sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

ALFREDO MENEZES, O CARA!

 


                                  Essa é uma história que está só começando, para dar início a uma série de Homenagens a Alfredo Menezes que o Blogger Lagusa.blogspot.com estará fazendo durante esta semana para comemorar seu aniversário de nascimento dia 11 de fevereiro próximo.

Estará presente fatos, histórias e depoimentos que revelam quem é Alfredo Menezes, o nosso Alfredinho.


                                                  ALFREDO MENEZES, O CARA!


    

                    Certo dia, um homem me falou que, o que faz o cara ser homem de verdade, é o seu caráter. O valor de um homem não está nas riquezas que ele acumula, nos carros, roupas de grife, ternos que possui, nas mídias sociais a qual ele participa, nos certificados, comendas, menções que ele recebe. O valor de um homem está no seu caráter, na formação da sua personalidade. O valor de um grande homem está na sua humildade. O que o aproxima de Deus e de seus semelhantes é a sua humildade, esse é o valor de um grande homem. E esse homem, eu tenho certeza, onde ele estiver ele estará em paz, porque ele conseguiu ser essa pessoa incrível, encantadora, responsável. Ele conseguiu ter este caráter ilibado de uma personalidade autêntica e uma humildade que o aproximou de Deus e de todos nós, e nos fez admirá-lo, com leveza, com alegria, com sutileza… este grande homem se chama Alfredo João de Menezes Filho, Alfredo Menezes. ( Assenção Pessoa)


                 11 de fevereiro de 1948. O Ano era bissexto. Quarta-Feira de Cinzas. A Lua era Nova. Era o 42.º dia do ano no calendário gregoriano. Segundo o horóscopo chinês, esse foi o ano do Rato, começando em 10 de fevereiro. Justo nesse dia nasce o predestinado a ser um dos maiores e melhores jornalista e repórter do esporte amador de São Luís, Maranhão.

                Este ano de 2021, Alfredo Menezes estaria 73 anos de nascimento.

                Alfredinho sempre foi uma criança normal. Alegre, gostava de estudar, de brincar e jogar bola. Sempre obediente e respeitoso com todos. Algumas vezes era observador, calado, mas muito prestativo, de boa compreensão e uma convivência muito agradável. É claro que, como toda criança, Alfredinho também tinha seus momentos de birra, malcriação e aborrecimentos, mas eram muito raros esses momentos. Exercia desde muito pequeno certa liderança sobre os demais irmãos e os amiguinhos.

             Adolescente,  recorda uma de suas irmãs: “Alfredinho vivia sua adolescência de forma perplexa diante de tantas contradições da vida fragmentando uma humanidade inteira. Mas aprendeu a contemplar a beleza da natureza pelo rio Itapecuru, pelas paisagens por onde brincava e passava, aproveitando bem os lugares onde morava. Sempre humilde, acatava as decisões de seus pais e os seguia por onde quer que eles fossem”.

Alfredinho, apesar de sua pouca idade era sempre muito ligado às notícias. Acompanhou a evolução política do país e do mundo e seu reflexo em sua cidade, Itapecuru Mirim. No entanto, o que ele mais gostava mesmo eram as notícias sobre o esporte, mais precisamente, o futebol. 

Nos anos 60, Alfredo experimenta sua  versão locutor juntamente com seu amigo Pedro Serra na Voz Paroquial da Paróquia NS das Dores, levando com sua voz mansa e agradável a leveza das mensagens de amor e musicais para os ouvintes locais.

Ainda residindo em Itapecuru Mirim, desempenhou a função Correspondente Esportivo da Rádio Difusora até dezembro de 1968, mudando-se para São Luís (MA) em 1970, aos 22 anos de idade para dar continuidade aos estudos.

Alfredinho nunca deixava passar os noticiários do esporte, ouvia todas pelo rádio e enviava as notícias por correspondências, cartas e telegramas via ferrovia. O estágio no telégrafo da estação de Trem acabara de lhe dá bons resultados.

