EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO E A NOVA FUNÇÃO DO PROFESSOR Um caminho para a Reflexão Um caminho para Mudança

       É bem provável que nunca tenhamos nos perguntado sobre realmente o que é educação?

No entanto Paulo Freire (1991) diz: “Ninguém começa a ser educador numa terça-feira às quatro da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”

Professora Assenção Pessoa

E

ntão se pergunta: O que é educação? Como deve ser a prática de um professor no cotidiano escolar? Quais os verdadeiros aspectos da atividade docente? O que é fundamental: a prática do dia a dia, a do senso comum, o banal ou a complexidade do conhecimento formal?                     

Afinal de contas, o que deve ser valorizado dentro desse emaranhado que é a educação?

Vejamos como é a atividade do professor numa visão mais restrita, sobe o aspecto de uma educação bancária: Um mero “dador” de aulas; “reprodutor do conhecimento”; Um piloto do livro didático; um escritor de Apostilas.

Tomamos para a nossa análise essa mesma atividade numa visão mais ampla, sob a visão de uma educação humanista: Educação por meio do ensino e da troca; Apropriação crítica, criativa, duradoura e significativa; o trabalho com a Mediação do conhecimento: busca da construção da consciência, do caráter e da cidadania plena.

Mas, para que ocorra uma verdadeira educação nesse processo ensino-aprendizagem, têm que se observar uma questão importante voltada para o professor: como vai sua auto-estima?

“Os relacionamentos mais desastrosos são aqueles que as pessoas não se valorizam; a união de dois abismos não produz um cume”.  Nathaniel Branden

Um professor com auto-estima: tem atitudes positivas, é otimista; tem capacidade de aceitação do outro, evolui com as mudanças.

 Tem e põe em prática virtudes como a honestidade, sinceridade, tolerância e acima de tudo, integridade, é corajoso, decidido, flexível, criativo, capaz de desfrutar as pequenas coisas da vida, é receptivo a novos conhecimentos, vê as pessoas como amigas e não como uma ameaça. E tem senso de humor. Valorizam idéias, pensamentos. Reconhece o fato de que o seu destino é ser feliz e promover a felicidades do outro, enfrentando as dificuldades e procurando soluções viáveis, buscando sempre inovações e criatividade.

Nós professores devemos está sempre atentos para nossos direitos mais intrínsecos: o de ser respeitado, ter um tratado de igual valor, poder manter nossos próprios valores respeitando sempre o outro, poder expressar nossos sentimentos, opiniões e pensamentos,  poder discordar ou concordar sem ser leviano, vulgar ou grosseiro,  poder mudar de opinião e cometer erros.

Com a evolução dos paradigmas devemos ter o cuidado para não permitir que nossas crenças e valores sejam bloqueados.

Olhando o professor por essa perspectiva, reflitamos alguns questionamentos:

§  Qual o caminho para o sucesso?

§  Será que existe receita pronta?

No entanto, peço que reflitam sobre alguns pontos primordiais:

Clareza, concisão e especificidade:

Como falar de forma direta e poder usar bem os exemplos explicativos?

Como não pressupor que a outra pessoa (o aluno) já sabe tudo, e que os mesmos não lêem nossos pensamentos?

Aceitar e manifestar críticas. A intenção de mudança:

―“Professor João, sua explicação ficou muito difícil de entender”.

― “Obrigada, vou ver no que posso melhorar.”

Nós devemos está flexível às mudanças. Aceitar sermos questionados por nossos alunos, colegas, ou opiniões diversas.

Veja, segundo meu conceito, algumas atitudes positivas:

1.      Tome a iniciativa. Assuma novas responsabilidades;

2.      Questione! Gere novas idéias de valor;

3.      Seja flexível;       

4.      Aperfeiçoe-se sempre. Inscreva-se em novos cursos e treinamentos;

5.      Conheça melhor seus colegas, sua equipe de trabalho. Explore o melhor do grupo.

6.      Antes de tudo: Planeje.  Prepare-se para agir em situações de risco.

Agora, afirmo e pergunto:

O ensino mudou, é fato. (Há novas formas de ensinar e aprender). E você? Mudou?

§  Quebra Paradigmas?

§  Qual seu Perfil profissional?

§  Realiza Pesquisas constantemente: Aprende pesquisando?

Após responder as questões acima, peço que reflita também sobre:

§  Que cidadão estamos formando para este momento tecnológico?

