ALFREDO MENEZES, O CARA!
SYDNEY
(2000), A COROAÇÃO E O RECONHECIMENTO
(Da reportagem “Na
expectativa de ir a Sidney” e depoimentos, do Jornal O Estado do Maranhão,
14/08/2000, Caderno Esporte)
Das
mais diversas coberturas jornalísticas que Alfredo Menezes realizou, a Paraolímpica
de Sidney foi a que mais o marcou, a qual ele gostava de conversar e mostrar
suas lembranças.
As
paraolimpíadas de Sydney foi para Alfredo Menezes um novo paradigma na sua vida
profissional. Do ponto de vista de uma competição olímpica, Sydney foi a
coroação do seu legado no jornalismo desportivo do Maranhão. O momento
histórico na vida de Alfredo Menezes.
É o reconhecimento ao Jornalista
internacional, onde Alfredo Menezes
tendo seu ápice estar nas Paraolimpíadas de Sydney/Austrália, em 2000. Atendendo
prontamente ao convite do Comitê Olímpico Brasileiro, Alfredo tratou logo de
arrumas as malas e afinar seu inglês. Essa foi a sua primeira cobertura
internacional, um prêmio por seu trabalho e sua competência dentro do esporte
do Maranhão.
A rota visitou a capital de cada estado da Austrália e tal
como a tocha olímpica foi igualmente foi centrada na região metropolitana
de Sydney, dando prioridade ás comunidades que não receberam o
revezamento da Tocha Olímpica.
Depoimentos ao Jornal o Estado, em 14 de agosto de 2000,
quando da ida de Alfredo às Paraolimpíadas de Sidney demonstra o valor desse
profissional para o esporte e os desportistas maranhenses.
“Minha ligação com Alfredinho é antiga. Nossos pais foram
compadres, ele era o afilhado. Morou conosco e desde e sempre se mostrou muito
pacato, criterioso, sério, poucas amizades. Tinha o ideal de ser jornalista e
assim conseguiu. Itapecuru e particularmente nós, seus irmãos, nos sentimos
horados em tê-lo como o principal editor de esporte amador do jornal O Estado
do Maranhão. Sua ida a Sidney vem coroar seus 30 anos de trabalho”.
(José
Raimundo Cardoso foi bancário e cantor profissional)
AS NOTÍCIAS
DO ESPORTE AMADOR
A coluna Esporte Amador, como o próprio
nome já diz, era um espaço do jornal O Estado do Maranhão voltado para dá
credibilidade, visibilidade e crescimento de todas as modalidades do esporte
maranhense.
Parceiro das diversas
gerações de profissionais de jornalismo Alfredo Menezes soube
cativar todos os Clubes, Ligas, Associações esportivas sociais e olímpicas, bem
como seus atletas iniciantes e profissionais dentre as mais diversas
modalidades e categorias.
O espaço bem usado por este jornalista e
colunistas deu ampla divulgação aos torneios de interbairros, como, os
campeonatos de futebol Master da Maioba, do Anil, Bairro de Fátima, Parque
Pindorama, Vila Embratel, Vila São Luís, chegando a Paço do Lumiar e muitos
outros.
Eram
divulgados, incentivados a crescer:
Os Campeonatos Society (Tigre, Primavera, Marília, Vera Cruz,
etc.), Campeonatos Master, Rodoviários, os torneios Infantis, os Interbairros
de futebol amador. Clássicos como os da Vila Famosa, Vila Nova, O Tênis de
Mesa. Era sempre destaques, a Arena Viva Águas, no Renascença II e os Jogos
Escolares (JEMs). Desde campeonato de botão e boliche ao futebol, o mestre dos
mestres no esporte, Alfredo dava sempre destaque em sua coluna, sem
discriminação ou supervalorização de um ou outro esporte.
Os Vitaminados, um grupo clássico de futebol amador de São
Luís, os Catuabas, o Narigão (Associação Atlética Narigão) eram sempre notícias
do momento.
A Copa Primavera de Voleibol promovida pela Associação
Atlética do Banco do Brasil (AABB) tinha um sabor esportivo especial, pois
ainda leva como prêmio o Troféu Alfredo Menezes, homenagem que ganhou por mérito
e dedicação, assim como, a Copa Alfredo Menezes de Handebol, promovido pela
Federação Maranhense de Handebol.