 Continuar os estudos era seu maior objetivo, pretendia estudar Medicina. Sempre trabalhando com humildade, mas, o trabalho não o tirou da escola. Após a conclusão do Curso Normal Ginasial, deixava para trás a pequena cidade de Itapecuru Mirim, a casa de seus pais, Alfredo e Concita, seus irmãos, vindo em busca do tão sonhado curso de Medicina. Morando com os Padrinhos, sempre teve toda liberdade para buscar seus sonhos, ingressando no Colégio Estadual do Maranhão (Liceu Maranhense) onde concluiu o curso Ginasial Segundo Ciclo Secundário, correspondente ao Científico (atual Ensino Médio).

O reencontro com J. Alves e Edir Garcia (que havia conhecido ainda em Itapecuru Mirim)  lhe rendeu novo convite para atuar como estagiário desportivo, o qual aceitou prontamente. A paixão pelo esporte falou mais alto e Alfredinho buscou desempenhar muito bem suas atribuições como estagiário, buscou se profissionalizar e tornou-se o Alfredo Menezes que todos conheceram.

Ingressou na rádio Difusora, agora não mais como Correspondente, mas como estagiário, onde o jornalismo da época era bem complicado buscar as notícias. Concluído o tempo de estágio, foi convidado para trabalhar como foca, aquele jornalista recém-formado, que ainda não tem vasta experiência na profissão e pouco tempo de redação, para cobrir as notícias do esporte. Falo aqui do foca no sentido afetivo, do aprendiz de repórter.

Alfredo cobria os treinos de futebol e plantonistas. Ouvia todas as notícias das rádios nacionais sobre todos os tipos de esportes. Tanta dedicação, três anos mais tarde lhe rendeu a função de rádio escuta, como o próprio nome diz, ficava em busca de uma boa “pauta quente do esporte nacional”. Responsável por encontrar notícias novas, monitorar a concorrência e passar o lead (informações básicas) para os demais da redação, como pauteiros e chefes de reportagem, passando a enfrentar novos desafios e vendo novas portas se abrindo dentro do jornalismo desportivo do Maranhão.

Uma nova fase em sua vida. Sempre disciplinado Alfredo Menezes aprendeu a manusear os diversos botões dos mais variados aparelhos de rádio e, assim poder está bem informado, com todas as notícias do esporte simultaneamente em todo o país e poder divulgar na rádio Difusora. Apesar da timidez, às vezes chegava transmitir as reportagens ao vivo nos plantões do esporte.

Daí, foi um passo para que Alfredo Menezes conquistasse o auge do reconhecimento no jornalismo esportivo nos seus 37 anos de o jornal O Estado do Maranhão.



De sua irmã Maria da Paz, Nhazinha

Professora aposentada.

            Eu e Alfredinho fomos criados separados. Ele foi criado por nossos pais e eu por uma tia de minha mãe, Áurea Helena. Tínhamos uma diferença de idade de 08 anos e não compartilhei muito do desenvolvimento de meu irmão. Alfredinho foi sempre um jovem exemplar, de uma bondade sem tamanho. Sempre ajudando o próximo. Nunca perdeu essa arte de ser bom. Fazendo uma retrospectiva de nossas vidas já adultas, lembro que Alfredinho era sempre muito alegra, demonstrava felicidade, sempre sorridente e com palavras carinhosas com todos nós. Eu era a sua irmã mais velha, ele sempre muito respeitoso e com grande demonstração de afeto para comigo. Em tempos de que tomar a bênção é um caso raro, Alfredinho nunca perdeu este hábito, nem comigo, nem com Consuelo.

            Nós família passamos bons momentos em sua companhia. Nas datas de aniversário, nas festas de São Benedito em nossa cidade Itapecuru Mirim, e às vezes, nem precisava de motivo para estarmos juntos.