§  Qual o papel da escola neste processo?

§  Qual é o papel que o professor deve desempenhar neste novo momento?

§  Qual a relação das estratégias pedagógicas com o papel do professor?

Vejamos numa abordagem bem simplória, três exemplos de estratégias pedagógicas:

1. Levar os alunos ao cinema, praça, lixão, parques, etc.
2. Incentivar a leitura de Poesias e textos poéticos, interpretar, dramatizar, desenvolver a oralidade, etc.
3. Proporcionar Intercâmbio entre Escolas ou mesmo entre turmas e turnos diferentes.

Você leitor desse texto, no seu ponto de vista: qual o papel do professor?

§  Ser “O Detentor de conhecimento?

§  Ser o Mágico, o Expositor?

§  Ou incentivar o desenvolvimento crítico, associando conhecimento e prática, além da vivência humana.

Acredito eu, nem oito, nem oitenta. O professor deve ser o mediador, o provocador, o conciliador de situação pedagógica conflitantes. Afinal de contas, ele se encontra neste momento no centro, entre seus alunos, atividades propostas e situações conflitantes.

Qual deve ser a postura do professor frente às mudanças?

Novas Tendências Pedagógicas, novos Paradigmas, as novas formas de Avaliar (avaliação em movimento constante); novos cursos e currículos; mudanças institucionais; novos processos tecnológicos de informações e comunicações.

Que fazer diante das mudanças?

·         Acomodar-se, fechando-se e reclamando por não conseguir acompanhá-las?

·         Pensar que está tudo bem, como num paraíso e permanecer em cima do muro?

·         Ou, tomar uma atitude e tirar proveito dessas mudanças?

A mudança é inevitável. É inútil resistir. Oportunidades e riscos existem. Não temos mais aquela estabilidade de conhecimento. Atualmente este processo caminha à velocidade da luz. O que verdade hoje, amanhã, no mínimo, é questionável.

O tempo não volta. Não se pode esperar por uma estabilidade permanente. O mundo evolui muito mais rapidamente. Nossos alunos estão muitas vezes além de nós. Eles estão mias questionadores, mais vivos, mais críticos e observadores. Essa de que nosso aluno não quer nada com estudos, é uma forma que o professor encontra para justificar sua não adesão às mudanças.

Portanto, o trabalho docente deve privilegiar não somente apenas o ensino, mas, o processo ensino-aprendizagem, com ênfase de que a aprendizagem dos alunos não se dá apenas na transmissão de conhecimentos do quadro e pincel (antes quadro e giz).

É fato de que o professor não é aquele que somente ensina, mas um eterno aprendiz. Aprende com seus alunos, com a família de seus alunos, com a comunidade onde está inserida sua escola e seus alunos, com todas as formas de mudanças, enfim, com tudo que está à sua volta.

O professor deve aprender a aprender para reaprender a ensinar e mediar conhecimento, atitudes e valores.

Segundo o rondonista, Victor Barbosa Ribeiro, acadêmico da UFVJM, em uma de suas palestras (2010), aqui em Itapecuru, um profissional da educação competente deve no mínimo buscar alguns critérios para sua prática e para sua vida. Veja alguns exemplos citados por ele:

§  Planejamento.  Monte o plano de aula compatível com seus objetivos;

§  Prepare o ambiente com antecedência;

·         Sensibilize. Enfatize a aplicação do conteúdo na prática do dia a dia ou para cursos futuros;

·         Seja atento e flexível, observe seus alunos, aproxime-se deles, ouça-os;

§  Oriente atitudes, comportamentos e habilidades. Ex.: incentive a participação, estabeleça contratos, trabalhe o protagonismo estudantil;

·         Levante os conhecimentos prévios, relato de experiências com seus alunos;

·         Provoque questionamentos, discussões, desenvolva o espírito investigativo. Ex.: Promova a estruturação da representação do conhecimento. Distribua folhas com esquemas, tabelas, diagramas do conteúdo a serem preenchidos com palavras-chave ou ilustrações; Problematize (perguntas individuais, em equipe, consulta em  materiais de pesquisa...);

·         Promova a interatividade. Repita, se necessário, várias vezes pelo mesmo assunto aumentando sempre o nível de complexidade. Isso reduz ansiedades, melhora a aprendizagem além de revisar o assunto;

§  Deixe claro suas intenções e seus objetivos. Segmente a sessão em blocos/etapas e sempre que houver conclusão de assuntos, fale sobre a próxima seqüência;

§  Oriente finalidades de exercícios, trabalhos e pesquisas;

§  Reflita e discuta o “erro”, conduzindo a novos “acertos”.