Noticiava as corridas sócias educacionais e ecológicas, como
por exemplo, a corrida Trânsito sem fratura promovida pela Sociedade Brasileira
de ortopedia e Traumatologia Regional do Maranhão (SBOT-MA). Todas as
atividades desenvolvidas no SESC, no Ginásio Costa Rodrigues, no Colégio Dom
Bosco, Centro Universitário Estácio. Razão de tanto zelo lhe rendeu várias
homenagens por estas instituições. Na Faculdade Estácio tem a quadra esportiva
que leva o nome Alfredo Menezes.
Tinha atenção especial pelos esportes olímpicos, uma vez em
que eles são importantes principalmente por despertarem o interesse da
população pelas práticas esportivas além de trazer inúmeros benefícios tanto
para o corpo quanto para a mente, passando uma mensagem de união entre as
nações e despertando o espírito de fraternidade entre os atletas. Foi com essa
visão que Alfredo Menezes sempre destacou o Atletismo, o Ciclismo, a Ginástica,
as Lutas como o Judô e o Karatê, a Natação, e várias outras modalidades
enaltecendo seus atletas e técnicos, bem como seus clubes e escolas.
Alfredo também procurava agradar os familiares e os atletas
publicando em sua coluna mensagens de um feliz aniversário. Nessas mensagens
eram incluídos os filhos dos atletas, os sobrinhos, os afilhados que tinham
alguma ligação com o esporte. Era uma forma de enaltecer e estimular os atletas
a sempre buscar o melhor.
Mesmo aposentado continuou
sendo considerado uma referência na seara do esporte amador, pois contribuiu
muito com sua simpatia, humildade e experiência para marcar a vida de muitos
esportistas e atletas amadores, incentivando e sendo homenageado com muitos
torneios amadores com o seu nome, como a Medalha Alfredo Menezes da Academia
Viva Água. Fez da sua vida jornalística uma doação, um defensor de todos os
esportes, sobretudo o amador.
Da coluna Esporte Amador, Alfredo viu crescer e se
profissionalizar muitos dos seus pupilos e pupilas iniciantes, viu tornarem-se
atletas estaduais, nacionais e internacionais. E cada um desses atletas deve
muito agradecer a esse colunista que deu oportunidade e visibilidade quando
divulgava e engrandecia cada atleta na sua categoria, agregando valores aos
seus currículos e elevando-os até o grau maior de sua profissionalização e
reconhecimento. É impossível não reconhecer esse mérito de Alfredo Menezes, esse ilustre senhor ‘Gentileza’,
senhor ‘Generosidade’, o ‘seu Alfred'.
COPA PRIMAVERA DE VOLEIBOL – TROFÉU ALFREDO
MENEZES
(fonte: reportagem do jornal O Estado do Maranhão, 08/11/2013, outros esportes)
A Copa Primavera de Voleibol – Troféu Alfredo
Menezes é uma competição promovida pela Associação Atlética do Banco do Brasil
(AABB) desde a sua criação em 2008. Foi idealizado pelo casal de ex-atletas
Ivan Sarney e Janaina Ribeiro.
Janaina Ribeiro, atleta do voleibol maranhense,
atuou na Escola Freitas Figueiredo, nos Jogos Escolares Maranhense, além da
Seleção Maranhense em todas as categorias.
Ivan Sarney pratica artes marciais, como o
judô, karatê e jiu-jítsu, além de outras modalidades como atletismo, basquete,
vôlei, futsal, handebol, natação e capoeira.
A Copa é um evento que faz parte das atividades
comemorativas de aniversário de fundação da Associação e que congrega todos os
funcionários do Banco do Brasil. Tem como apoio a Federação Maranhense de
Voleibol.
O troféu que leva o nome Alfredo Menezes é o
grande destaque de premiação final dos jogos. Alfredo Menezes foi escolhido por
sua grande atuação no esporte amador e profissional, sendo ele na verdade o
grande homenageado por ter se destacado como o profissional do esporte que
congrega profissionalismo, respeito e amizade por todos os atletas de todas as
modalidades esportivas. Uma pessoa ímpar que sempre valorizava e dava
visibilidade aos clubes e atletas amadores e profissionais de São Luís/Ma.