            A última vez que nos encontramos foi em janeiro de 2020. Eu estava completando meus 80 anos. E por coincidência, a sua afilhada muito querida Laiza Mirella estava completando seus 15 anos. Ela dia 15 de janeiro e eu 24. Alfredinho estava celebrando conosco estas duas datas. Foi realmente muito gratificante. Este encontro foi muito feliz. Fomos visitar o povoado Filipa, município de Itapecuru Mirim, um desejo antigo de rever o lugar onde morou por algum tempo como nossos pais. Encontramos moradores dessa época, conversamos, lembramo-nos dos velhos e bons tempos de nossa mãe Concita, a professora do lugarejo. Completamos nosso passeio por vários lugares de nossa cidade. Eu, Alfredinho, nossa irmã Consuelo e uma sobrinha Terezinha, filha de Consuelo. E pra fechar esse dia tão abençoado fomos a uma sorveteria, que como de costume íamos todas as vezes que ele estava conosco.

            Alfredinho foi um irmão que apesar de mais novo, ao se tornar adulto, sempre foi referência para todos nós. Bom filho, bom afilhado, bom irmão, bom tio, bom padrinho, bom amigo.

            Quando meu irmão foi contaminado pela COVID-19, preparei uma mensagem para ele, da qual compartilho esse recorte: “Alfredinho, você sempre foi um vencedor em todos os seus objetivos. Agora irá também vencer este momento tão difícil. Deus é o melhor médico...”. - Não tive mais tempo de compartilhar com ele.




       
Por
Ana Coaracy

Jornalista, editora de Cidades do jornal O Estado do Maranhão

 

Falar ou escrever um pouco sobre seu Alfredo é sempre bom. Encheu-me os olhos d'água lembrar como acabávamos rindo nas nossas conversas... Saudades.

Quando cheguei à redação de O Estado, lá pelo ano de 1996 seu Alfredo já estava lá há muito tempo, com seu jeito tranquilo e sorriso doce. Lembro que não foi difícil gostar dele, porque inspirava paz. Sua conversa era leve e a voz macia. 

Responsabilidade e amor pelo trabalho era sua marca registrada, além das camisas do Vasco da Gama, seu time do coração. Impossível ver um jogo e não lembrar o torcedor ranzinza, que ele era. Lembro que em fins de semana de jogo do nosso time -, porque também sou fã - era divertido vê-lo fazer a festa, ou ralhar, de acordo com o placar. E as derrotas não passavam incólumes, já que as discussões sobre futebol percorriam toda a firma.

Aos domingos, todos trabalhados por ele, eu já sabia, seu almoço era em Itapecuru Mirim. Lá, via os amigos e familiares, depois voltava e fechava suas páginas, com sua calma peculiar. Perguntei, certa vez, se não era cansativo, e ele sorriu, fechando os olhos, e negou. Falou que era uma boa rotina. Boa comida e bom trabalho.

Eu via seu Alfredo como um homem pequeno e incansável, que fazia questão de trabalhar de segunda a domingo, porque era o que gostava de fazer, que costumava ir do bairro São Francisco - onde trabalhávamos - até o bairro Liberdade - onde residia -, à pé, simplesmente por gostar de aproveitar a paisagem. Segundo ele, já era um exercício.

E cansei de vê-lo atravessando a Ponte José Sarney, indo ou vindo, com suas passadas leves, sentindo a brisa marítima na careca brilhante, impecável com uma de suas camisas sociais e gravata. Na minha curiosidade, porque tinha esse espaço com ele, perguntei também, porque usava roupas sociais no trabalho. Sempre sorrindo e com paciência, me explicou que não tinha muito onde usar, já que não participava de tantas festas assim, então achava melhor vesti-las para não se perderem. Com isso, seu Alfredo fazia do seu dia a dia as festas que não participava e todos nós, aprovávamos o figurino. 

Fiz muitas perguntas ao seu Alfredo ao longo dos anos e ele também criou o hábito de me perguntar, quando queria saber algo da redação. Conversávamos quando estávamos sós, nos corredores, na redação, aos fins de semana. Durante o resto do tempo era uma correria, e ele estava sempre concentrado. Chegava cedo, atendia seu público e trabalhava com afinco e silêncio. 

