade.

─ Ah! Maria! Quanta ingenuidade! 


Édna e Carlos Jr, em frente.

 

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