Alfredo recebeu várias premiações e homenagens
por seu desempenho no jornalismo esportivo, dentre eles:
A Medalha
do Mérito Esportivo Fausto dos Santos, em 1987; Diplomas de Honra ao Mérito, pelos serviços prestados à Sociedade
Maranhense, em 1996 e 1998; o Prêmio
Simão Estácio da Silveira, em 2000 (maior horaria do município de São Luís);
Diploma de Homenagem Especial, em
2013, pela Câmara Municipal de São Luís.
Recebeu do Governo do Estado do Maranhão em
1987, a Medalha de Honra ao Mérito
Desportivo e a Medalha da Ordem dos
Timbiras, o grau de Comendador do IV Centenário de São Luís, admitidas a
personalidades que se destacaram por relevantes serviços ao Estado do Maranhão,
especialmente nas áreas humanas.
Pela Federação Maranhense de Karatê Point, em
1997, o Certificado de Honra ao Mérito,
pela divulgação e apoio ao desenvolvimento do Esporte Amador em São Luís.
Ainda em 1997, Alfredo recebeu carinhosamente
da Federação Municipal de Departamentos Autônomos de Desporto e Clubes de São
Luís o Certificado de Agradecimento
pelo grande apoio jornalístico, da Academia Lecrisfer de Karatê o Certificado
de Amigo do Karatê e da Federação
Maranhense de Culturismo e Musculação o Certificado de Convidado Especial do
III Campeonato Maranhense – 1997.
Certificado de Amigo do Atletismo pela Federação de Atletismo do Maranhão (FAMA),
em 2004.
Homenagem
Especial, Melhores do Ano, em
2005, pela Federação Maranhense de Futebol de Salão.
Mérito
Esportivo Rubem Goulart.
Pelos serviços prestados ao esporte, o Conselho Estadual de Esportes do
Maranhão (CEEMA) confere a Alfredo Menezes o Diploma da Comenda da Ordem do
Mérito Esportivo Rubem Goulart, no ano de 2003.
Alfredo declarou na época: “Ser premiado com a
medalha que leva o nome de um dos ícones do esporte maranhense é uma alegria. É
o reconhecimento pelos meus 31 anos de jornalismo”. (Jornal O Estado do Maranhão – Esporte, São
Luís 20/12/2003, por Flávia Lopes Vieira)
O Mérito Esportivo Rubem Goulart é considerado
o Oscar do esporte maranhense.
Foram muitas menções de reconhecimento pelo seu desprendimento e dedicação ao Esporte, principalmente o Esporte Amador.
HOMENAGEM PÓSTUMA
O Estádio Municipal Nhozinho, o gigante da Vila Passos, após ser reformado, na sua reinauguração quando é entregue à população de São Luís, em 05 de setembro de 2020, o Prefeito Edivaldo Holanda homenageou nomes que fizeram história na crônica esportiva maranhense. Alfredo Menezes, dentre outros jornalistas, que se notabilizou no esporte e assinava a coluna diária do Esporte Amador do jornal O Estado, recebe em sua homenagem e em reconhecimento do seu relevante legado com uma Cabine de Transmissão que leva seu nome.
AS
PAIXÕES
Paixão esse sentimento forte de atração por uma pessoa, uma atividade ou um tema. Sentimento intenso, envolvente, um entusiasmo ou um desejo forte por qualquer coisa ou causa. Um ávido interesse ou admiração por um ideal.
Assim era Alfredo Menezes. Esse homem de poucas palavras e muitas emoções. Solteiro por convicção, por escolha. Mas não se pode dizer que Alfredinho não tenha experimentado de pequenas e grandes paixões.
A primeira paixão se registra pelo seu Clube de Futebol, o Clube de Regatas Vasco da Gama. Vascaíno roxo, Vascaíno doente, como bem coloca Edvaldo Pereira e Tânia Biguá, era do tipo que ficava zangado quando o clube perdia na mesma proporção em que caçoava de todos em dias de vitória.