Era muito querido e sempre será lembrado como exemplo de retidão e responsabilidade. Sua perda deixou uma lacuna dolorida. Mas, pelo menos temos as lembranças, o grito de gol, o sorriso que fazia os olhos se fechar, a voz doce, e o amor pelas músicas de Roberto Carlos. Queria ter podido fazer mais perguntas a seu Alfredo.

               (Entrevista concedida, jan/2021)


    Por Iziane Castro

Atleta Olímpica de Basquete; Membro da Comissão Atlética da Confederação Brasileira de Basquete; Fundadora e Diretora do Instituto Iziane Castro.

 

Relação com Alfredo: a minha relação com o Alfredo começa com o irmão de dona Socorro. Dona Socorro era nossa vizinha há muito tempo e Alfredinho o seu irmão, então, antes de ser o colunista de esporte, ele era nosso vizinho, nosso amigo. E obviamente, já desde o início da minha carreia, nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), aos 12 anos, ele começa a publicar matérias a meu respeito, e a partir daí, acompanha toda essa minha trajetória dos meus 22 anos de basquete. Da coluna do Alfredo temos relatos da Iziane dos 12 anos, de quando eu comecei, até a Iziane, aos 34 anos quando me aposento das Olimpíadas do Rio. Nós sempre tivemos um convívio de muita amizade, por ser vizinhos, por sermos do bairro da Liberdade (São Luís/MA). Alfredo sempre foi uma pessoa, em que o Clovis Cabalau, se expressou muito bem, em uma de suas entrevistas, quando ele diz que o Alfredo era uma pessoa que amava o esporte, amava os desportistas e sempre demonstrou respeito por todos. Alfredo nunca falou mal de algum esporte, de algum esportista, eu penso que ele era daquela linha de atuação em que, “se não eu puder falar bem e agradecer, eu não falo”, e por isso ele foi tão querido por todos, E, comigo não foi diferente. Era uma pessoa que nós todos o amávamos, a minha família, meus pais ficaram muito tristes ao saber do seu falecimento. Sempre foi uma pessoa que a gente sabia que ia sempre engrandecer o esporte, no engrandecer nas suas matérias, sempre fazia questão de me acompanhar todas as vezes  em que eu regressava a São Luís, colocar uma nova reportagem do meu trabalho, e é isso, a nossa história é uma história de muitos anos.

Carinhosamente Alfredinho, assim nós o chamávamos. Ele foi uma pessoa que marcou muito a minha vida. Muito Importante na minha história.

Eu fiz Natação desde os 7 anos, mas nunca competir, também fiz ballet, bem mais nova, acho que aos 4 anos de idade, mas o Basquete que foi o esporte de competição.

Alfredo o vizinho: Alfredo era uma ‘figura’ (risos). Nosso último encontro lembro-me bem, foi aqui mesmo na Liberdade, quando ele vinha da padaria pela manhã e eu já brigando com ele, por que estava sem máscara. Ele como sempre tranquilo gesticulou com a cabeça e sorriu.

Mensagem: Alfredo sempre foi uma pessoa que amava o esporte e as pessoas, ele era isso mesmo. Sempre cuidou de enaltecer, engrandecer, em dá visibilidade a todos, prestigiar não só os atletas olímpicos, como eu fui, mas desde aquele da base, e fazia questão de colocar na sua coluna, falava bem de todos, sem discriminação. Que os novos colunistas da área de esporte tenham esse senso de respeito e igualdade entre todos os tipos de atletas e principalmente, os do esporte amador. 


 Entrevista concedida gentilmente por Iziane Castro.



PARABÉNS SEU ALFRED!












 

 Assenção Pessoa. Sobrinha de Alfredo Menezes. Professora, escritora, membro da  Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA).

4 comentários:

  1. O ponta-pé foi dado. Muitos gols serão contabilizados e comemorados. Alfredinho vive em nossos corações! Biguá & Tânia

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  2. Parabéns, é um grande homem...😥😥😥

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  3. Parabenizo a amiga Assenção Pessoa pela iniciativa de homenagear essa pessoa tão querida por toda família. Seu legado sera eterno.

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