§  Possibilite a aplicação dos conhecimentos (conhecimento sem aplicabilidade é conhecimento inútil).

§  Verifique o rendimento. Avalie o progresso de cada aluno. Reavalie a metodologia de ensino e a técnica de avaliação; Faça a avaliação do seu trabalho juntamente com seus alunos, e faça auto-avaliação.

§  Tenha um feedback positivo quanto às atitudes demonstradas pelos alunos;

§  Sensibilize para a aprendizagem significativa (conservação, maturidade, respeito devem sempre ser levado em conta);

§  Considere além do aspecto cognitivo, o afetivo e o psicomotor no desenvolvimento integral e lembre-se: cada aluno é um indivíduo único;

§  Dê um tempo, relaxe e lembre-se também: você também é uma pessoa única.

Concluindo, vejamos a prática pedagógica em relação às crenças do professor.

Neste mundo repleto de novas tecnologias, muito adverso, não se garante o sucesso do professor, se não superarmos nossas crenças e ideologias ultrapassadas e dedicar o nosso fazer pedagógico ao mundo da experiência, do pensamento, do comportamento que leve o aluno a viajar pelo conhecimento pleno. “As crenças são faculdades que os docentes internalizam antes mesmo de se tornarem professores, ainda como alunos. São de caráter pessoal, emocional e se articulam com o sistema hierárquico de filtragem sobre o que é verdadeiro no ensinar e no aprender”. (CAMPOS. Casimiro M. 2007)

As crenças se consolidam e interferem na prática pedagógica do professor, por que ele já internalizou tais crenças no seu subconsciente. Então quando se questiona sobre paradigmas, perfil do novo professor, mudanças, novos modelos dentro da educação, o professor se vê ainda atrelado às suas crenças e se vê espelhado nos seus antigos professores, mesmo inconscientemente. Como tudo isso está em seu interior, fica difícil para que a mudança aconteça e assim o professor possa mudar sua prática pedagógica em função do aluno de hoje.

Casimiro Medeiros de Campos (2007) fala que para modificar a ação docente frente aos novos desafios, é necessário compreender o “sistema de crenças” dos professores, propor vivências, experiências que lhes permitem a sensibilização para a transformação, dinâmicas que se atrelem ao novo fazer pedagógico. Assim é dada a oportunidade do professor se auto-superar no seu saber-fazer-pedagógico e no domínio dos conteúdos, objeto principal da docência para quem leciona.

A educação, portanto, precisa traçar este novo caminho com um novo olhar. Ver o professor com uma pessoa e não como um instrumento. Ver o professor (a) como alguém que também erra e precisa ser orientada para uma educação humanista, reflexiva, transformadora de conhecimento, de sabedoria e de humanidade. Nesse sentido, a auto-reflexão sobre a nova função do professor nos dias atuais, a sua ação docente, requer analisar essa nova identidade do docente, das finalidades educativas e da autonomia do fazer pedagógico. Afinal, saber qual o sentido da educação na prática do professor é saber o compromisso e a natureza do seu trabalho docente. Saber que a sua interferência na sala de aula, promove na vida de vários alunos, seus familiares, da comunidade onde ele vive mudanças significativas, que podem benéficas ou não.  Enfim, saber que nesta relação de duplicidade, há pessoas e sentimentos envolvidos. É assim que se formam cidadãos preparados para viver e enfrentar todos esses turbilhões de transformações pela qual estamos passando. O professor Magno Amorim, em uma de suas falas diz que “A educação é a própria vida”. Concordo plenamente, mas se não houver caminhos que nos ensine a viver com qualidade, com eficiência, com conhecimentos e habilidades para resolver, solucionar problemas e ser mais feliz, não estaremos tendo educação, ou seja, vida. Estaremos apenas desenvolvendo as habilidades dos irracionais.

Espero que este texto contribua para que alguma pessoa em situação de professor (a), mediador (a), educador (a) - não importa o nome atribuído e sim a ação desenvolvida - possa se tornar ainda melhor, ou pelo menos possa refletir sua prática enquanto faz uma palestra, uma aula ou se veja de alguma forma, dentro desse processo de ensino-aprendizagem.