Assistir ao rei Roberto Carlos. Alfredinho era um fã das músicas do cantor Roberto Carlos. Uma das músicas que lembra o Alfredo era Como é Grande o meu amor por Você. Todas as vezes que havia show do rei em São Luís, Alfredo ia assistir e ainda costumava ofertar ingressos para os irmãos, sobrinhos e afilhados.
Outra paixão de Alfredo, a família. Alfredinho era uma pessoa que preservava a família. Sua mãe era sua grande referência. Dedicou-se extremamente aos sobrinhos e aos afilhados. Era tradição celebrar seu aniversário, bem como e de todos os irmãos em família. Mesmo sem festas, Alfredo costumava ir almoçar como os irmãos. Quantas vezes viajou para sua cidade Itapecuru Mirim só para almoçar, ou jantar com suas irmãs, e mesmo com seus sobrinhos e afilhados?
A profissão. Alfredo se dedicou tanto à
sua profissão que não sabia mais separar o homem do profissional. Ele vivia para
o Jornal onde trabalhou nos seus últimos 37 anos, até que veio a aposentadoria.
Alfredo não era somente o jornalista, o editor, ele se
preocupava com o atleta, respeitava, fazia amizades e era respeitado.
Em família |
De sua sobrinha Terezinha de Jesus
O Alfredinho era uma pessoa muito querida por todos nós, um tio amado, uma pessoa que, para ele, tudo estava bem e bom. Gostava de brincar, era serio também quando seu time do coração, o Vasco, perdia para outro time, principalmente para o Flamengo.
Quando se juntava com os irmãos gostava do passado e da infância. Contavam lorotas e ele sempre dizia: “isso é coisa de Cecelo e Siba”... E nós que estávamos a ouvir essas conversas, perguntávamos para ele: “e porque não é coisa de tia Nhá também? Ela é a mais velha e lembra-se de tudo?”...Então seu Alfredo com aquela voz mansa, nos respondia: “Nhá, não. Tira Nhá dessas invenções de vocês”, e assim, todos nós acabávamos na risada.
O tio Alfredinho para nós seus sobrinhos representava um papel de pai, mesmo para aqueles que ainda tinham pais vivos. Sempre primava pela união da família, por que ele achava importante.
Um fato que vai ficar guardado nas nossas lembranças foi nosso último passei no povoado Filipa/Itapecuru Mirim, onde fomos recebidos por dona Nielza e seu Bernadino no dia 17 de janeiro de 2020. Foi muito bom e divertido. Voltar ao lugar onde Alfredo viveu parte de sua infância foi muito gratificante, principalmente por vê-lo alegre com aquele reencontro.
O amor que ele demonstrava pelos irmãos, sobrinhos e afilhados era grande demais. Ele não teve filhos, mas a retribuição desse amor já compensava esse vazio. São essas lembranças que vamos guardar para sempre em nossas memórias e em nossos corações.
Não tenho palavras para descrever o Alfredo Menezes. Ele era tudo de melhor que existe em um ser humano. Lutou muito para chegar aonde chegou. Um dos seus sonhos, conhecer Sidney, Austrália, o que foi plenamente realizado quando ele foi para cobrir as Paraolimpíadas em 2000. Conhecer todas aquelas pessoas com deficiência lutando por seus objetivos, foi uma grande emoção para ele.
Eram um jornalista esportivo considerado um dos melhores no Maranhão. E jamais esta memória será esquecida pelos atletas e pelos clubes que ele ajudou, tanto os de Itapecuru Mirim, como os de São Luís.
Alfredinho era realizado a cada homenagem que recebia. Hoje só nos resta a saudade e as lembranças, que como disse, jamais serão apagadas de nossos corações e pensamentos.
Como
dizia o próprio Alfredo: “Eu sou o cara”, e nós reafirmamos: “Você é o cara, tio
querido”.
De sua afilhada Laiza Mirella
Do
meu padrinho só guardo bons momentos. Ele que me acompanhou desde que eu nasci.
Acompanhou minha educação até o último momento. Hoje, olhando para trás, revendo
nossos bons e únicos momentos, dentre tantas coisas que ele fez por mim, dentre
tanta manifestação de zelo por mim, por meus pais, meu pai Hugo, seu sobrinho,
eu só tenho a agradecer a Deus por ter tido o privilégio de ser sua afilhada.
