quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Majestosa Itapecuru-Mirim




 
Majestosa Itapecuru-Mirim
Assenção Pessoa
De duas malocas indígenas
Uma ao norte, outro ao sul
Os barbados e os Tapuias
Vivendo em Itapecuru.

Com os brancos, a “Freguesia”
Rio abaixo, rio acima,
Pelas matas se fazia
Ressurgindo da colina
Vem do morro uma cidade.
Que encanta de vaidade.

Lá vieram os portugueses,
Aportar nesse rincão
Pra criar o “Arraial”,
E raízes fixar
As boiadas do sertão
Na feira negociar.


Junto com eles, os africanos
Os Capuchinhos e outros humanos
E assim completar a miscigenação
Nesse pedacinho do Maranhão.


O que antes era Ribeira
Um lugarejo à direita
Do Rio Itapecuru
Por ordem áurea, de norte a sul
Surgiu uma vila inteira
A vila Itapecuru.

E de vila, a cidade
Na história do Maranhão
Uma terra de prosperidade
E de muita mansidão.

Da povoação originária também nasceu
A primeira igreja: Nossa senhora dos Pretos
Depois com os jesuítas cresceu
E tão bela apareceu
A Nossa Senhora das Dores
Pra curar nossos clamores



Vem, contudo a Balaiada
Se apaziguar nessas fronteiras
Hoje se busca a remanescência
Restos de antigas trincheiras
Ainda com relutância
Lá pelas bandas da Cachoeira.


      E o Negro Cosme enforcado
       No antigo pelourinho
       Como a ave, fora de seu ninho
        Hoje, é a Praça do Mercado.
       Ele era o símbolo da resistência
      Da cultura africana
      E de sua descendência.


E foi nascendo uma cidade
De grandezas e candura
Do “palácio municipal”
Hoje é a prefeitura



A Câmara, a ponte, o pelourinho
A cadeia pública, o fardo e o moinho

O Cais que inspiravam os enamorados
As praças, ruas e avenidas
Suas tardes ensolaradas
E as pessoas mais bonitas
E foi crescendo, se formando assim
Bela Itapecuru-Mirim.


Caminhos de pedras miúdas
Origem tupy-guarany,
Tens a imponência de uma graúna
És tu Itapecuru-Mirim
Também a doce inocência
Desta tão bela existência.

Itapecuru também é arte, é festa, é cultura
Suas casas já demonstram na arquitetura
A grande influência portuguesa
Na língua, na culinária e na literatura.

Os Grandes vultos da política
A sua economia e sua nobreza
Enriquecem essa história
De tamanha grandiosidade e beleza

O Teatro, a música e a religiosidade
Buscam a perfeição nesta cidade
Com suas lendas, estórias e liberdade.

Tens um povo hospitaleiro,
E um rio que ainda é caudaloso,
Um sol que brilha o ano inteiro
Uma Natureza ainda vitoriosa.



Mas, tua fauna, tua flora
Tuas palmeiras: hoje implora
Choram de dor por tuas queimadas
Toda vida entrelaçada,
Em uma só.
Pelas mãos de quem sem dó
Só te causam a destruição.

O teu rio de tristeza,
Hoje chora a Natureza
E agonizando sobre a rocha,
As suas águas percorrerão.

Contudo...
Carnaval igual não há
Suprema, imponente e frondosa
Altaneira, grandiosa
És tu Itapecuru,
Essa árvore primorosa.

Essa é Itapecuru
Que de “caminhos de pedras miúdas”
Hoje quase não há nada
É um corpo escultural
Esculpido nas estradas,
Avenidas e pousadas
Ruas largas e bem aventuradas.



És tu
Itapecuru
Caminhos não de mais de pedras
Porém tua fonte, “a miquilina”
De águas quase mineral
De tão pura e cristalina
Hoje já se esgotou,
Deixando a triste lembrança
E no seio uma esperança
De tuas águas salvar
Pra que a vida permaneça
Por tuas terras a brilhar.


O teu corpo escultural
Hoje já se transformou
Mas, mesmo assim,
És adulta, não mudou
Continuas majestosa
Com um povo sem igual
És tão bela e tão formosa
Como uma tarde angelical


Essa é a minha Itapecuru,
De um povo ordeiro e manso
Essa é a nossa Itapecuru-Mirim
Nosso repouso, nosso descanso,
Nossa paz, nossa esperança
De singular valor
Do mais humilde, ao doutor
Um porto seguro pra você e pra mim.
Assim é você Itapecuru-Mirim.


Parabéns Itapecuru-Mirim

18/07/2012.


Nota.

Esse poema foi feito para homenagear a Cidade de Itapecuru-Mirim pela passagem de mais um seu aniversário em 20 de julho de 2012. É um poema que enaltece a cidade, mas ao mesmo faz uma reflexão sobre seu destino, meio ambiente e a responsabilidade dos governantes. Conta a história desde a fundação até os dias de hoje. Retrata aspectos culturais, artísticos, históricos se contrapondo às vezes de forma crítica com a realidade e o descaso ambiental. Ora é melancólico, ora é sarcástico e ao mesmo tempo doce e suave na sua escrita e leitura.

E, foi apresentado e interpretado no 1º café Literário da AICLA pela própria autora.

Está no livro 1ª Antologia AICLA, Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Arte, organizada pela escritora Benedita Azevedo, 2012.

Desafio: Faça também sua interpretação para este poema, descubra outras facetas que a autora quis dizer sobre Itapecuru.

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