Seu amor por mim foi incondicional, foi de um segundo pai. Lembro, estivemos
juntos, o dia todo em São Luís, antes do meu aniversário de 15 anos, fazendo
fotos para um book, ideia de minha avó (risos). Lembro, nesse dia, foi muita
chuva na Ilha, estávamos no Reviver, e meu Padrinho ali, tranquilo, paciente e
muito atencioso. Ele tinha levado seu Bené, um fotógrafo amigo dele para fazer
as fotos. Foi um dia incrível. No meu aniversário de 15 anos foram os nossos
últimos momentos juntos. São lembranças e saudades que se completam e se
misturam. Meu padrinho Alfredo Menezes foi um anjo na minha vida.
De Mário Alex (sobrinho) - 09 anos
Meu
tio Alfredinho foi um cara muito legal. Eu gostava de passar a mão naquela
carequinha dele. Ele era muito bonzinho, alegra e divertido. Eu gostava a
companhia dele. Eu ainda sinto muita falta dele.
Por Eduardo Lindoso Moraes
Jornalista.
Coluna Cidades do jornal O Estado do Maranhão
Quando
entrei no jornal O Estado, em 2008, como estagiário, fui trabalhar na editoria
de cidades, e, por questões de divisão de horário e funções editoriais, não
tive muito contato com o Seu Alfredo, me desculpe a informalidade, mas eu
sempre o chamei desta maneira e acredito que assim ele flutua com mais clareza
no meu imaginário. Pois bem, porém, mesmo não trocando muitas palavras, sempre
o via, nos momentos de descontração, discutindo pelo seu amado Vasco da Gama ou
falando sobre algum dos inúmeros esportes que ele era apaixonado. Sabia que na
hora que ele me desse um espaço, seriamos bons amigos de redação, mesmo eu
sendo flamenguista, por se tratar de dois apaixonados por esportes. Um ano
depois, enfim, ganhei a oportunidade e fui trabalhar diretamente com ele. Daí, fui
saber que aquele baixinho era muito mais do que apenas um fã de esportes – se
tratava de um ser humano especial.
O
primeiro contato foi o melhor possível, ele me acolheu, me ensinou, teve paciência
e, acima de tudo, sempre fez questão de me incentivar, palavras que são
clichês, mas, de fato, são os verbos que não terei como fugir para descrever
esse início de amizade e companheirismos profissional. Trabalhamos juntos por
mais de 10 anos, aí vieram as pequenas rusgas do dia a dia, o puxão de orelha
mais ríspido, e situações normais entre pessoas que convivem e trabalham por
tanto tempo.
Seu
Alfredo (ou Alfredinho, como os mais velhos da redação o chamam até hoje), era
rígido, sério, até um pouco turrão, porém é impressionante lembrar neste
momento, aqui escrevendo sobre ele, o quanto ele era protetor. Cobrava
bastante, era intolerante com atrasos e falta de agilidade, mas me defendia com
unhas e dentes fora do nosso setor na redação – o baixinho era brabo, mas tinha
um coração que não cabia naquele corpo.
Às
vezes, eu pensava como alguém tão calado, tímido, como era Seu Alfredo, reunia
tantas pessoas que gostavam dele? Já que nós partimos da lógica social de que
as pessoas mais descontraídas e falantes tendem a ter mais amigos. Foi aí que
comecei a entender, em uma visão bem particular, como aquele baixinho, de
poucas palavras, e bastante observador, arrancava a admiração de tanta gente.
Cheguei à conclusão que ele era mais apaixonado pelas pessoas do que pelo
esporte, uma de suas paixões, é lógico, e usava sua ferramenta profissional
para se aproximar e cuidar de forma bem carinhosa dos outros.
Era
muito legal ver a relação que ele tinha com atletas, que em sua maioria ele
acompanhou a carreira desde criança, os país desses atletas, e familiares.
Essas pessoas ligavam, e ligam até hoje, posso dizer que herdei até algumas
amizades, para falar com Seu Alfredo. Era uma relação de carinho mesmo, ele
visitava esses amigos, recebia visitas, tinha a admiração de todos. Não à toa
era festejado como poucos ao chegar às competições, principalmente as dos
esportes olímpicos, e eu fui testemunha deste carinho nas vezes que cheguei com
ele nos ginásios e outras praças esportivas. Seu Alfredo era adorado pela
galera do vôlei, do futsal, do basquete e por aí vai – vários campeonatos,
inclusive, levavam o seu nome, e isso sempre me despertava uma enorme
admiração, afinal de contas eu tinha o privilégio de trabalhar com ele.
Enfim, me reservei a falar sobre Seu Alfredo no seu ambiente de trabalho, onde nós mais nos relacionamos, porém não posso esquecer às vezes que almoçamos na casa da família da jogadora de handebol, medalhista olímpica, Ana Paula, na Liberdade, bairro que ele viveu por muitos anos também. Acabei conhecendo muita gente através deste eterno companheiro de trabalho, e até hoje me lembro do quanto ele era admirado por todos, o que me leva à seguinte conclusão: “É, realmente eu estava certo, precisava me aproximar daquele baixinho birrento”.
Por Seu Bené Moraes
Benedito
de Moraes da Conceição. Fotógrafo e amigo. Trabalhou no jornal O Estado do
Maranhão
Alfredo eu o conheci quando fui trabalhar no jornal O estado do Maranhão, que até então, só o conhecia de nome, em de outros trabalhos como em rádios. Quando o conheci pessoalmente, e fizemos amizade, vi que ele era uma pessoa extraordinária.
Aprendi muito com ele. Passei a cobrir o esporte amador à noite, então toda noite tinha pauta. E ele era aquela pessoa simples, até para pedir, o cara tinha aquela humildade, uma forma diferenciada, “seu Bené eu só vou querer 5 minutos só, destaque fulano, fulano, fulano, faça uma do técnico, da mesa, juízes, aí o senhor está liberado”, nas reportagens dele, ele sempre falava de todos ali, envolvidos.
Não era aquela pessoa exigente, arrogante, sempre muito tranquilo. A partir daí passamos a ficar mais amigo, eu frequentava sua casa, convivia com sua família, e ele a minha casa. Ele gostava muito do meu trabalho, quase todos os registros da família, dos afilhados e sobrinho era eu quem fazia. Além do nosso contato do trabalho, passamos a sermos amigos.
É muito difícil falar assim de Alfredo sem se emocionar, ele era um cara extraordinário. Pera mim foi um prazer enorme ter conhecido Alfredo, foi de uma alegria imensa ter convivido com ele, uma cara muito homenageado, condecorado. O bom é que Alfredo teve a oportunidade de ver seu trabalho reconhecido e respeitado. Aqui em São Luís eu acredito que não teve um repórter mais homenageado do que ele.
Uma boa lembrança: Uma das coisas que me chamava atenção era o fato dele ir caminhando do jornal até o Costa Rodrigues caminhando. Mesmo oferecendo carona, ele preferia caminhar. Ele ficava no jornal, quando dava entre 18 e 19 horas, a gente já ia saindo, e ele vinha pro o Costa Rodrigues, e vínhamos também pra fazer a matéria. No caso, eu, Valdirene, Vania Rodrigues, Ana Coaracy, a Jaqueline, a Flora, (todos nós trabalhávamos com Alfredo)... E nós o chamávamos ele carinhosamente de ‘seu Alfred’. E nós sempre oferecíamos uma carona, “seu Alfred, não quer uma carona”, e ele sempre respondia, “não, não”, sempre muito tranquilo. E ele vinha com aquela caminha dele do jornal até o Costa Rodrigues, e do Costa Rodrigues, ele ia para casa, sempre caminhando. E isso era rotina.
O dia 27 de abril de 2020: foi uma surpresa tão grande,
quando recebi a notícia pelo WhatsApp. Com 15 dias antes, eu já tinha saído do
jornal, mas estava na Secretaria de Comunicação do Município de São Luís, e eu
pego o ônibus em frente ao terminal, sentido a Praia Grande. Encontrei com
Alfredo, ficamos conversando, pegamos o mesmo ônibus, chegando às Cajazeiras,
ele desceu, seguindo aquele jeito dele tranquilo, calmo. 15 após, recebo essa
fatídica notícia do seu falecimento. O que me fez mais triste da perda do meu
amigo, foi não poder tê-lo visto pela última vez. Com essa Pandemia do Coronavírus,
não podemos velar seu corpo, chegar perto. Foi isso que mais me entristeceu,
até hoje quando lembro me emociono, me custa acreditar que Alfredo partiu.
Mensagem: A dedicação e amor pelo esporte amador. Esse foi
grande legado de Alfredo Menezes.
Bruna
Maria Paixão Castelo Branco, Jornalista. No Jornal O Estado Do Maranhão Desde
2007.
“Comecei como estagiária”.
Conheci Alfredo na Redação do Jornal. Ele sempre foi uma
pessoa gentil. Assim que entrei, ele estava fazendo uma cobertura dos 50 anos
do jornal, e eu já saí na coluna dele, uma foto que tínhamos feito, e ele a colocou
na sua coluna de forma muito surpresa e foi bacana, pois, assim de cara, como
estagiária e já ser percebida por ele e ter o respeito dele, ver meu trabalho
já ser valorizado por um companheiro de redação foi muito legal. Eu tinha
acabado de entrar, Alfredo já era referência, como colunista... eu lembro que
fiquei muito feliz (risos).
Alfredo era uma referência, sempre presenciei as pessoas virem na redação falar com ele, e teve uma vez, alguém relacionada à natação infantil, o procurou na redação. A moça até se emocionou com a recepção de Alfredo, pois foi um dos primeiros a incentivar e falar sobre o tema na coluna dele. Isso me marcou. Uma lição de vida eu presenciei ali. Ele era um grande incentivador do esporte maranhense como um todo. A prova disso é a quantidade de prêmios e troféus que leva o nome dele. Ele era muito respeitado na sua área e aqui na redação. Para mim, o que fica mesmo era a sua gentileza, a forma de como cumprimentava todos na redação. Outra marca de Alfredo era o fato de está sempre muito bem vestido, de roupa social e gravata, impecável. Isso era muito marcante. Tem pessoas que são muito marcantes. Alfredo Menezes era uma dessas pessoas.
Embora ele não fosse de muita conversa pelos corredores, ele nutria ato de carinho especial com todos, a prova disso é que mesmo ele já estando aposentado, nós já não tínhamos mais tanto contato, e mesmo assim, ele foi assistir a um filme que tinha feito. O filma tratava da trajetória de José Louzeiro (1932-2017), escritor e jornalista maranhense, colaborador do jornal, e obviamente que Alfredo o conheceu. Achei um gesto tão carinhoso, de tanta consideração, foi realmente muita consideração para comigo.
(Noite de homenagem a José Louzeiro: Academia Maranhense de Letras exibe no dia 13 de junho de 2019 o curta-metragem José Louzeiro: Depois da Luta, da cineasta Maria Thereza Soares e da pesquisadora e argumentista Bruna Castelo Branco).
Uma referência: Dentre tantas referências de Alfredo, a mais marcante era o Vasco. Sempre que nascia o filho de um dos colegas de trabalho aqui da redação, o presente que ele dava eram presentes do Vasco, eram toalhas, redes, independente de a pessoa torcer por outro time ou não, seus presentes eras lembranças do Vasco. Eu me lembro da Carla, ela é flamenguista, e quando seu bebê nasceu ele trouxe uma rede do Vasco, mas ela adorou a rede. Foi um gesto de carinho. Era uma marca dele. Outro fato que lembro muito é quando tinha jogo do Vasco da Gama, (risos) e nós tínhamos a mania de ficar atentando seu Alfredo, principalmente quando o time dele jogava com o Flamengo. Mas quando o Vasco fazia um gol, ele vibrava muito dentro da redação. Era muito engraçado, porque nós já esperávamos essa explosão dele.
Mensagem: Eu acho uma pena para quem está começando não ter mais essa referência aqui no Jornal. Alfredo era um grande nome do esporte e era uma pessoa extremamente solidária a ponto de compartilhar a seu conhecimento com os demais colegas novatos que chegavam à redação. É um nome muito importante da história recente do esporte do Maranhão. Fiquei muito contente que uma das cabines do Nhozinho Santos leva o nome dele. É um nome que não pode ser esquecido. Que seu legado seja eternizado assim, nas referências esportivas mesmo, que era onde ele atuava, e atuava muito bem.
Assenção Pessoa. Professora, escritora. |
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